Alfred Hitchcock: Conheça o diretor e seus 10 melhores filmes

    Quando falamos em clássicos do suspense, já pensamos imediatamente nele, Alfred Hitchcock. Mas o diretor também era conhecido como o gênio do marketing por saber explorar sua própria imagem, transformando-se em um personagem público. Um personagem que acabou se tornando um dos maiores diretores da história do cinema e referência na área do audiovisual em todas as categorias existentes.

    Alfred Joseph Hitchcock nasceu no bairro de Leytonstone, no Nordeste de Londres, Inglaterra, no dia 13 de agosto de 1899. Era filho de William Hitchcock e Emma Jane Wehlan, donos de um comércio de frutas e verduras.

    Hitchcock recebeu de seu pai uma educação rígida e repressiva que marcou profundamente a formação de seu caráter e de sua personalidade. O menino, educado por um sistema rígido e cheio de punições, acostumou-se a ter medo de muita gente – e transformou todos esses anseios em cenas para as telonas.

    O PRIMEIRO CONTATO COM O AUDIOVISUAL

    Em 1915, Alfred começou a trabalhar na Henley Telegraph and Cable Company, sendo que já em 1919, aos 20 anos, começou sua carreira no cinema ao conseguir um emprego de designer de intertítulos no estúdio da Players-Lasky, em Londres. Lá ele aprendeu a roteirizar, editar e também direção de arte; e em 1922 se tornou assistente de direção.

    INÍCIO DE CARREIRA 

    Em 1923, Hitchcock atuou na codireção do filme Always Tell Your Wife e colaborou no filme Mrs. Peabody, que foram suas primeiras experiências cinematográficas. Nos estúdios, conheceu Alma Reville e logo estavam trabalhando juntos na produtora Gainsbouroug Pictures.

    Em 1925 teve suas primeiras oportunidades como diretor com The Pleasure Garden, The Mountain Eagle e The Lodger: A Story of the London Fog que foi o seu ingresso no suspense. Os filmes foram sucesso de público e crítica. Neles, Alfred Hitchcock aparecia entre os figurantes sem ser incluído no roteiro, o que mais tarde virou rotina do cineasta.

    OS 10 MELHORES FILMES DIRIGIDOS POR ALFRED HITCHCOCK

    Rebecca: A Mulher Inesquecível (1940)

    Uma jovem de origem humilde (Joan Fontaine) se casa com um riquíssimo nobre inglês (Laurence Olivier), que ainda vive atormentado por lembranças de sua falecida esposa. Após o casamento e já morando na mansão do marido, ela vai gradativamente descobrindo surpreendentes segredos sobre o passado dele.

    Apesar de Hitchcock ser o mestre do suspense, Rebecca: A Mulher Inesquecível talvez seja o filme que mais mescla o drama e o romance ao estilo característico e preferido do diretor, os personagens são promissores, profundos, enigmáticos e bem desenvolvidos. O roteiro não deixa nada sem auto explicação e tem um desfecho excelente, se consolidando como mais uma grande obra do cineasta.

    Festim Diabólico (1948)

    Dois amigos (Farley Granger e John Dall) caçadores de aventura estrangulam seu colega de classe e organizam uma festa para a família e amigos da vítima, servindo refeições em uma mesa que na verdade é um baú que guarda o cadáver dele. Quando a conversa do jantar gira em torno do assassinato perfeito, o ex-professor (James Stewart) fica cada vez mais desconfiado que seus alunos converteram suas teorias intelectuais em uma realidade brutal.

    O filme possui a sublime direção de Alfred Hitchcock, uma câmera que passeia pelo cenário num longo plano-sequência, diálogos e takes irônicos que fazem o telespectador abrir um sorriso, visto que sabe o que ocorreu.

    O clima tenso se instaura durante todos os minutos do longa. Uma obra obrigatória para todos os fãs do suspense.

