CRÍTICA – Árvores da Paz (2022, Alanna Brown)

    Árvores da Paz é um filme independente, escrito e dirigido por Alanna Brown e distribuído pela Netflix. O longa aborda o Genocídio de Ruanda em 1994, através de uma história comovente sobre sobrevivência. No elenco estão Eliane Umuhire, Charmaine Bingwa, Ella Cannon e Bola Koleosho.

    SINOPSE

    Durante o Genocídio contra os Tutsis de 1994 em Ruanda, quatro mulheres de diferentes origens e crenças são presas e buscam esconderijo. A luta por sobrevivência une essas mulheres em uma irmandade inquebrável. Este filme explora o sofrimento e sobretudo, a resiliência dessas quatro mulheres presas durante este período sombrio da história humana.

    ANÁLISE

    Árvores da Paz é um filme de muitas camadas e cada qual expressa um sentimento diferente no espectador. O longa se passa em um momento horrível da história da humanidade, o Genocídio de Ruanda em 1994 foi uma massacre contra a etnia tutsis pela etnia hutus.  Durante cem dias, mais de 800 mil pessoas foram mortas no país, sem que a Organização das Nações Unidas (ONU) interviesse no conflito. 

    A perseguição aos Tutsis e aos Hutus moderados tomou o país, qualquer um que opusesse aos Hutus era morto, dessa forma muitas pessoas precisaram se esconder. O filme de Alanna Brown se passa durante o conflito, com Annick (Eliane Umanugire) grávida de cinco meses precisando se esconder na dispensa de sua cozinha. Junta-se a ela a freira Jeanette (Charmaine Bingwa), uma estadunidense voluntária no país Peyton (Ella Cannon) e a jovem Mutesi (Bola Koleosho). 

    Com o marido de Annick,  François (Tongayi Chirisa) indo até as mulheres esporadicamente e levando quando possível água e comida, elas passam cerca de 90 dias no esconderijo. É um filme potente que retrata um acontecimento que marcou para sempre Ruanda, mas que pouco se é falado em outros países. 

    Dessa forma, a diretora e roteirista têm o cuidado ao abordar o tema. Entre os diálogos das personagens, entendemos como a guerra civil na Ruanda foi criada a partir dos colonizadores que impuseram segregações entre as etnias do país. Há o debate étnico e colonizador, mas o filme se propõe a ir além.

    A partir das protagonistas, diferentes histórias de vida são contadas, cada qual com suas particularidades e ressentimentos do mundo, mas é justo na dor que essas personagens se encontram e conseguem conforto uma das outras. Durante o tempo que passam no quarto pequeno, elas fazem brincadeiras, aprendem novos idiomas e criam um laço de amizade, resiliência e sobrevivência. 

    Nesse sentido, a direção de Brown é  especialmente fascinante. Como o filme se passa inteiro em um pequeno quarto abaixo da casa, a diretora aposta em planos médios que no ambiente claustrofóbico denotam as personagens. O trabalho de som é o que dá peso ao filme, a diretora tem o cuidado de nunca mostrar demais e deixar que as reações das personagens sejam o norte do espectador, visto que, o esconderijo contém uma janela no nível da rua que traz os acontecimentos de fora para dentro. 

    O roteiro em discursos e diálogos demorados também engrandecem o filme à medida que vamos conhecendo mais daquelas mulheres que estão trancadas ali. Dessa maneira, Árvores da Paz pouco perde o seu ritmo, ainda que algumas cenas de time jump estejam mal encaixadas no decorrer do filme. 

    Sendo assim, este é um filme para compreender um pouco sobre o que foi as atrocidades cometidas em Ruanda em 1994 e como após os acontecimentos, as mulheres do país conseguiram restabelecer a nação através de uma campanha de paz. Atualmente, Ruanda tem mais mulheres ocupando cargos governamentais que qualquer outro país no mundo. 

    VEREDITO

    Um filme extremamente emocionante que nunca apela demais. É fato que atualmente filmes que tratam de resiliência e sororidade podem cair em certos clichês, mas Árvores da Paz sabe medir bem suas intenções e, ao contextualizar suas personagens em um fato histórico, dá peso à narrativa. 

    Nossa nota

    4,5 / 5,0

    Assista ao trailer:

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