CRÍTICA – O Último Reino (2005, Bernard Cornwell)

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o último reino capa do livro

Já faz algum tempo que penso em escrever sobre os livros de Bernard Cornwell, em particular sobre as Crônicas Saxônicas. O objetivo sempre foi escrever sobre cada livro individualmente, porém, a cada livro lido, a expectativa do que poderia vir no próximo volume apenas aumentava a sensação de que o texto estaria “incompleto”. Recentemente, com a série de TV da BBCThe Last Kingdom, já em sua segunda temporada, serviu para que este texto saísse do status “vontade”, tornando-se realidade. Além disso, ao terminar de ler o décimo livro, finalmente cheguei a sensação de fim de um ciclo, por mais que as aventuras de Uhtred de Bebbanburg ainda não tenham acabado. (Graças à Odin e principalmente a Bernard Cornwell!)

Preparem seus escudos, afiem as espadas e machados e vamos embarcar nessa aventura incrível! Por que como diz Uhtred:

Wyrd bið ful ãræd” (O destino é inexorável)

AUTOR

Bernard Cornwell nasceu em Londres em 1944 mas foi criado em Essex e após um período como professor na Universidade de Londres, ele se juntou à BBC Television, onde trabalhou por 10 anos antes de tornar-se escritor. Seus livros já foram traduzidos para mais de 16 idiomas e seus romances alcançaram rapidamente o topo das listas de mais vendidos em vários países e milhões de exemplares foram comercializados ao redor do mundo. Em 1979, mudou-se para os Estados Unidos, onde vive até hoje com sua esposa e filhos. Porém, Cornwell não perdeu seu fino humor britânico e a paixão por conflitos militares famosos que refletem em sua enorme coleção particular de mapas antigos.

AS CRÔNICAS SAXÔNICAS

A contemporaneidade do autor nos apresenta uma leitura de fácil assimilação, permitindo-nos adentrar ao universo das batalhas de uma época em que a construção de grandes nomes e reinos se solidificavam com a adição de sangue e entranhas de guerreiros tombados. Por vezes, durante a leitura, o cenário que salta aos nossos olhos é quase selvagem – nos tempos atuais, teria essa selvageria desaparecido da face da terra? Não. Decisivamente não é o que vemos. Apenas que se modernizou com o advento das tecnologias -, mas o modo criativo de Bernard Cornwell mesclar ficção e história fez das suas crônicas um sucesso prazeroso de leitura. Ávidos em literatura desse estilo que o digam.

Nota: As histórias narradas nos livros das Crônicas Saxônicas e apresentadas de forma resumida na série de TV The Last Kingdom, misturam-se a alguns eventos mostrados na série Vikings, do canal History; incluindo alguns personagens. Porém, nenhuma das duas histórias – apesar de basearem-se em fatos históricos – possuem total exatidão quanto aos fatos ocorridos na época. Por isso, irei me abster de comparações com a série do canal History. E no máximo, farei alguns comentários em relação a adaptação dos livros de Bernard Cornwell para o canal BBC.

Livro 1: O ÚLTIMO REINO (866-867 d.C.)

O Último Reino é o primeiro romance que contará a história de Alfredo, o Grandee seus descendentes. Aqui, Cornwell reconstrói pelos olhos do órfão Uthred, o qual aos 9 anos tornou-se escravo dos vikings no norte da Nortúmbria, a saga do monarca que livrou o território britânico da fúria dos vikings e a unificação dos reinos para tornar realidade o sonho que hoje conhecemos como Inglaterra. Surge então uma história de lealdades divididas, amor relutante e heroísmo desesperado.

Nascido na aristocracia da Nortúmbria no século IX, Uthred é capturado e adotado por um dinamarquês nas gélidas planícies do Norte, lá ele aprende o modo de vida viking. No entanto, seu destino está indissoluvelmente ligado a AlfredoRei de Wessex e às lutas entre ingleses e dinamarqueses, entre cristãos e pagãos.

Todo livro inesquecível, possui um trecho tal qual: inesquecível, seja um prólogo de tirar o fôlego, um parágrafo, ou uma simples frase. E o início de O Último Reino é, certamente, o típico começo que ficará marcado em nossa memória, independentemente de quantos livros você tenha lido. – Já estamos no décimo e esse início é fresco como se a leitura tivesse sido ontem:

Meu nome é Uhtred. Sou filho de Uhtred, que era filho de Uhtred, cujo pai também se chamava Uhtred.”

