CRÍTICA – Alan Wake Remastered (2021, Remedy Entertainment)

    Alan Wake foi lançado originalmente em 2010 e desde então, se tornou um dos games mais adorados de todos os tempos. Seja pelo terror contido em sua trama, ou mesmo por contar com elementos gráficos que surpreendem para um game de 2010.

    Em 5 de Outubro de 2021 foi lançado Alan Wake Remastered. O game foi trazido para as atuais plataformas de maneira remasterizada, dando a oportunidade aos que não jogaram na época de seu lançamento – como esse que vos escreve. O game foi lançado para Xbox One, Xbox Series X, PC, PlayStation 4 e PlayStation 5.

    SINOPSE

    Neste premiado thriller de ação cinematográfico, o escritor problemático Alan Wake embarca em uma busca desesperada por sua esposa desaparecida, Alice. Após seu misterioso desaparecimento da cidade de Bright Falls, no Noroeste Pacífico, ele descobre as páginas de uma história de terror supostamente escrita por ele, mas da qual não se recorda.

    ANÁLISE

    Alan Wake

    A trama de Alan Wake nos deixa tão preocupados quanto curiosos desde seus primeiros minutos. Enquanto chegam em Bright Falls, no estado de Washington a fim de tirar férias, o escritor Alan Wake e sua esposa Alice rapidamente se envolvem em uma trama muito mais obscura do que eles podem compreender.

    Ao começar o jogo, ainda que assustado, me incomodei com a forma engessada e errática de Alan se mover e a forma de interagirmos com o mundo que nos rodeia. Mas rapidamente, isso mudou. Tanto a jogabilidade quanto os gráficos do game se tornam apenas um detalhe quando nos aprofundamos na trama.

    Funcionando de forma episódica, o game é dividido em 6 diferentes capítulos – assim como é de se esperar da história de um escritor.

    Enquanto mergulhamos sem medo – ou não tão sem medo assim – na história, vemos que a escuridão que atualmente rodeia Bright Falls é causada por um mal muito mais antigo do que pensávamos.

    A forma como Alan Wake divide sua história, por meio de viagens ao passado em flashbacks (ou viagens às partes sombrias da mente do protagonista) em contraste ao presente, funciona imensamente bem. Essa fórmula funciona inclusive como uma meta linguagem para apresentar a escuridão contida dentro de Alan. A montagem do game nos faz entender a importância daqueles momentos na história do personagem enquanto ele cresce conforme a história progride a fim de proteger sua esposa do mal que os cerca.

    Com um desenvolvimento lento, enquanto nos aprofundamos na história de Alan, vemos que ele tem muito mais em comum com a história de Jesse Faden, protagonista do game da mesma desenvolvedora, Control.

    A ESCURIDÃO EM ALAN WAKE E O RUÍDO DE CONTROL

    Alan Wake

    O elemento de ambas as tramas da mesma desenvolvedora, que funcionam como a força motriz, tem muito em comum. A corrupção presente na Escuridão e no Ruído funcionam não apenas como um artifício de roteiro para mover a trama para frente, mas também funcionam como uma espécie de corruptela da forma humana como a conhecemos, tornando aqueles possuídos por elas em meros zumbis com vontade de matar e destruir tanto Alan quanto Jesse a qualquer custo.

    Além de servirem como elementos de suas respectivas tramas, ambos funcionam como um subtexto para o que os protagonistas passam em meio às suas aventuras.

    Alan Wake aborda a obscuridade da estressante vida de um escritor e seu esgotamento a fim de atingir a perfeição em suas obras, por vezes forçando o escritor a interagir e obrigando-o a lidar com as partes mais obscuras de sua psique. Enquanto Control aborda a ansiedade causada por um trauma anterior ao momento do game e a voz interna que cada indivíduo tem em sua mente. No caso de Jesse de Control, ela carrega este trauma há pouco mais de duas décadas, desde que um incidente em Ordinary deu início ao contato tanto de Jesse quanto de seu irmão à paranormalidade daquele mundo, fazendo-a remoer e sofrer pelo passado e por sua inabilidade de agir diante ao desconhecido naquela época.

    VEREDITO

    Alan Wake Remastered nos faz sentir tão satisfeitos quanto maravilhados quando obtemos êxito na progressão da trama, fazendo-nos pensar por vezes o quão habilidosos somos ao nos recompensar quase que o tempo todo.

    Mas por ser dividido em capítulos, o game nos deixa desesperados ao fim de cada um deles por tirar do jogador qualquer forma de agir, quando tira tanto nossas lanternas quanto nossas armas, fazendo isso ser mais um elemento narrativo, ao nos fazer sentir impotentes.

    Por meio do roteiro construído pela Remedy e pela evolução gráfica de um game lançado em 2010 – que se mantém imensamente relevante nos dias de hoje -, podemos ver o quanto de empenho e cuidado foi colocado no projeto desde seu primeiro lançamento, fazendo inclusive que outro game ambientado no mesmo mundo fosse lançado, dando assim, origem à Control e a história de Jesse Faden.

    Alan Wake Remastered é um game necessário para quem não teve a oportunidade de jogá-lo no passado, se mostrando não apenas relevante, mas também bastante divertido e desafiador. Não apenas por seus gráficos, mas também por sua história o game nos confunde, sendo impossível localizar o game no tempo se traçarmos um gráfico comparativo entre qualidade gráfica e narrativa.

    E se de uma coisa você pode ter certeza sobre Alan Wake, é que ele vai retornar…

    Nossa nota

    5,0 / 5,0

    Confira o trailer de lançamento de Alan Wake Remastered:

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