CRÍTICA – Time (2020, Garrett Bradley)

    Mais uma indicação ao Oscar 2021 sendo trazida para vocês. E olha que esta é de peso. Time é um documentário americano trazido a nós pela Amazon Prime Video que relata a história de Sibil Fox Richardson cuidando de sua família e batalhando a liberdade de seu marido que cumpre pena por um assalto à banco.

    O filme foi lançado no Festival de Cinema de Sundance, onde Garrett Bradley ganhou o Prêmio de Direção, sendo a primeira americana negra a conquistá-lo.

    SINOPSE

    Nesta íntima e épica história de amor filmada através de duas décadas, a indomável matriarca Fox Rich batalha para criar seus seis filhos e manter junta a família, à medida que ela luta pela liberação do marido da Penitenciária Estadual de Louisiana, conhecida como Angola.

    “Tempo é o que você faz dele”

    O longa tem uma premissa direta. Retratar o período de tempo da vida de Sibil Fox Richardson, ou Fox Rich como é conhecida, e de sua família, desde a prisão de seu marido, Robert, e sua luta por liberdade. Sobretudo, Time é sobre uma referência: uma mulher, negra, mãe, que suportou vários desafios por amor à sua família e ao sonho de vê-la (re)unida.

    No início somos apresentados à situação que culminou no tema do documentário: Fox e seu marido roubaram um banco. Ela foi condenada a pouco mais de três anos de prisão, enquanto Rob recebeu pena de 60 anos. Desde então, ela luta na justiça por uma redução de pena e pela chance de ter sua família completa, em casa, novamente.

    “O tempo é influenciado pelas nossas emoções”

    O documentário é todo em preto e branco, provavelmente para evidenciar que a edição é feita a partir de um apanhado de gravações e imagens do arquivo pessoal de Fox Rich, as quais ajudam a retratar sua história.

    Mas me permito observar que, talvez, a escolha por esta paleta tão básica não se deva apenas à proposta anterior, mas sim para evidenciar o cansaço e a gravidade da história. Frases e depoimentos de Fox e seus filhos, durante o desenvolvimento, denotam o esforço da família em persistir e manter as esperanças.

    Time é um documentário sobre a vida de Fox Rich e suas batalhas para superar adversidades, criar uma família e libertar seu marido.

    Não são poucos os momentos em que Fox é retratada em contato com advogados, secretários, juízes e outros agentes do sistema. Nessas situações, fica nítido o esforço para manter a cordialidade, a desesperança por saber que seus interlocutores não se importam realmente com sua situação, e a necessidade de manter as expectativas mesmo quando tudo não vai bem (sempre).

    “O tempo é imparcial. O tempo é perdido. O tempo voa”

    Apesar do roubo, da prisão e da longa pena serem os eixos do filme, poucos detalhes são dados ao espectador. O documentário acaba focando mais na luta de Fox e na construção do símbolo que ela se tornou. Para alguém alheio ao caso, e por se tratar de um documentário, podem surgir críticas no sentido da falta de informação detalhada sobre o processo e o julgamento.

    Ainda assim, é nítido que Garrett Bradley quis de fato dar luz à batalha da própria Sibil, especificamente, suportando adversidades e batendo de frente com todas elas. Time é um documentário que em nenhum momento se preocupa em querer trazer outros pontos de vista. Ele é sobre a visão e a vida de Fox Rich, neste período de tempo de aproximadamente 20 anos.

    Mas não só isso. Time é também sobre as falhas do sistema carcerário estadunidense, a força feminina, fé e amor. Sem dúvidas, é também a respeito de racismo, mas mais ainda sobre uma batalha para suplantar esse racismo.

    VEREDITO

    Entendo quem reclama da parcialidade do documentário, mas entendo também que a forma como a história, os fatos e as imagens são trazidas se propõem a algo maior. Evidentemente não é uma obra para trazer juízo de valor a respeito dos fatos e das circunstâncias. Time é uma obra apaixonada que trata principalmente sobre amor e resiliência.

    Nossa nota

    4,5 / 5,0

    Assista ao trailer oficial:

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