CRÍTICA – Mentes Extraordinárias (2021, Alexandre Jollien, Bernard Campan)

    Já ouviu falar de road movies? Conhecidos também como filmes de estrada, é um subgênero cinematográfico que, por sua estrutura episódica e pelo desenvolvimento pessoal de seus personagens, é herdeiro da tradição literária da jornada do herói, uma estrutura de história mais utilizada em mitos, lendas, romances e obras narrativas em geral. É nesse formato que se encontra o filme Mentes Extraordinárias

    Além de estrelar e dirigir a produção, Bernard Campan também assina o roteiro ao lado de Helene Gremillon e Alexandre Jollien.

    SINOPSE

    Louis (Bernard Campan) é diretor de uma empresa funerária. Aos 58 anos, nunca se casou, nem pretende; para ele, o trabalho ocupa a vida inteira. Já Igor (Alexandre Jollien), homem que teve uma paralisia cerebral ao nascer, tem 40 anos e trabalha entregando legumes aos moradores da região, enquanto dedica o resto de suas horas à leitura. Por acaso, estes dois homens embarcam numa viagem, a bordo de um carro funerário, para entregar os restos mortais de uma senhora idosa.

    ANÁLISE

    No elenco, Alexandre Jollien cativa não só por sua atuação e simplicidade de seu personagem, mas torna tudo mais real quando atua vivendo a sua própria realidade. Alexandre é um filósofo suíço que assim como Igor, nasceu com paralisia cerebral. O que casa perfeitamente com o entregador de verduras e considera grandes filósofos seus únicos amigos.

    Já Bernard Campan consegue passar de um homem sem emoções, que se conforma sem muita relutância com os acontecimentos de sua vida, para alguém que exala sentimentos e emoções.

    O encontro nada convencional e a forma com que os dois se aproximam é tão natural como se já fossem amigos há tempos. Até mesmo nos desentendimentos dos protagonistas, a resolução é simples, porque ambos se entendem e não se abalam. Assim como a forma com que o filme segue, tão natural e orgânico quanto os laços entre os protagonistas. Embora seja previsível, Mentes Extraordinárias não cria uma oposição tão forte entre as realidades dos protagonistas. Louis parece ter toda paciência do mundo diante das recorrentes impertinências de Louis.

    E em nenhum momento o agente funerário demonstra qualquer dificuldade específica por lidar com um portador de necessidades especiais. Então, a presença de Igor pode até ser, digamos, emocionalmente pedagógica no fim das contas, mas não no sentido de quebrar uma preconcepção restrita/tacanha. As lições que um ensina para o outro são mais de natureza emocional do que comportamental. E, como cineasta, Bernard Campan não demarca didaticamente cada passo da jornada, fazendo dela uma decorrência natural do famigerado aprendizado.

    VEREDITO

    Mentes extraordinárias é uma comédia dramática agradável do tipo para se ver e rever, além de remeter a outros filmes como por exemplo, Intocáveis (2011). Um ponto forte do roteiro de Bernard Campan e Manuel Poirier é o fato de usar a filosofia no personagem de Alexandre Jollien para enriquecer o texto e tornar Igor sempre interessante para o desenrolar da trama, o que fortalece o elo entre os protagonistas.

    Nossa nota

    3,0 / 5,0

    Assista ao trailer legendado:

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