CRÍTICA – Nomadland (2020, Chloé Zhao)

    Nomadland é o nome do Oscar 2021. Vencedor do Leão de Ouro, BAFTA, Globo de Ouro, SAG Awards e da maioria das premiações de sindicatos, o longa de Chloé Zhao é o favorito para vencer na categoria de Melhor Filme e Melhor Direção na premiação deste ano.

    SINOPSE

    Uma mulher que, depois de perder tudo na Grande Recessão, embarca em uma viagem pelo Oeste americano, vivendo como um nômade moderno que vive em uma van.

    ANÁLISE

    Nomadland é um daqueles filmes que merecem figurar entre os melhores do ano do Oscar. Com uma trama simples, mas repleta de significados, o longa é quase um irmão de Minari na forma de retratar o superestimado sonho americano.

    Roteirizado e dirigido por Zhao, Nomadland busca retratar a vida dos Nômades após a Grande Recessão vivida nos Estados Unidos em 2011. Por meio da personagem principal Fern (Frances McDormand), somos impactados pela história de vida de diversas pessoas reais vivendo em condições pouco convencionais.

    Adaptado da obra de mesmo nome escrita por Jessica Bruder, o filme de Zhao nunca é explícito em sua mensagem sobre o sistema americano, mas expõe em tela a contradição do modelo de trabalho que nos tira anos de vida e nos abandona quando envelhecemos.

    CRÍTICA – Nomadland (2020, Chloé Zhao)

    Com apenas 107 minutos e um orçamento de aproximadamente 6 milhões de dólares, Nomadland consegue contar uma grande história, misturando elementos documentais com a trama fictícia de Fern. É um trabalho primoroso de montagem e edição, bem como uma ótima direção exercida por Zhao.

    As paisagens e locações são belíssimas, dando o ar de documentário a cada nova cena. São incríveis as imagens captadas por Zhao durante o entardecer e nos momentos em que Fern viaja pelas estradas do país. O longa é também um dos mais cotados para vencer a categoria de Melhor Fotografia – e com grandes méritos.

    A atuação de Frances é sempre maravilhosa e, aqui, não é diferente. Uma das favoritas ao prêmio de Melhor Atriz no Oscar 2021, a veterana é também produtora do filme. Cumprindo a promessa feita em sua última vitória na premiação, Frances retorna com uma produção dirigida, roteirizada e protagonizada por mulheres e que facilmente se enquadra em uma das melhores de sua carreira.

    A adaptação da matéria jornalística de Bruder também está entre os prêmios cotados para Nomadland. A trama da personagem Fern é agridoce. Após perder seu marido, sua casa e seu antigo emprego, ela é obrigada a se mudar e acaba vivendo em sua van. Sua escolha é muito mais uma tentativa de se encontrar dentro de um sistema que não lhe garante segurança e nem saúde, do que de fato uma certeza.

    É perceptível o quanto a personagem cresce ao longo do filme, mesmo que a sua vida antiga ainda ressoe como seu único momento de plenitude. Como em uma passagem descrita no roteiro, uma aliança é como um ciclo que nunca termina. O final de Nomadland deixa essa citação ainda mais clara. A busca pela felicidade é cíclica e é possível tentarmos diversos caminhos.

    CRÍTICA – Nomadland (2020, Chloé Zhao)

    Outro ponto que deve ser destacado é a solidariedade entre os nômades retratados na história. Todos estão no mesmo barco, sentem as mesmas dores e se apoiam da forma que podem. Os momentos de alegria logo são substituídos pelas constantes despedidas que essa vida proporciona. Suas histórias ressoam como um aviso para as gerações futuras, e é importante que fiquemos atentos a esses sinais.

    Nomadland pode não ter grande impacto no telespectador logo depois que a exibição termina, mas é uma história que se mantém em nossas mentes por um longo tempo.

    Chloé Zhao não parece ter pretensão nenhuma de criar um debate, declarar guerra ao sistema ou glamourizar qualquer escolha de vida. Seu roteiro é um exercício filosófico sobre o que pode realmente nos preencher como seres humanos em um mundo que não prioriza, de fato, a felicidade de todos.

    VEREDITO

    Simples e objetivo, Nomadland traça paralelos entre o sonho americano e a real felicidade das pessoas inseridas nele. Um belo estudo de caso, com a excelente condução de Chloé Zhao e uma atuação esplêndida de Frances McDormand.

    Nossa nota

    5,0/5,0

    Assista ao trailer:

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