CRÍTICA – Ruptura (1ª temporada, 2022, Apple TV+)

    Ruptura ou Severance é uma série original da Apple TV+ e é estrelada por Adam Scott (Parks and Recreation).

    SINOPSE DE RUPTURA

    Um novo método mental é estabelecido em ambientes de trabalho no qual os funcionários de uma empresa tem as memórias de sua vida externa removidas ao entrar em sua jornada diária.

    Mark (Adam Scott) passou por uma perda terrível em sua vida e acaba aceitando o procedimento, todavia, seu colega de trabalho acaba sendo demitido e as coisas começam a complicar com uma rede de intrigas e segredos a serem desvendados.

    ANÁLISE

    Vivemos em um mundo em que as gerações de jovens adultos formados por millenials e zennials buscam um propósito em seus trabalhos, criando uma espécie de diáspora de seus cargos quando não se sentem satisfeitos.

    Entretanto, e se fosse possível ter uma vida dentro e uma fora da rotina laboral, apagando as memórias internas e vivendo duas rotinas diferentes? Ruptura é mais ou menos isso, só que de forma muito mais profunda, com discussões filosóficas completamente intrigantes e válidas.

    De fato, o cotidiano da sociedade é voltado ao trabalho incessante. Empregadores e empregados devem se submeter a uma vida dupla e, muitas vezes, não nos reconhecemos em alguns ambientes. Mark usa seu emprego como uma forma de escapar da dura realidade da perda e sofrimento, contudo, a que custo? A resposta é que a empresa na qual trabalha, a Lumen, faz com que seu dia a dia seja comparável ao o de ditaduras, algo que ocorre em muitos lugares reais.

    A estética da série é tensa, uma vez que os ambientes são claros, abertos, mas sem janelas, sem conexão com a “realidade”, entre aspas, visto que o que eles vivenciam é real também.

    As atuações são poderosas, com um destaque incrível para Tramell Tilmann, que interpreta Milchick, um homem cínico e que mantém os funcionários em um curral psicológico, sendo um dos mais perigosos, ficando atrás apenas de sua chefe, Harmony Cobel, interpretada brilhantemente por Patricia Arquette, que tem um visual duro e caricato, digna de uma usurpadora.

    O texto é incrível, apresentando um roteiro complexo e que nos faz pensar em como estamos presos a lugares e pessoas que não conhecemos, além de termos que aturar muitas vezes diversas humilhações e situações difíceis pela nossa sobrevivência. A divisão do que é externo e interno é muito perspicaz e o ambiente tenso da atmosfera criada em Ruptura são a cereja do bolo em aspectos técnicos tão inspirados de uma equipe engajada e que faz o cotidiano se tornar assustador por meio da estranheza de uma premissa inteligente e tão factível.

    VEREDITO

    Ruptura

    Ruptura é um soco no estômago com uma visão pessimista de um dia a dia tão habitual dos seres humanos.

    De fato, o texto cruel e que mostra de forma muito inteligente como os trabalhadores tem uma vida dupla nos faz enxergar como somos indefesos em um sistema predatório que nos obriga a ter poder, dinheiro e, ao mesmo tempo, serve para mascarar nossos problemas pessoais, como se fosse um placebo para uma doença sem cura, algo que é bastante perturbador.

    Nossa nota

    4,5/5,0

    Confira o trailer de Ruptura:

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