CRÍTICA – Cinema Panopticum (2021, Darkside Books)

    Cinema Panopticum é o primeiro quadrinho de Thomas Ott a ser publicado no Brasil. Em seu prefácio, a professora Maria Clara Carneiro nos ambienta à história enquanto deixa claro que a história de Ott “mostra a dança da vida, mas a morte pontua a história” com altos e baixos. Apresentando aos leitores uma realidade pouco crível, mas que coisas fantásticas podem acontecer a qualquer momento.

    O trabalho de Ott é único, pois parece fazer uso de “hachuras” para mostrar partes obscuras de nossos personagens e nos ambienta à um mundo sombrio sem pena. Mas só parece. O estilo de Ott vem da técnica conhecida como scratchboard (carte à gratter), algo semelhante às xilogravura brasileiras.

    SINOPSE

    Em Cinema Panopticum, os leitores são conduzidos por uma jovem menina e sua curiosidade até uma cabine escura repleta de caixas com pequenos filmes. Thomas se apropria da mágica dos cinetoscópios, considerado o primeiro equipamento a conseguir capturar imagens em movimento e nos leva as origens do seu cinema ilustrado. Uma narrativa gráfica cativante, bela e aterradora.

    ANÁLISE

    Uma das coisas que mais me chamaram atenção e despertaram a minha curiosidade em “ler” Cinema Panopticum, é de que o quadrinho não possui nenhum balão de diálogo. O quadrinho nos faz viajar por suas histórias apenas analisando seus quadros. Quadros esses que tem início com uma jovem menina que adentra um circo itinerante, mas ao chegar lá, percebe não possuir dinheiro para participar de nenhuma das atividades.

    Para sua surpresa, a menina se depara com uma tenda com cinco cinetoscópios. Ao adentrar na tenda, a menina viaja por histórias que a levarão por mundos fantásticos, pelo luto, criaturas bizarras e muito mais. Tudo isso, por meio de histórias com um visual obscuro e sombrio.

    Cinema Panopticum nos causa um incômodo em um primeiro momento pelo tipo de ilustração usado por Ott. As “hachuras” aplicam uma textura por vezes desagradáveis, proporcionando uma escuridão única que é necessária à trama que o autor conta. O segundo incômodo se dá pelas histórias que aquele mundo sombrio quer nos contar.

    A escuridão da trama vem dos quadros muito bem posicionados e de cinco tramas distintas.

    VEREDITO

    A garota da trama ao adentrar na tenda com cinetoscópios e olhá-los parece abrir uma janela para mundos fantásticos, ligeiramente parecidos com o nosso. E não vê apenas aspectos sombrios da humanidade, vê também aspectos inerentes às convivências humanas e aos horrores que parecem habitar o canto dos nossos olhos, quase que como vislumbres sombrios.

    As histórias de Ott funcionam como antologias, tramas soltas, como histórias de cautela, mas não só isso. As viradas de página da trama guardar surpresas tão sombrias quanto o estilo da arte de Thomas Ott, que te deixarão perturbados ao fim da história.

    Nossa nota

    4,5 / 5,0

    Cinema Panopticum

    Editora: Darkside Books

    Autor: Thomas Ott

    Páginas: 112

    Ano de Publicação: 2021

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