CRÍTICA – ‘Another Code: Recollection’ conta história única de mistério, agora no Switch

    Another Code: Recollection é coletânea lançada para o Nintendo Switch em janeiro de 2024. A coletânea conta com o remake de Another Code: Two Memories lançado para o Nintendo DS em 2005 e Another Code: R – A Journey into Lost Memories, lançado para o Wii em 2009. Em ambos os games, acompanhamos a história de Ashley, sendo eles uma sequência direta do outro. Como uma aventura point-and-click, vemos a vida da jovem Ashley Mizuki Robins mudar do dia para a noite quando verdades vem à tona e seu pai, aquele que ela há muito pensava estar morto, ressurge.

    Seja em uma ilha acompanhada por um fantasma, ou em um acampamento à beira de um lago, Ashley descobrirá mais sobre sua história em pequenas janelas de tempo – em que os games nos ambientam – do que em toda sua vida.

    Ainda que únicas, as duas jornadas de Ashley fazem os jogadores testemunhar acontecimentos únicos e tramas singulares.

    SINOPSE

    Descubra a verdade em duas aventuras de mistério totalmente aprimoradas, incluindo uma aventura inédita na América do Norte, no jogo Another Code: Recollection. Resolva enigmas, reúna pistas e investigue os traços do passado de Ashley Mizuki Robins para descobrir o verdadeiro destino de seus pais.

    ANÁLISE

    Another Code

    Another Code: Recollection é um game point-and-click de mistério e uma experiência única. Ao longo das horas de gameplay, me senti ligeiramente retirado da experiência do game por alguns motivos técnicos que serão abordados a seguir, mas antes, só tenho coisas legais a falar dos dois games. Another Code: Two Memories, conta com uma das mais elaboradas e bem trabalhadas histórias de uma propriedade intelectual da Nintendo. Uma história concisa, onde seu começo meio e fim são bem delimitados, mas seus reflexos na história de seus personagens parecem ecoar por ambos os games.

    Como adventures point-and-click, o game funciona por vezes como um visual novel, e elementos narrativos e de gameplay são trabalhados juntos, fazendo com que a história de Ashley, os mistérios da aparente morte de seu pai e a morte de sua mãe se desenrolem de maneira única. Misturando memórias, tecnologias e tramas profundas, vemos Ashley mudar ao descobrir mais de si mesma e tudo sobre sua origem.

    Ashley sabe tanto de sua história quanto nós quando adentramos no mundo de Another. Depende de nós, fazer com que ela descubra sua história procurando por seu pai na ilha de Blood Edward e posteriormente, na sequência, procurando maiores revelações sobre a vida de sua mãe.

    Another Code

    Enquanto toda a história do game parece estar envolta nas tecnologias criadas pelos pais de Ashley, a jovem descobrirá que aquele mundo é bem mais nocivo e cruel do que ela imaginava. Tudo isso, ao passo em que memórias antigas parecem se revelar, a história da jovem e quem ela é hoje, parece ser alterada no processo.

    Em um mergulho que revela mais sobre quem ela é, ambos os jogos mostram que as razões por trás dos momentos mais assustadores e traumáticos de sua vida giram em torno de seu passado que insiste em se fazer presente. Vindo à tona em diferentes situações.

    Como games focados na história, Two Memories e Journey into Lost Memories nos apresenta sempre lugares que nos levarão pela história. São focados e diretos. Assim, é fácil não perder muito tempo vagando tanto pela mansão da Ilha Blood Edward ou pelo acampamento.

    Another Code

    Ouso dizer que ambos os games inovam ao fazer a história se desenrolar em segundo plano. Mostrando que ela não tem início ou fim por causa de Ashley, mas que a personagem é uma das forças motrizes pra fazer essas histórias caminharem, ou terem um desenvolvimento/desfecho.

    Alguns problemas relacionado ao game vem de suas limitações. Mas isso não é tão terrível quanto eu talvez dê a entender. As limitações de ambiente ou interações podem ser sentidas no primeiro game, o que torna os diálogos ou interações repetitivas. A sequência dá mais espaço graças ao melhor processamento do Wii, o que torna o jogo mais assertivo. Pois ainda que nos ofereça uma área abrangente para exploração, não há muito o que fazer.

    Another Code

    A retirada clara de alguns assets ou limitações de diálogos do NPC pode nos fazer perceber que a Nintendo preferiu sacrificar o que o game poderia ser em virtude de seu visual. Mas ainda assim, a Nintendo entrega uma grata experiência, com narrativas concisas e únicas.

    Another Code: Recollection apresenta a seus jogadores uma história de mistério singular no primeiro game, mas no segundo, ele não se torna nada além de um game de aventura sem liga. Como citado anteriormente, a presença de Ashley é crucial, visto que ela é o que une essas mais diversas tramas que parecem se desenrolar ao seu redor. Mesmo sem ser culpada de nada, ela parece ser o X da questão que fará todos os nós se desatarem.

    VEREDITO

    A jornada de Ashley Mizuki Robins é mais sobre si e os outros, do que sobre aquele mundo – mais no primeiro game que no segundo. Quando mergulha nas duas respectivas jornadas, Ashley descobre aspectos diretamente ligados à sua origem e como as memórias podem ser mudadas pelo próprio cérebro para sua proteção, mas também como elas podem ser usadas para o mal. Com um quê de ‘Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças’, nossa protagonista passa a ver aquele mundo com outras cores, ou outros tons. Ao conhecer D, Matthew e muitos outros personagens o mundo de Ashley se enriquece.

    Como o primeiro dos dois games nos estabelecem a um mundo em que existem urgências, o primeiro não parece fazê-lo. E assim como em Lake – game da Whitethorn Games -, parecemos ser ambientados a uma realidade mais tranquila, sem o imediatismo que o primeiro game dos dois exigia – e à beira de um lago. Ao longo das pouco mais de 16 horas de gameplay – que levei para fechar os dois jogos -, me senti comovido por histórias que parecem ter sido concebidas por esmero singular, cuja sensibilidade se dê claramente a partir de uma mente vítima de um abandono parental ainda na infância.

    A jornada que me perde um pouco por funcionar quase sempre como uma visual novel e não haver muita ação, deixa a desejar, mas me levou até o fim da sua jornada. Mais pela curiosidade do que por como o game performa ao longo de sua gameplay. Sendo assim, ouso dizer que Another Code: Recollection emociona por sua história, mas inova pouco ou quase nada em sua gameplay. As narrativas complexas e repleta de detalhes fazem o game ser singular ao abordar um assunto pouquíssimo abordado na mídia, como a memória.

    Em uma era de jogos AAA megalomaníacos que colocam frequentemente o futuro do mundo em perigo, games como Another Code: Recollection se destaca, mostrando que histórias autocentradas podem sempre ter espaço e ser algo distante e que vai na contramão destes estilos.

    Quando mergulhar na história de Ashley e no mundo de Another Code: Recollection, tenha em mente que: as memórias terão um papel mais importante do que a história que se desenrola diante dos seus olhos. E mais, elas podem te pregar peças, então nunca confie totalmente nelas.

    Nossa nota

    4,5 / 5,0

    Confira o trailer do game:

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