CRÍTICA – Corra! (2017, Jordan Peele)

    Corra! (Get Out) é a estréia na direção do comediante Jordan Peele. O elenco conta com Daniel Kaluuya (Black Mirror) e Alisson Willians (Girls). Na trama, o jovem negro, Chris, acompanha sua namorada branca, Rose, para conhecer seus pais no interior, mas as aparências enganam e Chris se encontra em um grave mistério envolvendo a família.

    Corra! apresenta atuações excelentes: em especial de Daniel Kaluuya. O jovem é uma revelação. Seu bom desempenho em Black Mirror e Sicário mostraram apenas a superfície de suas habilidades como ator. Em Corra! seu trabalho emocional é muito cativante e as suas reações em diversos momentos espelham os sentimentos do espectador. Esse também é um ponto positivo para o roteiro, que constrói diálogos brilhantes nos quais o elemento crítico flui de forma orgânica, e os momentos de humor não diminuem o ritmo tenso, mas sim intensificam alguns acontecimentos futuros.

    A composição de cena e a trilha sonora colaboram para estabelecer o suspense; alguns elementos musicais assombrosos são na maneira como encaixam no desenrolar da história. A fotografia é fértil, o longa apresenta belos planos-sequência tensos e bem executados, assim como composições de cena e enquadramentos que oferecem informações adicionais e colaboram para a construção de locais e personagens. Um trabalho artístico refinado e cuidadoso.

    A narrativa flutua entre o humor satírico com foco racial (lembra alguns esquetes de Trevor Noah no comando do The Daily Show) e o suspense paralisante. A crítica social envolvida não é nada sutil e funciona perfeitamente com a dinâmica construída aqui.

    Peele subverte expectativas. Seus diálogos apresentam frases esdruxulamente racistas e desconfortáveis de ouvir, vindas de uma elite branca democrata “que votaria no Obama para um 3º mandato”. Algumas situações propostas se tornam surreais e distintamente cômicas em suas mãos competentes, mas seguem carregadas de um realismo latente. Em retrospecto, os diálogos são ainda mais arrepiantes. Esse é um filme que vale a pena assistir uma segunda vez!

    No que diz respeito ao suspense, não existe muita novidade na fórmula. Porém, a subversão é mais uma vez utilizada de forma inteligente para construir uma trama que poderia ser clichê, mas se torna eletrizante. Apesar de uma ou duas cenas que se desenrolam de forma óbvia, Corra! É um forte concorrente a melhor do ano, e ainda estamos em maio!

    Avaliação: Ótimo

    Confira o trailer:

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