CRÍTICA: ‘Assassin’s Creed: Shadows’ é jornada multifacetada, digna do cinema japonês

    A era de ouro do cinema japonês costumava apresentar jornadas sobre ganância, honra, vingança – mas este último, parece ter sido um dos aspectos que mais marcou este movimento do cinema. A jornada de Assassin’s Creed: Shadows não é diferente. Vemos uma jornada multifacetada que nos lançará por uma jornada rica em detalhes por todo o Japão.

    Como o 13° game da franquia principal, acompanhamos as jornadas de Naoe e Yasuke que ao longo da história se misturam e nos apresentam um panorama de uma era de conflitos – que o moldariam para a potência que eventualmente ele viria a ser.

    Ambientado em 1579, um período histórico que constantes mudanças acabavam por borrar as linhas do que era certo e errado. Mas no meio disso tudo, havia sempre a morte de inocentes. No começo do século XVI – momento em que as barreiras do Japão tradicional foram derrubadas -, testemunhamos a chegada dos primeiros europeus no país, os Portugueses, que levam ao país a primeira arma de fogo e muita da sua violência característica foi “instaurada.”

    Atuando à margem do Xogunato e se aproveitando dos conflitos, os portugueses usaram o país como um de seus parceiros comerciais e intermediaram negócios com a China.

    “Ah, Bruno, mas por quê um preâmbulo tão longo sobre a chegada dos portugueses no Japão?”

    A chegada de Yasuke, o samurai desta história se dá com a chegada dos jesuítas no país. A partir daí, a vida de Oda Nobunaga, Naoe e outros personagens da história mudam para sempre. Prontos para mergulhar nas sombras?

    VIVER NAS SOMBRAS, OU ATACAR DE FRENTE?

    Shadows

    Jogar como uma shinobi ou um samurai, tem impactos completamente diferentes do que estamos acostumados. Em um primeiro momento, me senti mais a vontade de jogar com Naoe pela facilidade em explorar. Desde saltar, escalar ou usar o gancho, facilita muito a exploração do enorme mapa da Ubisoft. Mas jogar com Yasuke é sem igual em combate.

    Gosto de pensar que a jogabilidade de Naoe é semelhante à dos primeiros jogos de Assassin’s Creed até Revelations. Mas jogar com Yasuke se assemelha com a jogabilidade de Origins em diante. Os golpes brutais do gigante samurai são capazes de destruir tudo. Desde portões trancados até barreiras de enormes inimigos.

    Se você optar por jogar com qualquer um dos dois, terá diferentes experiências. O que é ótimo.

    As linhas narrativas dos dois personagens exigem que eles sejam usados. O que torna o game dinâmico.

    Com uma árvore de objetivos enorme, viajamos por um Japão feudal ao passo que somos guiados por um mundo repletos de perigos que podem fazer com que essa árvore só aumente.

    COMBATE, DINÂMICAS E HISTÓRIA

    Shadows

    Como Naoe, o combate se dá por meio de inúmeras armas diferentes. Bem como habilidades capazes de destruir inimigos fracos e fortes com rápidos golpes. Seja munida de katanas, tantos, kurasigama, ou até mesmo kunais e shurikens, usaremos todas as nossas habilidades de infiltração para dominar castelos, obter tesouros e até mesmo abrir caminho para a passagem de Yasuke – dependendo da situação.

    Já no controle de Yasuke, usaremos katanas longas e naginatas para curta distância. Já para média-longa distância, usaremos arco e até mesmo um teppo – este último, precisa de tempo para recarregar em combate, o que pode não ser tão benéfico.

    Continuando como um RPG em seu cerne, Shadows nos causa mais satisfação do que momentos de “ah, mais do mesmo?”. Equipamentos ainda oferecem vantagens de acordo com o que é equipado.

    Shadows

    Com dinâmicas que mudam a todo o tempo, a árvore de habilidades agora se chama de “Maestria,” e para tal, é necessário nível de classificação de conhecimento mais alto conforme progredimos na história. Sendo realmente necessário “maestria”.

    Com um crescimento de mundo considerável, temos aqui um dos maiores mapas da franquia. E aqui é onde vem o ponto negativo do game.

    O ponto de observação não nos oferece uma “abertura” como nos games anteriores. De modo que é necessário muito mais exploração para abrir todo o mapa do que em outros games.

    Mas algo positivo é o quão fácil é obter pontos de maestria. Obter todas as habilidades pode ser um trabalho, mas também é possível redefinir sua árvore de habilidades a qualquer momento e testar novas estratégias.

    SHADOWS É ACERTO, MAS POSSUI PROBLEMAS

    Shadows

    Como uma história de vingança, legado e honra, a jornada de Naoe e Yasuke se misturam a todo o tempo. Reunindo inimigos, amigos e uma jornada rica em detalhes, aqui, avançamos realizando atividades extras que só aumentarão nossa sensação de completude, de um mundo vivo e rico.

    Realizando atividades como Kuji-kiri, Kata e arquearia montada e sumi-ê, vemos um mundo em constante expansão, enquanto o descobrimos. Diversão e exploração aqui, são sinônimos com Naoe. Enquanto combate e ação desenfreada é o mesmo para Yasuke. Com um sistema de estações, o mundo do game está sempre mudando. Ou seja, se esconder na grama alta talvez não seja sempre a única saída.

    Com um esconderijo em constante crescimento, é possível ver como parceiros são importantes nesta jornada. Mas não apenas ele. Com um sistema que se assemelha em partes ao de Assassin’s Creed Brotherhood, nossa equipe possui batedores que garantem uma vantagem relacionada a exploração e à obtenção de recursos.

    Shadows

    Enriquecendo ainda mais as histórias de Naoe e Yasuke, é possível testemunhar o amadurecimento e crescimento dos personagens a cada um dos arcos. Mas também o desenvolvimento do mundo em constante expansão.

    Conforme o game ganha curvas de um Assassin’s Creed de verdade, a Ubisoft parece entender aqui – em partes -, que tamanho de mapa não é tão importante quanto uma história rica em detalhes.

    As muitas faces de Shadows ganham um tom cinematográfico a cada parte da exploração. Seja nos abates aos inimigos, aos pontos de observação, até mesmo o violento avanço de Yasuke e a silenciosa trilha de inimigos mortos deixada por Naoe. Inimigos impiedosos serão desafios em meio a uma jornada repleta de personalidade. E em um mundo em que áreas, inimigos e tudo mais é possível.

    SISTEMAS DE RPG COM ARES DE AVENTURA

    Em uma aventura em que tudo possui nível, é necessário estar sempre um passo a diante dos desafios. Seja dos inimigos em determinadas áreas, até mesmo para os equipamentos, se faz necessário obter o máximo de XP possível antes de prosseguir – estando sempre atento aos limites das áreas.

    Assassin’s Creed: Shadows dá ao game um tom muito mais de aventura do que de RPG ao que se propõe.

    Avançando por inúmeras estradas, escalando encostas de montanhas e nadando por lagos, rios e mares, ouso dizer que Shadows é o game da franquia que se aproveita menos do elemento de parkour pelo qual a franquia é tão conhecida.

    Com elementos dos games tradicionais da franquia que permeiam nossa jornada, viajar por um Japão Feudal no controle de Naoe e Yasuke é tão satisfatório quanto os games que nos fizeram apaixonar pela franquia como a primeira, segunda, terceira vez.

    Nossa nota

    4,5 / 5,0

    Confira o trailer do game:

    Assassin’s Creed: Shadows será lançado em 20 de Março para PlayStation 5, Xbox Series X e PC.

    Acompanhe as lives do Feededigno no Youtube.

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