Inaugurado nos anos 50, o movimento que ficou conhecido como Cinema Novo, nos apresentava o que o cinema possuía de mais político: apresentar a real situação da população brasileira em sua época. Tendo sido influenciado pelo neorrealismo italiano, o cinema brasileiro apresentava narrativas humanas de uma era pós-guerra em que o mundo mudava lentamente. Sendo um dos mais belos movimentos do cinema brasileiro, abordaremos neste TBT a história do nosso país, a história de uma época em que o Rio de Janeiro ainda era a capital do maior país da América Latina, o Brasil. “Rio, 40 Graus” é dirigido por Nelson Pereira dos Santos e nos apresenta uma das mais brilhantes narrativas brasileiras, uma narrativa tão antiga quanto atual.
Contando a história de 5 jovens, vendedores de amendoim, vemos suas vidas sendo perpassadas pelas mais diferentes histórias e narrativas que só o Rio de Janeiro é capaz de proporcionar. Ambientado em pontos turísticos como o Pão de Açúcar, a Orla de Copacabana e o Maracanã, os 5 jovens, moradores do Morro do Cabuçú nos farão testemunhar seus dramas cotidianos. Lançado em 1955, vemos a história dos 5 jovens em uma jornada diária, em busca de seus trocados, alguns deles órfãos, outros com familiares doentes, mas com jornadas tão reais quanto o Rio em que vivem.
SINOPSE
Um dia na vida de cinco garotos de uma comunidade que, em um domingo tipicamente carioca e de sol escaldante, vendem amendoim em Copacabana, no Pão de Açúcar e no Maracanã.
ANÁLISE
Um dos mais imponentes aspectos do Cinema Novo, é seu cunho político e real. Como em Deus e o Diabo na Terra do Sol de Glauber Rocha, vemos neste, um filme tão pé no chão e real quanto o mundo em que é ambientado.
Com aspectos diretamente ligados à uma espécie de cinema marginal que viria a surgir alguns anos depois, Rio, 40 Graus nos lança por uma espiral de acontecimentos que nos ambientam à um dia de calor escaldante no dia de jovens vendedores de amendoim. Moradores do fictício Morro do Cabuçu, que muitos acreditam ser inspirado no Morro da Providência no Rio.
Enquanto vivem seus dias e sonham em comprar uma bola de futebol, os jovens partem bem cedo para suas jornadas diárias: vender amendoim nos pontos turísticos da cidade.
Com uma trilha sonora e atuação de Zé Kéti, acompanhamos no longa a delicadeza necessária para este ser um dos mais imponentes, se não o mais importante do cinema de sua época. Tendo sido o pontapé de um movimento cinematográfico, Rio, 40 Graus teve sua exibição proibida pela censura e é um retrato de uma realidade humana, que até então era excluída e não era vista nas telas do cinema.
VEREDITO
Ao longo do filme, vemos o quão real e pé no chão o filme é. Dando o início a um gênero que viria a ser um dos mais importantes do país, vemos aqui como o cinema deve retratar todas as realidades, seguindo o exemplo do cinema italiano, com seu neorrealismo em Ladrões de Bicicleta (1948), Europa ’51 (1952) e A Estrada da Vida (1954).
Como um retrato dolorosamente real de uma cidade, Rio, 40 Graus nos faz sentir imersos em violências, a delicadeza e tudo que há de mais duro na vivência periférica. Ainda mais em uma época tomada por um puritanismo velado, ou por vezes descarado. Em que negros viviam realmente segregados mesmo um dos países mais miscigenados do mundo. O longa diverte, encanta e nos lança por algumas das sequências mais interessantes do cinema Brasileiro. E assim como seus contemporâneos, 40 Graus nos faz ver que quase nada mudou nos grandes centros urbanos.
5,0 / 5,0
Rio, 40 Graus pode ser assistido tanto no Youtube, quanto na Netflix. Confira abaixo:
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