Pode ser difícil para alguns jovens, mas os vampiros nem sempre brilharam ao sol e eram os mocinhos. As raízes do conto vampírico vão fundo, e um dos primeiros contos a chegar a um mercado de massa foi um romance de Bram Stoker, lançado em 1897, chamado Drácula, surgindo assim o vampiro mais icônico até os dias de hoje.
Prestes a completar 122 anos, Drácula já teve inúmeras adaptações para as mais diversas mídias, passando pelo cinema, teatro, HQ, games, animações; e algumas das adaptações cinematográficas mais populares do livro de Stoker são Nosferatu (1922) de FW Murnau, estrelado por Max Schreck e Drácula (1931) de Tod Browning, estrelado por Bela Lugosi.
E como o TBT do Feededigno é focado em cinema, falarei da minha adaptação favorita e que para muitos leitores do clássico de Bram Stoker é a que mais se aproxima de sua obra.
Drácula de Bram Stoker foi lançado em 1992 e dirigido pelo lendário diretor Francis Ford Coppola; e em seu elenco temos alguns nomes muito conhecidos: Gary Oldman, Winona Ryder, Keanu Reeves, Anthony Hopkins, Sadie Frost, Richard E. Grant, Cary Elwes e Monica Bellucci.
O ano é, de fato, de 1897, e o advogado Jonathan Harker (Keanu Reeves) está sendo encarregado do trabalho de sua vida. Cabe a Harker fazer a última parte da papelada para garantir as aquisições de imóveis de um empresário romeno influente, mas excêntrico.
Jonathan se despede de sua noiva Mina Murray (Winona Ryder) e se dirige para a Transilvânia para encontrar seu cliente, o recluso Conde Drácula (Gary Oldman).
Drácula acolhe Harker com calor e hospitalidade, mas quando ele vê uma foto de Mina entre os pertences de seu hóspede, ele acredita que ela é a encarnação de sua amada Elizabeta, que cometeu suicídio 400 anos atrás antes de Vlad Tepes (apesar de não citar verbalmente o famoso voivoda da valáquia) ser amaldiçoado e se tornar o tão famoso vampiro da cultura pop.
Como toda adaptação baseada em um livro, existem os muitos cortes e a liberdade criativa do diretor, e Drácula de Bram Stoker não foge a regra. Apesar de não haver a introdução do passado de Drácula, nem a busca pelo seu antigo amor na obra de Stoker, Coppola utiliza-se do contexto para romantizar a história do famigerado Conde. E mesmo com essa liberdade criativa, o filme é até hoje considerada a adaptação mais próxima do clássico livro, que iremos deixar para uma próxima publicação especial.
Voltando ao filme de Francis Ford Coppola, posso dizer que até hoje é o filme em que melhor retrata o pai das criaturas da noite em suas principais formas. Enquanto alguns filmes mais modernos optam por uma estética desbotada, e cada vez mais utilização de CGI, neste filme temos desde incríveis efeitos de maquiagem, até elementos como sombra e movimento da câmera usadas de forma excelente.
A monstruosidade e os poderes da noite são conseguidos através da maquiagem ganhadora do Oscar. O filme concorreu em quatro categorias e venceu três delas, incluindo Melhor Maquiagem e Melhor Figurino. Merecidíssimos.
Até hoje sinto a sensação de medo ao ver a cena de Drácula em suas formas de morcego e lobo.
Gary Oldman é certamente o melhor em cena. O ator tem um carisma natural que impressiona em qualquer papel que ele atue. Seu Drácula faz pleno uso de ambos os aspectos, enquanto ele passa por muitas mudanças fascinantes e às vezes perturbadoras ao longo do filme de Coppola. Ele é o centro magnético em torno do qual o resto do filme gira, e seu trabalho aqui é verdadeiramente impressionante.
Anthony Hopkins também não é desleixado, e contraria a natureza extraterrestre de Drácula com um Van Helsing muito humano e determinado. Contrastando com atuações rígidas e um tanto sérias de Keanu Reeves e Winona Ryder como Jonathan e Mina que podem ser desanimadoras no início; até mesmo Keanu Reeves já revelou que não é uma de suas melhores atuações.
E Sadie Frost dá vida a uma sensual e aterrorizante Lucy Wenstenra saída direto das páginas dos manuscritos de Bram Stoker.
Nos tempos vitorianos, os papéis de homens e mulheres em termos de sexo e sexualidade eram extremamente rígidos e definidos. Drácula de Bram Stoker preserva isso em que os visuais e conteúdo exuberantes do filme frequentemente andam uma linha tênue entre o erótico e o macabro. O efeito é, não muito diferente do próprio personagem, hipnótico e sedutor, atraindo-nos para um mundo que parece antigo, mas familiar, e que se recusa a nos deixar partir.
Drácula de Bram Stoker, tem algumas falhas, incluindo alguns passos errados no ritmo e histórias que podem fazer a trama parecer lotada, mas sua energia e apresentação equilibram esses elementos e o elenco e direção empurram o filme para uma categoria ainda mais positiva.
Não menos importante, o longa de Coppola além de ser uma das melhores adaptações do romance de Bram, também é uma homenagem a seus antecessores. Seus efeitos de sombra são claramente inspirados em Nosferatu de 1922 e a fala “Eu não bebo… sangue” foi dita por Bela Lugosi em Drácula de 1931.
Drácula como personagem pode ser difícil para um público simpatizar, mas o desempenho de Oldman demonstra como conseguir tal façanha. O filme, assim como o personagem, é uma relíquia e é ainda mais encantador e sedutor em uma época onde os efeitos especiais eram muito mais manuais que computadorizados.
Drácula de Bram Stoker, de Francis Ford Coppola é a inquestionável e suprema adaptação do Senhor das Trevas, e a visão de Coppola da história de Stoker continua sendo um dos melhores filmes de vampiros já feitos.
Confira o trailer legendado:
E você, já assistiu? Então deixe seus comentários, sua avaliação e lembre-se de conferir as indicações anteriores do TBT do Feededigno.
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