CRÍTICA – Batman: Ego (2000, DC Comics)

    Em momentos como esse… no frio e nas trevas, eu sinto que estou perdendo o rumo, que a cidade a qual me entreguei ameaça me esmagar com o fardo do meu compromisso com ela.” (Bruce Wayne/Batman)

    Ego é conceito criado por Sigmund Freud como um dos pilares fundamentais da psicanálise. Em linhas bem gerais, o ego é uma parte de nosso subconsciente, responsável pela razão e pelo equilíbrio do nosso “querer-ser” com o nosso “dever-ser”, ou seja, é ele quem decide o certo e o errado, racionalmente falando. Esse termo não poderia ser mais adequado para servir como título criado pelo lendário quadrinista Darwyn Cooke (The Spirit, Catwoman).

    SINOPSE

    O icônico traço do artista vencedor do prêmio Eisner, Darwyn Cooke, retorna com uma das suas melhores interpretações do Homem-Morcego. O melhor da arte e roteiro de Cooke nitidamente em uma das suas grandes fases! A história recepciona novos e velhos leitores de todas as idades, com o Cavaleiro das Trevas enfrentando uma variada gama de obstáculos, mas finalmente parando naquele que viria a ser seu maior inimigo: o seu próprio subconsciente.

    ANÁLISE

    A história é focada quase que somente em Batman e seu interlocutor, os quais travam uma intensa discussão sobre a conduta e o futuro do Cavaleiro das Trevas, inclusive trazendo à tona os diversos sucessos e fracassos de sua carreira. Ambos os lados apresentam fortes argumentos para defender seus pontos, e o debate vai escalando gradualmente até seu poderoso final. O autor demonstra ter uma grande compreensão da essência do herói e de como seu universo funciona, desconstruindo-o brilhantemente.

    Este não é o Batman que nós conhecemos. Ele é uma entidade que Bruce criou no seu consciente, quando os seus pais foram mortos. Estas duas entidades distintas entram em conflito, no qual Batman acusa Bruce do seu código de moral que segue; critica os métodos que usa e diz os que deveriam ser aplicados para que o crime fosse parado; e questiona a sua verdadeira motivação para continuar a ser o justiceiro noturno.

    A arte de Darwyn Cooke é um dos maiores destaques. Os quadros, as cores, o jogo de luz e sombra, as proporções, tudo é extremamente bem planejado para acompanhar o roteiro e as ideias propostas. Expressões faciais e corporais dos personagens enquanto lê: somente elas já comunicam tanto quanto os próprios diálogos. Aliás, seu estilo remete ao de Bruce Timm, responsável pelo design das animações da Warner pertencentes ao selo DC Animated Universe.

    VEREDITO

    Batman: Ego é uma obra que até certo tempo recebeu pouca notoriedade, mas após Matt Reeves, diretor de The Batman, confirmar que a HQ de Cooke foi a sua inspiração para a trama protagonizada por Robert Pattinson, a busca pela história alavancou de forma estrondosa.

    O roteiro e traço de Darwyn Cooke traz toda sua originalidade com uma história diferente de todas as outras já publicadas. Explorando um outro lado do personagem, o seu psicológico, a dualidade de Batman e Bruce Wayne, e o conflito interno de quem é a verdadeira personalidade dominante, o ser que exerce a justiça pelas ruas de Gotham e o homem atormentado pelo seu próprio passado. Assim, o conto se torna um material indispensável para qualquer fã do morcego.

    Nossa nota

    5,0 / 5,0

    Autor: Darwyn Cooke

    Editora: DC Comics

    Páginas: 64

    No Brasil a HQ foi publicada originalmente em junho de 2003 pela editora Mythos com o mesmo título e depois em maio de 2021 pela editora Panini com o título Batman: Ego e Outras Histórias.

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