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CRÍTICA – O Grande Deus Pã (1894, Arthur Machen)

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CRÍTICA - O Grande Deus Pã (1984, Arthur Machen)

Publicado originalmente em 1894, O Grande Deus Pã foi considerado como imoral e degenerado até meados da década de 1920, mas depois se tornou um clássico do horror que inspirou nomes como Bram Stoker, H. P. Lovecraft e Stephen King.

Essa edição da editora Corvus inclui uma rara introdução do autor, publicada originalmente na edição de 1916, além de dois contos bônus: O Clube Perdido e Fora da Terra; além de ilustrações internas e posfácio de Rodrigo Kmiecik.

SINOPSE

Um médico excêntrico decide realizar um experimento que promete dar a uma mulher, Mary, a capacidade de ver o outro lado da realidade.

O procedimento, entretanto, traz resultados inesperados e Mary acaba com sequelas incorrigíveis. Anos depois, misteriosos acontecimentos, como estranhos rituais na floresta, desaparecimentos e supostos suicídios, parecem ter uma ligação com o caso.

ANÁLISE

Após o projeto iniciado em janeiro de 2021 ter sido bem-sucedido e financiado coletivamente pelo Catarse por mais de 500 pessoas, O Grande Deus Pã tornou-se o primeiro volume da coleção Clássicos de Visagens e Malassombros, uma série que revisita grandes obras do horror clássico e as apresenta numa nova edição, que não só homenageia o legado que elas deixaram como as adapta para o novo público, unindo a estética old a uma vibe pop e moderna.

A obra que explora as excentricidades trazidas pela ciência e a manipulação das forças que o homem ainda não compreende. Uma leitura obrigatória para fãs do horror clássico e para novos leitores.

Arthur Llewellyn Jones (1863-1947) foi um autor galês conhecido por explorar o horror e a fantasia em suas obras, que influenciaram grandes autores posteriormente. O interesse de Machen no oculto vem desde a infância, mas ele veio a mostrar sua veia literária em 1881 com o longo poema Eleusina. Publicou em diversas revistas literárias, usando do gótico e do fantástico, até chegar a seu grande primeiro sucesso, O Grande Deus Pã.

VEREDITO

Este belo projeto da editora Corvus é especial, principalmente, por conter uma rara introdução do próprio autor que nos conta como foi o processo criativo por trás de sua obra; o que me fez entender a pouca conexão narrativa entre os capítulos iniciais quando os li.

Apesar de breve, com pouco mais de 100 páginas, O Grande Deus Pã nos prende pela curiosidade de querermos descobrir as consequências da ciência sobre o oculto, porém os dois principais ingredientes utilizados por Machen, envelheceram desproporcionalmente.

Enquanto o mistério segue o mesmo até os dias atuais, não podemos dizer o mesmo do horror. Este segundo e importante ingrediente, parece ser “quase palpável” a sensação de que o horror criado pelo autor em seu período vitoriano, hoje já não possui o mesmo efeito que causou na sociedade do final do século XIX e começo do século XX.

3,0 / 5,0

Editora: Corvus

Autor: Arthur Machen

Páginas: 200

Nota histórica

Na mitologia grega, gostava de música, dos bosques, dos campos, dos rebanhos, dos pastores e de vagar pelos vales e pelas montanhas, caçando ou dançando com as ninfas. Por ser representado como metade humano, mas com orelhas, chifres e pernas de bode, era temido por todos aqueles que necessitam atravessar as florestas à noite, pois as trevas e a solidão da travessia os predispõem a pavores súbitos, desprovidos de qualquer causa aparente, e que eram atribuídos a Pã; de onde surgiu o termo “pânico” (talvez esta seja a única associação assertiva de Arthur Machen em sua obra com o ser mitológico).

Na mitologia romana, o fauno era chamado de Lupércio e era comumente retratado junto do deus do vinho, Baco (Dionisio para os gregos), com suas sacerdotisas, as bacantes, em seus rituais regados a música, vinho e erotismo, de onde surgiu mais um termo: “bacanal“.

Durante na Idade Média, a Igreja Católica buscando converter os pagãos a abandonarem sua crença pelos espíritos da natureza e deuses nórdicos, passou a adotar a imagem de Pã para retratar o Diabo.

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