PERSONAGENS

Neste primeiro volume, conhecemos alguns personagens que nos acompanham por uma longa jornada, outros não; alguns amaremos, outro odiaremos e uns poucos aprenderemos a respeitar. Entre eles temos:

AelfricAlfredoBafo de Serpente e Ferrão de VespaBridaEadwulfGuthrumHalfdanIvar, O Sem-Ossos; Kjartan, O Cruel e seu filho Sven, O Caolho; LeofricMildrithOdda, O Jovem; Padre BeoccaRagnar, O Intrépido (ou O Velho); Ragnar (O Jovem) RagnarsonRavnSteapaThyraUbba Lothbrok entre muitos outros.

BATALHAS

Neste primeiro volume, após algumas batalhas menores, culminaremos na batalha de Cynuit, onde Bernard Cornwell mostra todo seu poder ao descrever de forma magistral a beleza por trás dos horrores de um campo de batalhas, onde homens bebem para encontrarem a coragem necessária e então marcharem em direção a parede de escudos, onde o barulho de metal de escudos chocando-se contra escudos, supera o de trovões e quando se chocam, é possível sentir o cheiro de vinho e hidromel do seu adversário. Homens morrem por lanças, espadas e machados, os que não morrem logo, choram por suas mães, banhados em sangue, tripas e fezes. Pedem por misericórdia, mas os guerreiros não lhes dão.

Um homem em cada três, ou talvez um em cada quatro, é um guerreiro de verdade. O resto são lutadores relutantes, mas um em cada vinte ama a batalha. Esses são os mais perigosos, os mais hábeis, os que ceifam almas e os que deveriam ser temidos.”

E este é Uhtred de Bebbanburg, ele finalmente sentiu o júbilo da batalha.

Nota: Na série de The Last Kingdom, os produtores buscaram mostrar dois livros por temporada, e apesar dos livros serem excelentes, a primeira temporada mostrou-se tímida e com alguns personagens bastante descaracterizados se comparados ao material original. Como é o caso de Beocca – apesar do grande carisma do ator Ian Hart; bem como o próprio Uhtred, interpretado por Alexander Dreymon que dividiu opiniões se seria capaz de se tornar o Uhtred dos livros. Particularmente um pecado com a obra é o total esquecimento/omissão da importância das principais companheiras do protagonista: a espada longa Bafo de Serpente e Ferrão de Vespa, seu seax (um tipo de espada curta). Essa escolha dos produtores da série consegue ser tão incômoda quanto a falta do humor negro e ácido dos pagãos ao compararem seus Deuses Nórdicos ao Deus Pregado e os santos cristãos. Apesar de parecer uma heresia ao material fonte, aceitamos a segunda ausência devido as implicâncias que poderia trazer para a série de TV.

Não posso ser desonesto com a adaptação televisiva, afinal a primeira temporada teve seus pontos altos, apesar da falta de expressão com os fãs dos livros. A ambientação mostrou cenários e figurinos ótimos, conseguindo trazer uma sensação de veracidade para a terra que um dia chamaríamos de Inglaterra. O carisma de alguns atores foi fundamental para conquistar o público independentemente de suas características nos romances – em especial o Padre Beocca e o frágil Rei Alfredo, vivido por David Dawson.

Confira abaixo os detalhes do livro O Último Reino:

Clique na imagem para ampliar.

Páginas: 364
Gênero: Ficção Histórica
Editora: Grupo Editorial Record

Avaliação: Excelente

E aí, pronto para “devorar” as aventuras de Uhtred nas Crônicas Saxônicas? Tem acompanhado a série The Last Kingdom, da BBC? Deixe-nos seu comentários e não se esqueça de nos acompanhar nas principais redes sociais:

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Confira também outras obras de Bernard Cornwell:

Trilogia As Crônicas de Arthur
Livro 1: O Rei do Inverno
Livro 2: O Inimigo de Deus
Livro 3: Excalibur

Série Crônicas Saxônicas
Livro 2: O Cavaleiro da Morte
Livro 3: Os Senhores do Norte
Livro 4: A Canção da Espada
Livro 5: Terra em Chamas
Livro 6: Morte dos Reis
Livro 7: O Guerreiro Pagão
Livro 8: O Trono Vazio
Livro 9: Guerreiros da Tempestade
Livro 10: O Portador do Fogo

Trilogia A Busca do Graal
Livro 1: O Arqueiro
Livro 2: O Andarilho
Livro 3: O Herege

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