CRÍTICA: ‘Unicorn: Warriors Eternal’ dos épicos de fantasia aos filmes de artes marciais

    Em 2023 fomos agraciados por mais uma animação do já consagrado Genndy Tartakovsky. O animador, diretor e roteirista Russo radicado nos Estados Unidos ganhou notoriedade por seus trabalhos como, Meninas Super Poderosas, Laboratório de Dexter, Samurai Jack e seu belíssimo Primal. Genndy é reconhecido pelo seu traço cartunesco embebido por influências que vão dos quadrinhos de super-heróis, mangás, elementos da ficção científica e fantasia. Ele é reconhecido como uma das mentes mais prolíficas e interessantes da indústria Norte-Americana, e dessa vez ele nos entrega Unicorn: Warriors Eternal.

    A obra que é um misto de conceitos das mais variadas fontes, desde a fantasia clássica, passando por elementos do cinema de artes marciais de Hong Kong e da ficção científica Steampunk, tudo amarrado de tal modo que causa uma coesão narrativa que se aproveita dos tropos da ficção em nossa sociedade, para fazer uma história rápida e ágil.

    SINOPSE

    Uma jovem descobre que faz parte de um grupo de heróis eternos destinados a combater um mal sobrenatural ao longo do tempo.

    ANÁLISE

    Unicorn Warriors Eternal

    Unicorn Warriors não perde tempo demonstrando o plot principal da série nos primeiros segundos do primeiro episódio, com uma economia narrativa absurda. Habilidade essa que deveria ser invejada por outros diretores.

    A premissa se dá pela batalha contínua entre o bem e o mal, com as forças benéficas composta pelo mago Merlin, Melinda uma bruxa com um poder energético, Tseng um monge ao estilo Shaolin, Edred um cavaleiro élfico e Copernicus um robô saltador de vapor com design steampunk, e juntos vão tentar deter um mal mais antigo que o tempo. E para isso passam por diversos períodos históricos onde nossos heróis renascem em cada era de forma diferente.

    Um dos pontos mais interessantes da série que consegue criar discussões sobre cada personagem, é justamente o fato deles voltarem ao mundo de tempos em tempos, onde diferentemente de outras premissas eles não necessariamente nascem de novo. O robô Copernicus carrega suas essenciais dentro de si próprio e as recolhe quando o mal é detido em cada período, e quando for necessário ele retorna e escolhe uma pessoa para ser um receptáculo, um novo avatar que deixa sua vida inteira para trás para se tornar um novo Guerreiro Unicórnio.

    Unicorn Warriors Eternal

    Entretanto, algo aconteceu com a jovem Emma Fairfax, o corpo onde a bruxa Melinda irá ficar, ela não esquece sua vida pregressa, mas também não é mais a Emma de antes, e nem mesmo o espírito da feiticeira de outros tempos, e é principalmente pelo seu ponto de vista que acompanhamos a trama da animação, onde tenta entender o que realmente é esse mal, quem são e o que foram no passado esses tais guerreiros, quem é Merlin, o que vai fazer com sua vida passada, e acima de tudo, o que ela é a partir de agora.

    Através da trama acompanhamos a personagens lidando com seu passado, compreendendo o mundo espiritual, e a entrado de um novo membro para essa confraria, um Lobisomem que antes era um ex noivo de Emma, relação essa que deságua em uma espécie transcendental de triângulo amoroso.

    Unicorn Warriors Eternal

    O visual estonteante e simples inspirado nos desenhos clássicos dos anos 30 dá para a animação um caráter indiscutivelmente distinto, onde cada coisa tem um design característico e único, onde desde os cenários até os personagens com menos tempo de tela se destacam. O enredo vai se situar em uma Inglaterra do começo do século 20, mas diferente da nossa, houve um avanço tecnológico estupendo, onde máquinas a voadoras, carros gigantes e robôs dividem espaço com humanos, sendo tipicamente um mundo steampunk.

    O desenho segue coberto por uma penumbra de mistérios fazendo com que a composição rica desabroche a cada episódio, mudando de cenários a cada momento, onde uma hora estamos em dirigível gigantesco repleto de maquinários que me lembrou o livro Máquina Diferencial (William Gibson) e em outra estamos em na floresta dos elfos do norte, algo que me remeteu a obras como Senhor dos Anéis (J.R.R Tolkien) e Elric de Melniboné (Michael Moorcock).

    VEREDITO

    Genndy Tartakovsky disse em uma entrevista que a inspiração veio ainda no começo dos anos 2000, Na época, ele estava prestes a encerrar séries como Dexter, Samurai Jack e Star Wars e queria que seu próximo projeto fosse diferente dos anteriores, e para isso ele se debruçou nas costas de gigantes como Osamu Tezuka, Hayao Miyazaki, do Studio Ghibli, e Max Fleischer (Superman, Popeye, Betty Boop). E só após 20 anos de sua idealização as páginas de storyboards ganharam vida.

    Unicorn Warriors Eternal é algo que desde a primeira vez que vi o material promocional antes mesmo do desenho estrear chamou minha atenção, e que ótima surpresa ser realmente uma estupenda animação, os personagens, enredo, traço, movimentação, tudo muito bem feito, talvez minha única crítica seja que pela sua velocidade que fez com que alguns pontos não sejam bem arranhados, não que uma projeto tenha que entregar as coisas mastigadas para os espectadores, muito longe disso, mas senti falta de algumas explicações, mas tirando isso o saldo é extremamente positivo, indico para todas as pessoas.

    Nossa nota

    4,5 / 5,0

    Confira o trailer da série:

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