    PUBLICAÇÃO RELACIONADA – TBT #172 | Festim Diabólico (1948, Alfred Hitchcock)

    Pacto Sinistro (1951)

    Dois completos desconhecidos concordam em matar alguém de quem o outro quer se livrar. O aristocrata Bruno Anthony (Robert Walker) encomenda a morte do seu odioso pai, e o jogador de tênis Guy Haines (Farley Granger) quer se divorciar da mulher para se casar com a filha do senador. Supondo que Bruno matasse a esposa de Guy e em troca, Guy assassinasse o pai de Bruno, não haveria conexão entre os assassinos e suas vítimas e no momento das mortes os interessados teriam álibis que os deixariam livres de qualquer suspeita.

    Ao chegar no seu destino Guy se despede de Bruno, sem pensar mais na teoria homicida dele, que considerou uma piada. Mas Bruno em sua loucura entendeu que havia um pacto entre eles. Em pouco tempo Miriam é estrangulada e agora Bruno quer que Guy mate seu pai e cumpra sua parte no acordo.

    É incrível como o diretor sempre utiliza as mesmas táticas que sempre funcionam, como dividir os acontecimentos para criar tensão nos momentos certos. Além disso, o filme possui uma das grandes sacadas do cineasta: a sua variedade de ângulos.

    Disque M Para Matar (1954)

    Em Londres, um ex-tenista profissional (Ray Milland) decide matar sua mulher (Grace Kelly), para poder herdar seu dinheiro e também como vingança por ela ter tido um affair um ano antes, com um escritor (Robert Cummings) que vivia nos Estados Unidos mas que no momento está na cidade. Ele chantageia um colega de faculdade para estrangulá-la, dando a entender que o crime teria sido cometido por um ladrão. Mas quando algo sai muito errado, ele vê uma maneira de dar um rumo aos acontecimentos em proveito próprio.

    A atmosfera de confinamento é sobremaneira teatral, mas a realização é puramente cinematográfica. É um dos mais prestigiados suspenses de Hitchcock, o cineasta fez uso de mais um plano-sequência memorável disfarçando os pontos de corte. Lembrando que 10 minutos era a duração média do rolo de um filme na época.

    Janela Indiscreta (1954)

    Em Greenwich Village, Nova Iorque, L.B. Jeffries (James Stewart), um fotógrafo profissional, está confinado em seu apartamento por ter quebrado a perna enquanto trabalhava. Como não tem muitas opções de lazer, vasculha a vida dos seus vizinhos com um binóculo, e em um desses momento, acaba vendo alguns acontecimentos que o fazem suspeitar que um assassinato foi cometido.

    Espirituoso, cheio de suspense, triste, engraçado e sábio, o filme confronta uma plateia com sua cumplicidade nas histórias que vê, mas também trabalha em um dos grandes confrontos entre heróis e assassinos. É um suspense de tirar o fôlego em algumas partes e consegue também ser cômico. Trata de casamentos e relações amorosas de um jeito inimaginável, e sendo formidável, com uma sutileza e precisão impressionantes. Os personagens são carismáticos e as interpretações excelentes, gerando mais um clássico do cinema.

    Ladrão de Casaca (1955)

    Cary Grant empresta seu charme para viver John Robie, também conhecido como “Gato“. Célebre ex-ladrão de joias, ele está na Riviera Francesa quando uma onda de roubos toma conta do balneário. O problema é que o ladrão utiliza o mesmo estilo dos assaltos de Robie. Convencido de que alguém quer incriminá-lo, ele dribla a polícia e tenta encontrar o impostor antes que vá parar atrás das grades. Mas antes precisa fazer com que a viúva rica acredite nele.

    Foi nos bastidores deste filme, com cenas rodadas em Mônaco, que a musa loira de Alfred Hitchcock, Grace Kelly, conheceu o príncipe Rainier III, que a faria abandonar a carreira de atriz. O filme é a prova que não é necessário locações mirabolantes como Estátua da Liberdade ou Monte Rushmore para se contar uma boa história. Aqui, Hitchcock só precisou do cenário de um apartamento para manter uma ótima trama de suspense até o final, com um roteiro baseado em uma peça teatral inteligente e ágil.

