CRÍTICA – Bolshoi (2016, Valery Todorovsky)

    Bolshoi (Болшой) é um filme russo que está disponível no Brasil através do Festival de Cinema Russo, produzido pela Roskino. O festival online é gratuito e terá sua programação exibida na plataforma Spcine Play, a partir do dia 10 até o dia 30 de dezembro.

    PUBLICAÇÃO RELACIONADA: Veja a programação do 1º Festival de Cinema Russo

    SINOPSE

    CRÍTICA - Bolshoi (2016, Valery Todorovsky)A jovem e excepcionalmente talentosa dançarina Yulia Olshanskaya (Margarita Simonova) tira a sorte grande: o ex-bailarino Pototsky (Aleksandr Domogarov) a descobre e prevê um futuro brilhante para ela como bailarina, digna do palco principal do país. No entanto, mesmo os diamantes mais incríveis precisam ser lapidados, e o caminho para Yulia ao lendário palco do Teatro Bolshoi passa por uma escola de balé. Onde a jovem bailarina fica sob a tutela de uma professora ainda mais obstinada.

    ANÁLISE

    Bolshoi é um filme sincero que busca de forma ampla tratar sobre os desafios de estar no mundo do balé. Porém, para a protagonista Yulia tudo parece mais complicado. Dada sua origem humilde, o balé se revela uma salvação, mas também um tormento.

    De fato, há muito tempo o cinema conta histórias sobre o balé fazendo paralelos com obsessão e superação. É uma artimanha comum que busca revelar as dores e prazeres de uma arte tão desgastante. Sendo assim, o balé não exige somente corpo, mas acima de tudo a alma. De certo modo, é por ter uma alma tão liberta e impetuosa que Yulia não se parece com uma bailarina comum.

    Não que sua devoção seja menos do que a de suas companheiras, mas seu caráter valente somado a sua história de vida é uma contrapartida às outras jovens de família rica que estão no balé por ordem dos pais. Algo que é explícito na figura de sua amiga e também rival, Karina (Anna Isaeva).

    Quando criança, Karina quase não passa nas provas finais para ficar mais um ano na companhia, mas implorando que não a aprovassem, já que sua mãe não iria gostar, promete melhorar. Anos depois, com Yulia e Karina já adolescentes, vemos que para Karina o balé significa sua alma.

    Enquanto que para Yulia, o dom sempre foi natural. Uma prova de que além de disciplina, o balé pode significar liberdade. Mas, Bolshoi não se apega a somente contar uma história entre rivais. Ao longo de duas horas, o filme busca apresentar vários conflitos sem nunca se aprofundar de fato.

    Além de Karina, Yulia precisa lidar com Galina Beletskaya (Alisa Freyndlikh). A veterana treina meninas desde jovens para entrar na companhia do Teatro Bolshoi, mas com a idade começa a ter lapsos de memória. Sendo assim, Galina observa em Yulia um prodígio desde a infância e por isso, é obstinada em treinar a jovem. Contudo, a personagem mais carismática do longa sai de cena sem grandes alarmes para dar lugar a outras tramas.

    Um conflito familiar surge para dar profundidade a Yulia que por ter crescido em uma família pobre é subjugada pelas companheiras de balé e também por sua mãe, que pensa que a filha se acha melhor que a família. No entanto, Yulia não tem grandes pretensões e acaba por flertar com o alcoolismo por pura pressão.

    Sendo assim, Bolshoi caminha com um roteiro que busca demais quanto podia ser sucinto. Ainda assim, os recursos de narração da diretora Todorovsky são interessantes. Constantemente, o filme volta para a jovem Yulia ainda criança mostrando acontecimentos que ajudaram a formar sua personalidade. Aos poucos, a criança de língua afiada se torna uma jovem destemida, mas também abalada. Logo, o filme conclui com as falhas e grandezas de uma excelente bailarina.

    VEREDITO

    As cenas de dança que usam uma câmera em 360 graus são belíssimas e evocam todo o poder do balé. Além disso, o filme captura o Teatro Bolshoi em sua grandiosidade com planos abertos. No entanto, ao roteiro falta o ditado: Menos, é mais.

    Nossa nota

    3,0 / 5,0

    Assista ao trailer (sem legenda):

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