CRÍTICA – ‘Maboroshi’ requer estômago por suas estranhezas, mas entrega obra complexa

    Maboroshi, no título em inglês Alice to Therese no Maboroshi Koujou é um longa-metragem animado do Studio Mappa e uma produção original Netflix, estúdio responsável por adaptações de mangá como Jujutsu Kaisen, Attack on Titan e muitas outras. Na história da animação, acompanhamos a história do jovem Masamune e de seus amigos, que após testemunharem um acidente na usina da cidade, veem suas vidas transformadas para sempre. Enquanto abordam fanatismo religioso, estranhezas ligadas ao isolamento e conta com uma narrativa única, o longa apresenta tópicos incômodos, por serem bizarros e indigestos, e mostra que o plano de fundo poderia ser outro que não uma narrativa bizarra e confusa.

    Quando um acidente da usina causa um grande estrondo, o céu da cidade parece rachar. A única coisa que parece fazer essas rachaduras fecharem são as fumaças em formato de dragão que parecem fluir da usina em direção à elas.

    SINOPSE

    A explosão de uma fábrica deixa uma cidadezinha congelada no tempo. Agora, o adolescente Masamune e seus amigos precisam se adaptar a essa realidade.

    ANÁLISE

    Maboroshi

    Ainda que a sinopse da Netflix faça um bom trabalho nos preparando para o que vem por aí – o que é raro, pois quase sempre entregam todo o enredo das tramas – ouso dizer que a classificação indicativa do filme de 12 anos é um erro. Não apenas por normalizar elementos como a sexualização de adolescentes por outros adolescentes, como também por nos lançar em elementos incômodos da vivência destes.

    Masamume, que perdeu o pai após os acontecimentos na usina da cidade é criado por sua mãe, seu tio e seu avô. Como um adolescente naturalmente estranho dada sua idade, ele e seus amigos passam a ver que aquele mundo possui problemas além dos que naturalmente existem para indivíduos nesta faixa etária.

    Enquanto precisa lidar com a possibilidade de não envelhecer, ou nunca mais se ver livre, sua relação com aquele mundo muda quando uma das crianças de sua escola desaparecer diante dos seus olhos.

    Maboroshi

    Como um recorte de mundo em que bizarrices ocorrem o tempo todo, a interação e os claros problemas de relação interpessoais me causam um desconforto à todo tempo. Não apenas pelo longa analisar a ótica daqueles personagens ante um fato completamente único, mas também por não parecer saber onde quer chegar com sua história, a animação conta com uma história confusa e truncada. E que nela, o diretor não parece ter o intuito de oferecer nenhuma clareza em relação à sua história ou seu enredo.

    Quando analisamos o visual da história e a animação, ela se mostra única e brilhante. Mas a forma dos jovens agir em uma época tão confusa, é horrível e incômoda. Não apenas por como eles lidam com sua sexualidade, como também por como eles nos fazem entender como eles lidam com isso tudo em meio ao simples fato de estarem preso no tempo.

    Quando fanáticos religosos tomam o palco, tudo muda de figura e o que até então é “sabido” sobre os acontecimentos do filme, não passam de uma enganação. Ou seja, o “congelamento no tempo” tem muito mais do que entendemos ou sabemos.

    VEREDITO

    Enquanto conta uma história curiosa, acredito que os diretores Mari Okada, Seimei Kidokoro pudessem ter escolhido um pouco melhor o pano de fundo para as histórias que queriam contar. Não apenas por poder nos lançar em um núcleo mais maduro, ou deixar elementos bizarros de fora da equação. Isto, pois dada a complexidade do filme, o entendimento dos acontecimentos por um público mais jovem é quase impossível.

    Ou seja, ver como um adulto a relação entre adolescentes e suas descobertas são incômodas e fogem do que era de se esperar em uma trama quase de sci-fi. Sem explicações científicas ou um embasamento, a história nos guia apenas por como aqueles personagens veem sua realidade. Os incômodos frequentes vem do longa não ser um filme infantojuvenil, não possuir uma linguagem adequada e tampouco transmitir o que se é esperado das relações interpessoais.

    Quando qualquer fator relacionado à explicação é mencionado, o longa é encaminhado para o filme. Sendo forte, pouco identificável, Maboroshi perde a oportunidade de ser uma incrível animação. Sendo apenas um longa esquecível e incômodo, o longa falha em tentar replicar o sucesso que Your Name fez, mas em diferentes aspectos e deixa a desejar quando seu fim chega.

    Nossa nota

    3,5 / 5,0

    Confira o trailer do filme:

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