CRÍTICA – A Artista e o Ladrão (2020, Benjamin Ree)

    A Artista e o Ladrão é o documentário vencedor do Prêmio do Júri no Festival de Sundance 2020 na categoria escrita criativa. Dirigido por Benjamin Ree, o longa conta a história de um roubo de quadros que aconteceu na Noruega em 2015 e como a vítima se aproximou do autor do delito. O documentário tem distribuição da Synapse Distribution e estará disponível para compra e aluguel nas plataformas digitais a partir do dia 7 de maio de 2021.

    SINOPSE

    Desesperada por respostas sobre o roubo de suas duas valiosas pinturas, a artista tcheca Barbora Kysilkova encontra o criminoso que os roubou e se aproxima dele. Depois de convidar o ladrão, Karl-Bertil Nordland, para posar para um retrato, os dois começam um relacionamento improvável que resulta em um forte vínculo que ligará para sempre essas almas solitárias.

    ANÁLISE

    A Artista e o Ladrão é um documentário que possui uma estrutura um pouco diferente, mas interessante. Sem buscar o caminho mais fácil para contar essa história, o cineasta Benjamin Ree cria um storytelling baseado em diversas passagens de tempo, mas sempre amarrando as pontas soltas antes de evoluir com a história.

    Em um primeiro momento é possível pensar que o documentário poderia ser apenas um curta, pois seu arco inicial termina perfeitamente e parece responder ao título da obra. É nesse arco que conhecemos os dois personagens principais, a motivação do roubo e acompanhamos ambos criarem um laço de amizade.

    Entretanto, conforme a história se desenvolve, podemos ver que o documentarista foi muito feliz na escolha de seu objeto de estudo. Filmado de 2016 até 2019, o documentário demorou 8 meses para ser montado e conseguiu extrair uma ótima história desse período de tempo contemplado.

    Mais do que retratar apenas o caso do roubo dos quadros, A Artista e o Ladrão nos apresenta uma sessão de terapia relacionada aos dois personagens principais. Conhecemos mais sobre Barbora e Karl-Bertil, analisando seus medos, as dificuldades que passam e, principalmente, seus traumas. Ree é muito feliz em colocar os protagonistas para apresentarem a história um do outro, pois passa uma imagem interessante de como esses improváveis amigos se enxergam.

    CRÍTICA – A Artista e o Ladrão (2020, Benjamin Ree)

    A história de Karl-Bertil é cheia de reviravoltas e rende ótimos momentos de reflexão. Em seu arco durante a prisão fica evidente o quanto a Noruega estimula a reinserção dele no mercado de trabalho, auxiliando no recomeço de sua vida. Uma realidade bem diferente da que vivemos aqui no Brasil.

    Por sua vez, Barbora possui traumas próximos relacionados à sua vida pessoal. Após fugir de Berlim devido a um relacionamento abusivo, ela passa a viver na Noruega, tendo que recomeçar do zero toda a sua vida. As histórias de Barbora e Bert se assemelham em alguns pontos e acabam estabelecendo um laço afetivo muito forte entre os dois.

    Há situações que o documentário deixa sem respostas, principalmente durante o período que Barbora e seu namorado Øystein passam por turbulências em seu relacionamento. Entretanto, a falta de informações é justificada, e Ree consegue finalizar muito bem a produção.

    VEREDITO

    A Artista e o Ladrão é um ótimo documentário que mergulha fundo no estudo das duas figuras principais da produção. Mais do que um filme sobre um roubo, o longa se propõe a analisar as motivações e sentimentos dessas duas pessoas aparentemente tão diferentes, mas ao mesmo tempo tão parecidas.

    Nossa nota

    4,0/5,0

    Assista ao trailer:

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