OPINIÃO – O Método Kominsky e a importância da experiência em Hollywood

    O Método Kominsky é uma série que me chamou a atenção logo em seus primeiros minutos. O fato do monólogo de Michael Douglas emocionado ser quebrado com uma piada excelente sobre a carreira de ator dá a tônica de tudo que é apresentado nas três temporadas da série. 

    O humor sarcástico, que tira sarro de si mesmo em diversos momentos é uma marca de Chuck Lorre que gosta de trabalhar com atores que já viveram seu auge. Aliás, O Método Kominsky é sobre isso: depreciação. 

    O seriado traz boas reflexões sobre diversos assuntos. Dois deles tem sido discutidos há tempos em Hollywood: a falta de oportunidades para atores da terceira idade e como o streaming pode ser uma última chance deles para retomarem suas carreiras.

    UM DISCURSO PODEROSO EM O MÉTODO KOMINSKY

    Essa questão de como o streaming e tv veio como uma via cada vez mais atrativa para o setor do entretenimento faz com que a Academia tenha que se reinventar. Atores como Douglas, Catherine O’Hara, Gillian Anderson, que nem se encontra no time de atores mais velhos como os dois primeiros, ficam a mercê de papéis pequenos e de pouco destaque no cinema, pois há um preconceito para com os mais velhos.

    A discussão trazida ao longo da série corrobora com isso e, com certeza, ela é extremamente pertinente: até que ponto uma carreira é descartável?

    Vemos muitos atores considerados “acabados” dando a volta por cima e sendo reverenciados atualmente. O maior exemplo seja Robert Downey Jr., considerado um dos maiores da geração.

    A vida de Downey Jr. é repleta de polêmicas, pois ele foi por muito tempo viciado em drogas e sua vida chegou ao fundo do poço. Entretanto, ao receber sua última oportunidade de brilhar, teve êxito completo.

    Para as atrizes o caminho é ainda mais tortuoso, visto que a partir dos seus 35, 40 anos, seus papéis se limitam aos de “soccer moms”, ou na tradução literal, mães do futebol, mulheres adultas que tem pouca relevância nos filmes mais badalados e que estão ali apenas como um estereótipo qualquer.

    O PRESENTE E FUTURO SÃO PROMISSORES

    Netflix

    Douglas e tantos outros nos representam também, pois querem seu lugar ao sol e ter sua chance de ter seu lugar ao sol. É o que queremos para nós e para eles também, mesmo que muitas vezes tenha gente torcendo contra.

    O Método Kominsky brinca em dado momento até com a questão das premiações, pois a Academia torce o nariz para filmes de tv. Entretanto, certos reconhecimentos ainda podem ser feitos por meio de premiações mais liberais, algo que é muito positivo. Tomara que um dia isso chegue no tão antiquado Oscar que, por mais que seja uma cerimônia com muito glamour, carece de novos ares e ideias.

    O Método Kominsky é uma série criada por Chuck Lorre, showrunner de Two and The Half Men e é estrelada por Michael Douglas. A terceira temporada é a última da série da Netflix e estará disponível no catálogo no dia 28 de maio.

    SINOPSE

    Com a morte de Norman (Alan Arkin), Sandy (Michael Douglas) deve lidar com o legado de seu amigo, o luto e o seu principal fardo: a velhice.

    Velhos conhecidos voltarão para a vida de Sandy, assim como novos rumos estão por vir em sua jornada, será o momento dele curar as mágoas e brilhar novamente?

    ANÁLISE

    O terceiro ano de O Método Kominsky veio cheio de incertezas, visto que Alan Arkin abandonou o projeto após o anúncio da última temporada. O golpe foi duro, uma vez que a dinâmica da série é de dupla, já que Norman e Sandy se completam.

    Nos dois primeiros episódios, os roteiristas ficam bastante perdidos, pois não conseguem estabelecer uma boa construção da história com a perda de Norman. Entretanto, após a entrada de forma regular de Roz, vivida brilhantemente por Kathleen Turner, O Método Kominsky deslancha de vez.

    kominsky

    Roz dá uma dinâmica muito próxima coma de Norman, todavia, com um toque ainda mais pessoal, pois ela é ex-esposa de Sandy. As alfinetadas fortes, mas com um fundo de admiração e amor por parte dos personagens traz uma química forte entre eles, mérito total de Michael Douglas e de Turner. O laço entre os dois é o grande ponto positivo da terceira temporada.

    Uma outra discussão que traz a cereja do bolo é a questão de como os atores mais experientes são tratados por Hollywood, em particular pela Academia de premiações, principalmente o Oscar.

    Por se tratar de um produto do streaming, O Método Kominsky consegue jogar uma pimenta no ponto da falta de oportunidades para atores da terceira idade que encontram sua redenção em conteúdos originais de uma Netflix da vida.

    Tal discussão é mais do que pertinente, pois, de fato, há uma má vontade com eles, mas agora há um lugar ao Sol para todos.

    De ponto negativo, apenas o arco dos herdeiros de Norman, sua filha Phoebe (Lisa Edelstein) e Robby (Haley Joel Osment) que ficam muito deslocados da trama, entregando as cenas mais galhofas, todavia, mais cansativas e repetitivas.

    VEREDITO

    O Método Kominsky encerra muito bem sua jornada com discussões pertinentes, sem perder sua essência, tampouco gerar um gosto amargo nos fãs que tiveram suas expectativas atendidas.

    Agora o que nos resta é celebrar os novos serviços de streaming e desejar que haja uma renovação no mundo da sétima arte que carece atualmente de uma oxigenação urgente, pois cada vez mais estamos mudando dia a dia.

    Nossa nota

    4,5 / 5,0

    Confira o trailer do terceiro e último ano de O Método Kominsky:

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    Contudo, as iniciativas de tantas empresas e um certo refresco que provém de um forte barulho do público tem mudado os rumos desse barco. Espero que num futuro breve, as coisas mudem para melhor, pois a perspectiva é boa. Resta torcer por uma oxigenação  o mais breve possível.

    Por fim, só tenho uma coisa a dizer: viva o streaming, viva aos novos tempos!

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