    O Homem Que Sabia Demais (1956)

    Durante suas férias no Marrocos, Ben McKenna (James Stewart), um médico, e sua família se envolvem acidentalmente em uma trama internacional de assassinato, quando um moribundo fala ao ouvido de Ben algumas palavras. Para impedi-lo de denunciar a trama à polícia, os conspiradores resolvem então sequestrar seu filho, assim, o casal segue as pistas até Londres e enfrenta situações desesperadoras pelo caminho.

    A maior surpresa da trama é o ator James Stewart usando muito bem o talento cômico e fazendo humor físico. Repleta de suspense e de possibilidades, aqui está a arte de contar história sem a necessidade de palavras. Ou como a trilha sonora também pode ser um personagem. Uma das mais deliciosas e fascinantes brincadeiras de metalinguagem do cinema.

    Um Corpo Que Cai (1958)

    Em São Francisco, um detetive aposentado (James Stewart) que sofre de um terrível medo de alturas é encarregado de vigiar uma mulher (Kim Novak) com possíveis tendências suicidas, até que algo estranho acontece nesta missão.

    Esse é considerado um dos filmes favoritos dos fãs do cinema. Isso porque além das atuações magistrais, a ambientação, trilha sonora e fotografia também possuem a mesma qualidade máxima. Principalmente quando levamos em contato a limitação que a tecnologia da época apresentava. E ainda, o filme é tão genial que há muitas possibilidades de interpretação.

    Psicose (1960)

    A secretária Marion Crane (Janet Leigh) quer mudar de vida e rouba US$ 40 mil da imobiliária em que trabalha. Durante sua fuga, ela se hospeda em um hotel de beira de estrada, que é administrado pelo esquisito Norman Bates (Anthony Perkins), que diz viver no local com sua mãe.

    A cena em que Marion é assassinada no banheiro é sem dúvidas uma das mais marcantes da história do cinema, sobretudo por conta da trilha sonora de Bernard Hermann. Isso sem contar que foi uma grande ousadia eliminar a protagonista na metade da trama e segurar a narrativa em ritmo de tensão crescente até o final.

    Os Pássaros (1963)

    Os Pássaros

    Melanie Daniels (Tippi Hedren), uma jovem da cidade de São Francisco, vai até uma pequena cidade isolada da Califórnia, chamada Bodega Bay, atrás de um potencial namorado: Mitch Brenner (Rod Taylor). Mas na cidade começa de repente a acontecer fatos estranhos: pássaros de todas as espécies passam a atacar a população, em número cada vez maior e com mais violência, deixando todos aterrorizados.

    A tensão física e psicológica alcançada por Alfred Hitchcock é carregada de simbolismos, tanto para refletir o clima político da Guerra Fria quanto para representar a impotência do homem diante da força da natureza.

    PUBLICAÇÃO RELACIONADA | TBT #130 – Os Pássaros (1963, Alfred Hitchcock)

    BÔNUS: AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DE UM FILME DE HITCHCOCK

    Momentos silenciosos

    Ele começou no cinema como criador das legendas que simulavam diálogos em filmes mudos. Foi assim que aprendeu como causar emoções no público mesmo sem diálogo – só com enquadramentos e cortes precisos. Um exemplo? Festim Diabólico (1948), obra já citada nesta lista.

    Aparições especiais em seus filmes 

    O diretor fazendo uma breve aparição em seu filme Janela Indiscreta, 1954.

    Alfred Hitchcock sempre aproveitava a oportunidade de fazer uma pequena participação nos filmes em que dirigia. É possível notar sua presença pelo menos em 20 dos mais de 40 filmes que produziu. Porém, parece mais uma assombração, de tão rápido, e o intuito, era fazer o close, mas não tirar a atenção do público.

    Objetos insignificantes

    O cineasta criou um recurso até hoje usado por roteiristas: o MacGuffin. Assim ele chamava qualquer objeto comum, que só servia para dar um objetivo ao protagonista e gerar suspense, como o microfone secreto que causa a perseguição ao herói de Intriga Internacional (1959). Mas é irrelevante: quando a trama avança, pode até ser deixado de lado.

    E foi com esses elementos, obras, parcerias e complementos cinematográficos que o lendário Alfred Hitchcock ergueu uma obra cultuada até os dias de hoje, onde se tornou uma das personalidades mais influentes do entretenimento.

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