CRÍTICA: ‘Harold Halibut’ é aventura sci-fi stop-motion com narrativa profunda e envolvente

    Harold Halibut‘ é um daqueles games que te chamam atenção desde a primeira vez que colocamos os olhos nele. Com animações dos personagens em stop-motion, seus personagens, cenários e afins, são compostos basicamente por massinha de modelar, papelão e papel filme. Com um visual retrô, como de uma sociedade que ficou presa nos anos 70/80. A bordo da nave Fedora, agora presa nas profundezas de um planeta alienígena cercado de água, controlamos Harold, o jovem faz-tudo da nave.

    Em uma jornada de autoconhecimento, uma aventura singular nos espera. Como o que pode ser entendido como uma aventura espacial, o game nos faz ver como este mundo único é repleto de segredos e uma infinidade de elementos que nos irão atrapalhar ou auxiliar nesta jornada em busca de um caminho de volta.

    Feito quase que inteiramente para funcionar como um game narrativo, este conta com mecânicas únicas de exploração, que farão seus jogadores se encantar não apenas pelo solícito e jovem Harold, mas por todos os tripulantes da Fedora – ou quase todos.

    SINOPSE

    Você é Harold, um jovem assistente de laboratório da cientista-chefe da nave, Jeanne Mareaux. Embora a maioria dos habitantes tenha aceitado a vida a bordo da nave naufragada, Mareaux ainda trabalha sem parar, buscando um jeito de fazer a nave sair do planeta e encontrar um novo lar mais seco.

    ANÁLISE

    Harold Halibut

    Com um desenvolvimento que teve início em 2012, a Slow Bros, estúdio que na época nem mesmo sabia o que estava criando, começou sua empreitada no mundo dos games. Por meio da fotogrametria – escaneamento 3D -, o estúdio trouxe para o mundo digital os personagens criados com massinha, papelão e muito mais. Parecendo por vezes uma animação stop-motion ainda mais fluída, o game nos lança por uma jornada admirável, por vezes humana e sempre trágica.

    Sendo um game riquíssimo em detalhes, aqui, parecemos estar presos em uma estética com neons, totens de papelão e acima de tudo, uma sociedade regulada pela água. Ou melhor, Pela “Soacqua.” A Soacqua surgiu da necessidade de existir uma regulação no elemento de maior abundância, a água – que existe no planeta no qual a Fedora caiu após um acidente.

    Por meio de tubos regulados pela empresa, podemos viajar pelos mais diversos distritos da nave, encontrando amigos, conhecidos e realizando serviços.

    Harold Halibut nos faz ver este mundo por alguns diferentes vieses, seja o trágico, como o único lugar que muitas gerações já conheceram – já que a humanidade habita a nave há pouco mais de 5 gerações -, ou por um viés mais realista e pé no chão: se existe um problema, vamos resolvê-lo.

    Com um esquema de jogabilidade com ciclos de dias, que garantem janelas de tempo para realizar determinadas atividades, me vi imerso seja decorando cada parte do mapa e da Fedora, como de outros lugares que pareciam há muito escondidos.

    Quando Harold, o faz-tudo e assistente da doutora Moreaux, a quem o tem como um filho. No momento em que uma mensagem misteriosa chega do planeta de origem à Fedora, tudo muda e os planos de encontrar um novo combustível para a nave passa a ganhar uma urgência ainda maior.

    CRIANDO LAÇOS, REPARANDO COISAS, VIAJANDO POR TUBOS

    Harold Halibut

    Alguns dos aspectos que mais cativam em Harold Halibut estão ligados diramente ao fato deste ter em seu cerne os mais diversos mistérios da psiqué humana. Seja a fragilidade ante o fim, suas interações carismáticas ou até as brutais. E Harold, mesmo sendo diminuído ou mal quisto por muitos, este viaja pela nave cuidando dos seus, causando problemas – mesmo que sem querer -, mas executando suas atividades com maestria.

    Seja por meio do cuidado colocado na produção do game pelo que a Slow Bros conseguiu atingir aqui, ou pela riqueza de detalhes de cada um dos ambientes, vemos aqui um salto em relação a outros games stop-motion produzidos.

    Mesmo que reparando coisas por toda Fedora, e até mesmo laços entre seus tripulantes, como Harold, Harry ou Haol, acompanhamos alguns dos mais profundos aspectos humanos diante do que pode vir a ser o fim dessa jornada. Como tudo que é feito neste mundo é brilhante ver a diversidade não apenas de pessoas, como de indivíduos, com diferentes habilidades e backgrounds.

    Com tramas que giram em torno não apenas de Harold, como de todos os tripulantes, descobrimos detalhes profundos sobre suas histórias, relações com outros habitantes da Fedora já não tão boas e temos a oportunidade de reparar seus laços, unindo os habitantes e os personagens deste mundo. Viajando por tubos alimentados e regulados pela SoAcqua, precisamos prosseguir com cuidado a fim de cumprir nossos objetivos. Seja por como o game nos ambienta à história, ou por como ele nos fazem sentir imersos, vemos aqui uma proposta diferente de todas as outras, encontrar uma saída para a complicada situação em que eles se encontram.

    VEREDITO

    Seja pelas quase 15 horas de jogo para completá-lo, ou por não desistir enquanto não havia conversado com todos os habitantes da Fedora, cumprir todas as missões secundárias se tornou uma meta para mim. Ao longo de tudo que vi, pude testá-lo antes mesmo do lançamento, o que foi brilhante. Jogando um pouco a cada dia me deu a oportunidade de aproveitar cada um de seus inúmeros aspectos de gameplay.

    Distante de ser apenas um game narrativo, este possui elementos que vão além do que podemos ver. O cuidado da Slow Bros nos encaminha por uma jornada emocionante e divertida. O que fazem o game ter sucesso em tudo que se propõe. Não apenas como um game de exploração/aventura, Harold Halibut conta uma história sobre amizade e acima de tudo, sobre relações.

    Por ser diferente de tudo que foi feito até aqui, a jornada de Harold brilha quando o assunto é se mostrar singular na jornada em que nos lança e nos incríveis detalhes de level design. Sendo riquíssima em detalhes e elementos, Harold Halibut se tornou um dos meus games favoritos de 2024.

    Nossa nota

    5,0 / 5,0

    Confira o trailer do game:

    Harold Halibut chegou no dia 16 de abril ao PC, PlayStation 5 e Xbox Series X/S.

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