CRÍTICA – Laços (2020, Daniele Luchetti)

    O romance dramático Laços (The Ties) é dirigido por Daniele Luchetti e abriu o 77º Festival Internacional de Cinema de Veneza em 2020. O longa será lançado no Brasil no dia 9 de julho para compra e aluguel nas plataformas Claro Now, Vivo Play, Sky Play, iTunes / Apple TV, Google Play e YouTube Filmes.

    Laços é baseado no livro homônimo de Domenico Starnone, que no Brasil foi lançado pela Editora Todavia, e conta a história de um casal e suas rusgas ao longo das décadas.

    SINOPSE

    A história se passa nas cidades de Nápoles e Roma, na Itália, e retrata o casamento de Aldo e Vanda. Ao voltarem de uma viagem, o casal encontra o seu apartamento revirado. Antigas lembranças de traição, abandono e os vínculos de um relacionamento que perdura há mais de 30 anos retornam, e ambos percebem que algumas feridas nunca cicatrizam. Em paralelo, os filhos do casal vivem as consequências dessa história de amor conturbada.

    ANÁLISE

    Laços apresenta a história do casal Aldo e Vanda em diferentes décadas. Quando jovens, são interpretados por Luigi Lo Cascio e Alba Rohrwacher. Na terceira idade, temos os atores Silvio Orlando e Laura Morante.

    O nome Laços traz um bom significado para o desenrolar da trama: laços familiares, laços de amor e também o ato de amarrar o cadarço do sapato. Todas essas situações, que envolvem a palavra como metáfora, estão presentes no roteiro de Francesco Piccolo e Daniele Luchetti. Luchetti é também o diretor do longa, mostrando que a obra tem um significado bem valioso para ele.

    Durante os 100 minutos de duração, acompanhamos o relacionamento de Aldo e Vanda se desintegrando e, com o tempo, encontrando formas de sobreviver. Entretanto, essa reconstrução se dá sem confiança, sem perspectiva e sem amor próprio.

    Laços é um filme sincero sobre como idealizamos uma relação e esperamos que ela seja tudo aquilo que sonhamos. Vanda acredita, com todas as forças, que a felicidade só estará presente se aquela pequena conexão perdurar para a vida toda. Essa obsessão mais atrasa do que, de fato, rende crescimento, transformando o amor em uma prisão.

    CRÍTICA - Laços (Daniele Luchetti, 2020)

    Esse relacionamento caótico, é claro, tem consequências catastróficas nos filhos. As crianças acabam repetindo modelos e escolhas de vida acreditando que, daquela forma, estariam acertando em suas decisões. É um ciclo.

    O longa de Luchetti consegue explorar bem o tema durante a juventude de Vanda e Aldo. Conseguimos sentir as frustrações e angústias dos personagens, além de constatarmos em tela as consequências que o abandono paterno pode causar para uma família. A humilhação, o rancor e desespero de uma mãe que se vê reduzida a uma vírgula na vida de seu antigo marido.

    A melhor atuação do longa é de Alba Rohrwacher, pois ela também possui as cenas mais desafiadoras. A atriz tem espaço para explorar os momentos de depressão da personagem, bem como os pequenos instantes de alegria com seus filhos. Luigi Lo Cascio tem uma atuação mais tênue, condizente com seu personagem covarde.

    Perto da finalização, quando transitamos do passado para o presente, o ato parece deslocado do restante da trama. É como se fosse o início de uma outra história e que não há tempo suficiente para explorá-la da forma que poderia. Nesse ato também temos constantes retornos ao passado por meio de flashbacks, perdendo a oportunidade de explorar todo o rancor e mágoa que os personagens possuem um pelo outro.

    Entretanto, a cena que envolve Anna (Giovanna Mezzogiorno) e Sandro (Adriano Giannini) é divertida e um pouco inesperada, deixando uma pequena ponta de esperança sobre uma mudança na vida dos filhos do casal.

    VEREDITO

    Laços é um estudo sobre relações imperfeitas e que não deveriam perdurar. O filme possui um ótimo elenco e bom tempo de duração, mas sua condução não cativa da forma que poderia, não evocando grandes sentimentos ao término da projeção.

    Nossa nota

    3,0/5,0

    Assista ao trailer:

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