Algo inegável sobre os longas com animais assassinos é que essas produções sempre tiveram um público muito grande. Desde Tubarão (Jaws), de Steven Spielberg, lançado em 1975, a “onda” de filmes com uma premissa que envolve uma criatura da natureza sedenta por carne humana tornou-se cada vez mais popular. Mesmo com a queda na qualidade das produções deste subgênero do horror, sempre tem um diretor que resolve se aventurar nesse seguimento conseguindo entregar bons, e divertidos, resultados – como Megatubarão (2018), por exemplo. Predadores Assassinos (Crawl), dirigido pelo francês Alexandre Aja (Espelhos do Medo), e produzido por Sam Raimi (A Morte do Demônio), também segue essa premissa e surpreende.
Na trama, uma cidade na Flórida está sendo evacuada prestes a ser atingida por um furacão. Kaya Scodelario (Maze Runner) vive Haley, uma jovem que, preocupada, decide procurar o pai, Dave (Barry Pepper), que não está atendendo ao telefone. Ao encontra-lo desacordado na antiga casa da família, a protagonista descobre que ele foi gravemente ferido por um jacaré e eles precisam lutar para não se tornarem a próxima refeição do animal enquanto o imóvel está prestes a ser inundado pelas enchentes causadas pela chuva e pelo furacão.
Predadores Assassinos faz um bom trabalho ao reconstruir uma relação, abalada, entre pai e filha, que vai evoluindo ao longo da trama, não é nada muito complexo, porém faz a história avançar. Scodelario está muito bem no papel, ela convence na atuação e na fisicalidade. É muito bom ver mais uma personagem feminina sendo bem aproveitada em um filme de terror e que não é resumida a gritos e chiliques quando o “bicho pega”. Haley é inteligente e forte, e isso não é evidenciado apenas através de diálogos, muito pelo contrário, o roteiro de Michael Rasmussen e Shawn Rasmussen sabe abordar essas características dela em cenas tensas e sem precisar apelar para clichês.
Outro grande acerto do filme está na escolha do cenário e no ritmo. Uma boa parte da história se passa dentro de uma casa – no crawl space da residência, para ser mais específico –, rendendo alguns dos melhores momentos da narrativa. Por se passar em um ambiente fechado, há muitas cenas onde os personagens são colocados em situações claustrofóbicas. Isso, aliado às escolhas de câmera, sempre muito fechada nos rosto dos atores em determinadas situações, adotadas pelo diretor tornam a experiência de ver este filme ainda mais interessante.
O ritmo, sempre frenético, faz o longa, que tem 87 minutos de duração, passar bem rápido. Por conta disso, o filme não permite ao espectador nem respirar, pois a luta pela sobrevivência é constante e o roteiro vai colocando os personagens em situações cada vez mais complicadas.
A cinematografia de Maxime Alexandre (diretor de fotografia de A Freira e Shazam!) não é nada revolucionária, mas há coisas que devem ser elogiadas. Predadores Assassinos adota um filtro esverdeado em alguns momentos da projeção que contrastam muito bem com outros momentos quando um personagem está banhado em uma luz vermelha dos sinalizadores de fumaça. São pequenos detalhes como estes que destacam o cuidado do diretor e do diretor de fotografia na escolha das cores, mostrando como elas influenciam muito na estética de um filme.
Infelizmente, o filme não tem só acertos. O CGI (efeitos criados em computadores) dos jacarés são um pouco problemáticos. É perceptível – principalmente quando os animais atacam – que são criaturas criadas digitalmente, no entanto isso não tira o impacto das cenas e nem afeta tanto o longa, que decide apostar na simplicidade e na criatividade e se sai muito bem.
Predadores Assassinos é uma baita surpresa para quem é fã deste subgênero de animal assassino, é divertido, assustador e tenso.
Confira o trailer legendado abaixo:
O filme estreou nos cinemas brasileiros na última quinta-feira, 26 de setembro, e é uma ótima pedida. E você, já assistiu? Deixe seus comentários e sua avaliação.
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