CRÍTICA – Judas e o Messias Negro (2021, Shaka King)

    Judas e o Messias Negro é um filme dirigido por Shaka King e estrelado por Daniel Kaluuya e Lakeith Stanfield, ambos de Corra!.

    SINOPSE

    William O’Neal (Lakeith Stanfield) é um ladrão de carros que tenta um roubo malsucedido. Ao ser pego pela polícia, ele agora tem a missão de se infiltrar nos Panteras Negras e derrubar seu líder, Fred Hampton (Daniel Kaluuya). Entretanto, a mensagem de Hampton é poderosa e ecoa até hoje, será que Will se manterá firme em seu objetivo?

    ANÁLISE

    Judas e o Messias Negro é um filme pesado, pois sua mensagem apresenta uma escalada de violência sufocante nos ano 60 dos Estados Unidos, época sombria na qual a segregação era muito forte.

    O formato é muito próximo de Infiltrado na Klan, dirigido por Spike Lee, pois mostra um homem que entra num grupo de destaque e vai ficando imerso naquele local. Aos poucos William vai abraçando a causa dos Panteras, se tornando parte daquele contexto.

    O roteiro é cruel, uma vez que promove uma realidade dura de racismo escancarado e brutalidade policial. A questão da polícia é tão forte que não só os movimentos negros são prejudicados, pois até mesmo supremacistas brancos se sentem atacados pela corporação e pelo Estado, se juntado de forma até incrível às minorias.

    A direção é competente e consegue impactar, principalmente nas cenas de violência, nos deixando aflitos em diversos momentos. As atuações são incríveis, pois tanto Lakeith Satnfield, Daniel Kaluuya e Jesse Plemons demonstram uma excelência em seus papéis.

    Judas e o Messias Negro (2)

    O personagem de Lakeith é emocionalmente perturbado, uma vez que tem sonho de grandeza e nunca teve nenhum interesse anteriormente sobre a causa. O fato dele ir evoluindo seu poder e influência auxilia na construção dele.

    Kaluuya já atua mais como líder carismático e com muita força política. Suas falas incitam os membros dos Panteras Negras e ele tem um domínio em suas palavras para trazer movimentos improváveis para seu lado, por exemplo. Já Plemons é frio e calculista, pois tem o único objetivo de derrubar o movimento.

    CONTEXTO POLÍTICO DE JUDAS E O MESSIAS NEGRO

    Sobre o trabalho de Shaka King, diretor e roteirista, ele nos apresenta uma faceta inédita dos Panteras Negras. A abordagem é forte, pois o cineasta quer dizer ao público que por mais que a causa seja nobre, os Panteras tinham seus ideias combativos exacerbados. A polícia tem papel fundamental nesta guerra, uma vez que era abertamente contra as minorias.

    A influência da força policial é mostrada de forma veemente, colocando-os como matadores de aluguel do governo estadunidense. A carta branca veio assinada por John Edgar Hoover, interpretado por Martin Sheen de forma intensa, com uma maquiagem impressionante.

    A segregação e a escalada dos movimentos de extrema-esquerda eram vistos como fatores determinantes contra a reputação do “American Way“, ou seja, o medo dos brancos de classe média alta fez com que as minorias fossem taxadas de terroristas, algo muito bem explanado por King.

    VEREDITO

    Judas e o Messias Negro é um filme poderoso e que traz um dos maiores movimentos políticos da história mundial de forma nua e crua. Com excelentes atuações, bom roteiro e direção, o longa pode pintar como uma surpresa agradável nas premiações, uma vez que tem valores sensacionais em suas duas horas de duração.

    Nossa nota

    5,0 / 5,0

    Assista também nosso Dossiê Feededigno sobre Lakeith Satnfield:

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