Recentemente a Netflix lançou uma série inspirada na história de Jeffrey Dahmer, um homem que foi sentenciado à prisão perpétua após ter assassinado e canibalizado 17 garotos no estado de Ohio, nos Estados Unidos, entre os anos de 1989 e 1991.
A produção de Ryan Murphy, com o ator Evan Peters no papel principal do infame assassino, chamou a atenção na internet e rapidamente se tornou um dos maiores sucessos do streaming. Contudo, se tratando de uma dramatização é inegável que a série deixe algumas pontas soltas. Por isso, vale a pena entender quem era Jeffrey Dahmer e como sua macabra história revela um sistema racista, homofóbico e o descaso policial.
A INFÂNCIA DE DAHMER
Dahmer nasceu em 21 de maio de 1960 em Wisconsin, filho de Lionel e Joyce Dahmer, a família logo se mudou para Ohio. Já na infância de Dahmer, o casamento de seus pais não era saudável, sua mãe tinha uma doença mental que a colocou em uma severa depressão, enquanto seu pai passava a maior parte do tempo ausente com seu trabalho como técnico químico.
Segundo seus pais, Dahmer era uma criança feliz até passar por uma cirurgia de hérnia inguinal antes do seu aniversário de quatro anos. O comportamento recluso e pouco comunicativo de Dahmer foi se agravando, sem que seus pais dessem a devida atenção e nem mesmo a presença de um irmão mais novo, David, foi o bastante para amenizar sua falta de empatia.
Aos 10 anos, Dahmer já se interessa por taxidermia e certa vez perguntou ao seu pai o que aconteceria se os ossos de galinha que eles estavam jantando fossem banhados em alvejante. Para Lionel, que era químico, essa curiosidade do filho fazia sentido e ele demonstrou com produtos químicos como preservar os ossos de animais.
ADOLESCÊNCIA CONTURBADA
O comportamento “estranho” de Dahmer foi se agravando conforme os anos passaram. Durante a adolescência, o garoto chamava atenção na escola por fazer constantes brincadeiras bizarras como imitar animais ou fingir ataques epilépticos. Quando atingiu a puberdade, ele descobriu que era homossexual e aos 15 anos de idade começaram seus desejos mais obscuros.
Também foi nesse período que Dahmer se tornou alcoólatra, sendo uma forma de fugir dos seus pensamentos e da sua conduta. Tanto seus pais, quanto seus professores sabiam dos problemas com álcool e foram negligentes em relação à conduta do jovem. Ele continuava a dissecar animais mortos encontrados na estrada, porém, a vontade por descobrir fazer o mesmo com seres humanos foi crescendo.
A primeira vez que Dahmer pensou em cometer um assassinato foi aos 16 anos, após ver diariamente um homem correndo, ele passou a fantasiar o atacando, e depois, estuprando. Naquela época, ele deixou os pensamentos de lado e quando tinha 18 anos, seus pais se separaram. Seu pai saiu de casa e na justiça, sua mãe lutou apenas pela guarda do irmão mais novo com então 12 anos, ambos então mudaram de estado.
Jeffrey Dahmer ficou sozinho na casa. Abandonado, ele não tinha emprego e acabara de terminar o ensino médio. Na época, já frequentava alguns bares gays da região e queria encontrar alguém para ter suas primeiras experiências. No ano seguinte, em 1978, ele cometeu o seu primeiro assassinato.
A PRIMEIRA VEZ DE DAHMER
No dia 18 de junho, quando dirigia seu carro, Jeffrey Dahmer avistou o jovem Steven Hicks de 19 anos pedindo carona. O garoto iria para um show em um local perto dali, mas Dahmer o convidou para beber em sua casa e Hicks aceitou. Quando o rapaz estava indo embora, Dahmer o acertou com um peso na cabeça, já inconsciente, ele o estrangulou até a morte.
