A Lei Seca dos Estados Unidos, ou Prohibition, que durou de 1920 até 1933, foi um período em que a produção, o transporte e o consumo de bebidas alcoólicas eram vetados por todo o território norte-americano. É neste contexto, mais especificamente no ano de 1930, que se passa em Os Intocáveis, filme dirigido por Brian De Palma.
SINOPSE
Na Chicago dos anos 30, o jovem agente federal Eliot Ness (Kevin Costner) tenta acabar com o reinado de terror e corrupção instaurado pelo gângster Al Capone (Robert De Niro). Para isso, ele recruta um pequeno time de corajosos e incorruptíveis homens e conta com a ajuda do experiente policial Jim Malone (Sean Connery).
ANÁLISE
Os quatro são destemidos e remam contra a maré para expurgar a escória da sociedade, para fazer valer a lei. De Palma habilmente divide os personagens entre os bons e os maus para, aos poucos, relativizar essa classificação restritiva, mostrando que nem sempre é possível vencer a batalha sem sujar as mãos de sangue. E os dramas humanos explorados pelo roteiro não se submetem à técnica, mas são engrandecidos por ela, seja para ressaltar a aventura, o sucesso ou mesmo a tragédia no caminho dos que lutam contra as probabilidades.
Aqui, Brian De Palma faz uma reconstituição incrível da época, com todo o visual, o contexto histórico e personagens reais são retratados, num roteiro empolgante com um bom desenvolvimento.
Aspectos técnicos mais comuns também são um bom destaque de Os Intocáveis. Principalmente a fotografia e a trilha sonora. O filme conta com uma boa variação de cenas entre uma Chicago suja à noite e boas cenas diurnas. Ennio Morricone (sim, ele mesmo, o dono da canção de Três Homens em Conflito) fez todo o trabalho para as músicas originais. Elas vêm cheias de tensão e combinam perfeitamente com a montagem aguçada do filme. A montagem, aliás, é fenomenal, e tem como seu ponto forte a cena já supracitada, porém há outras cenas menores que também são pequenas pérolas. O estilo de De Palma é sempre marcante, sobretudo quando ele investe em boas tomadas de longos travellings.
Sean Connery também está marcante no filme, um policial veterano que atua como guarda, vai ajudar Ness a capturar Capone. Ele está como braço direito de Eliot Ness e lhe dando conselhos de como trabalhar nesta missão e ser bem sucedido. Connery recebeu um Oscar de Melhor Ator Coadjuvante por sua atuação, único de sua carreira.
O ator Robert De Niro proporciona uma de suas grandes performances da carreira com uma representação embasbacante de Al Capone. O vilão sarcástico, cruel e arrogante ganha a cena sempre que aparece em tela. Infelizmente, ele funciona apenas como um plano de fundo para os heróis do filme, suas cenas geralmente são rápidas, mas, puxa, elas fazem valer cada segundo. De Niro não tem tanto tempo no filme como em O Poderoso Chefão – Parte II ou Os Bons Companheiros, mas não está menos digno do que nesses papéis. Com uma maquiagem inspirada (perdeu parte do cabelo), a dedicação do ator foi tão perfeccionista que ele insistiu em utilizar o mesmo tipo de roupa de baixo que Al Capone costumava utilizar na vida real, ainda que, em nenhum momento, ela apareça no filme.
Mas a principal característica de Os Intocáveis está na forma extremamente estilizada com que o universo e os personagens que o habitam são retratados. A câmera de Brian De Palma é de um esplendor invejável, contando com movimentos elegantes e enquadramentos econômicos e memoráveis.
VEREDITO
Os Intocáveis é um filme impecável em sua produção, com um excelente elenco, que também está em ótima forma e sintonia, contando uma história de um dos personagens mais emblemáticos do cenário gângster. Todas as cenas são belamente construídas, principalmente as mais violentas, com muito uso de câmera lenta e uma trilha sonora que embalar ainda mais no desenrolar da história.
4,0 / 5,0
Assista ao trailer:
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