Após o ocorrido, Dahmer se masturbou em cima do corpo, depois o levou para o porão, dissecou e enterrou os restos mortais no quintal. Semanas mais tarde, ele exumou o corpo, retirou a carne para dissolver em ácido e destruiu os ossos com uma marreta. Esse foi o começo do modus operandi de Dahmer.
Algum tempo depois, seu pai voltou para casa, vendo que o filho estava sozinho e sem grandes rumos na vida, o matriculou na Universidade Estadual de Ohio. Mas, Dahmer não ficou por muito tempo, ele também se alistou no exército, porém, foi dispensado em 1981.
Durante esse tempo, seu comportamento ficava cada vez mais errôneo. Dahmer foi preso algumas vezes por exposição indecente e mais tarde, dois soldados afirmaram que foram drogados e estuprados pelo serial killer. Como uma forma de tentar salvar o filho, Leonel o mandou morar com a avó, já que os dois tinham uma boa relação afetiva.
Após arranjar um emprego, Dahmer passou a frequentar saunas e bares gays. Foi nesse período que ele voltou a cometer crimes sexuais. Nesses espaços, ele drogava homens com soníferos e os abusava sexualmente. Como o estigma para com homossexuais era gigante na época, poucas pessoas comentavam sobre o ocorrido. Estima-se que ele tenha feito isso com 12 vítimas até ser expulso.
MODUS OPERANDI
Já era 1987 e Jeffrey Dahmer que ainda morava com a avó conheceu um rapaz de 25 anos chamado Steven Tuomi em um bar. Os dois foram para um hotel e, segundo Dahmer, ele não planejava matá-lo, mas iria drogá-lo e estuprá-lo. No dia seguinte, Dahmer acordou com o corpo de Tuomi ao lado, após transportar o corpo, ele o desmembrou e se desfez de algumas partes. Apenas o crânio ficou com o qual Dahmer utilizou para se masturbar.
Com o assassinato de Tuomi, Dahmer desenvolveu seu modus operandi. Ele levava as vítimas para a casa e sua avó, onde os drogava, abusava sexualmente e depois os matava estrangulados. Ao todo, o serial killer fez 17 vitimas que na sua maioria eram jovens homens negros, asiáticos ou indígenas.
Depois de um tempo ele passou a guardar as carnes da vítima para comer, pois acreditava que de alguma forma elas viveriam através de dele, cometendo necrofilia com os corpos, além de lobotomizar algumas vitimas para ter escravos sexuais. Quando voltou a morar sozinho, constantes eram as reclamações de vizinhos sobre o mal cheiro vindo de sua casa. Em um dos casos, uma das vítimas, um adolescente de 14 anos, conseguiu fugir, mas por estar drogado, os vizinhos chamaram a polícia. Com a chegada dos policiais, Dahmer alegou que o garoto era seu namorado e a polícia deixou a vítima voltar para a casa do assassino.
Em 22 de julho de 1991, Dahmer ofereceu 100 dólares a Tracy Edwards, de 32 anos, para tirar fotos dele em sua casa. Edwards aceitou e chegando no local já sentiu que algo estava errado pelo cheiro horrível. Dahmer então o algemou, porém, o assassino já estava em um estado mental dissociativo e, ao se distrair, Edwards conseguiu fugir.
Pelas ruas, Edwards encontrou uma viatura e pediu para que os policiais tirassem as algemas, mas os homens não conseguiram e Edwards os conduziu até a casa de Dahmer. Os policiais perceberam a situação e deram voz de prisão a Dahmer. O assassino foi julgado e condenado em 30 de janeiro de 1992, com uma enorme comoção na mídia.
Apesar de diversos especialistas diagnosticarem Dahmer com Borderline, transtorno de personalidade esquizotípica e transtorno psicótico, ele foi julgado como são, pois entendia a gravidade dos seus atos. Em 28 de novembro de 1994, já no presídio, Dahmer foi acertado com um barra de ferro por outro preso, cerca de uma hora depois ele morreu de forma lenta.
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