Quarteto Fantástico talvez ocupe o lugar mais alto na minha lista de grupos de heróis desde a infância. Não apenas pelo longa-metragem dos anos 2000, como também por nos oferecer uma dinâmica diferente ao que víamos nos quadrinhos da equipe na mesma época. Um dos meus quadrinhos favoritos era o Ultimate do grupo, que os colocava como jovens adolescentes super poderosos.
Com uma origem ligeiramente diferente do material original, o grupo possuía dinâmicas curiosas e bem diferentes não só de outras versões nos quadrinhos da época, como também do padrão que a própria Marvel costumava seguir. O grupo fora tão importante, que ideias nascidas neste arco deram origem a elementos como o Marvel Zombies, a exploração de realidades paralelas e o multiverso. De modo que, futuramente, o grupo acabou por servir de inspiração para o terrível filme de 2015, mas não apenas isso.
O Reed Richards desse arco se tornaria um dos vilões multiversais mais perigosos que a Marvel já viu, o Criador.
‘Quarteto Fantástico – Primeiros Passos’ é mais do mesmo?

Acima de tudo isso, Quarteto Fantástico – Primeiros Passos tem um papel importante no cinema de heróis. Trazer novos ares para tudo que foi apresentado até aqui. Ou melhor, reapresentar os heróis que foram apresentados no passado, mas agora, da forma como a Marvel o faz. E ouso dizer, que dessa vez, talvez eles tenham conseguido.
Lançado em 24 de julho de 2025, o filme nos apresenta a jornada de Reed Richards/Senhor Fantástico (Pedro Pascal), Sue Storm/Mulher Invisível (Vanessa Kirby), Johnny Storm/Tocha Humana (Joseph Quinn) e Ben Grimm/O Coisa (Ebon Moss-Bachrach).
Ao passo em que somos lançados neste mundo, fica claro que se passaram 3 anos desde o incidente que deu origem aos poderes do grupo e eles hoje, estão bem estabelecidos como os heróis que conhecemos, e aqui, eles assumem o papel dos únicos protetores da Terra. Com um visual retrofuturista, somos transportados para uma Nova York onde ameaças surgem com frequência, exigindo constante atuação do grupo. Outro conceito clássico apresentado pela equipe, é sua Torre Baxter – a base de operações da equipe -, agora, imponente no coração da cidade.

Além do design de produção incrível, temos um dos filmes mais visualmente interessantes da Marvel até aqui. Com Matt Shakman na direção, o filme nos transporta a uma estética única, uma mistura charmosa dos anos 60/70 em que o Quarteto foi criado com o retrofuturismo à la Os Jetsons.
Com um roteiro coeso, sucinto e que vai direto ao ponto, o diretor deixa claro quem os personagens são desde os primeiros momentos. Mas deixa espaço para desenvolvê-los com mais propriedade conforme a história se desenrola. Sem depender tanto de fan services, ou easter eggs, ele nos brinda com referências divertidas, mas acima de tudo, clássicas da era que o longa aborda. Brincando com as animações da Hanna-Barbera, o Quarteto, nesta realidade também possui sua própria animação.
Felizmente, Quarteto Fantástico – Primeiros Passos não se mostra como mais do mesmo. Apesar de possuir fórmulas conhecidas da Marvel, o longa se distancia ao apostar em uma ambientação ousada, uma resolução improvável, personagens emocionalmente desenvolvidos e uma estética própria.
Um novo capítulo da Marvel, um novo caminho

Ambientado em uma Terra diferente da 616 – o universo principal do UCM -, o Quarteto Fantástico, ganha o status de protetores da humanidade. Ao nos oferecer uma “história de origem” com muitas aspas, precisamos entender que o filme aborda o que é realmente importante. As motivações, quem são estes personagens e como eles se diferem em relação a todas as outras iterações que o grupo já teve no cinema.
E por iniciar assim, talvez o filme da Marvel seja o mais independente de todos até aqui. Sem se debruçar em histórias pré-estabelecidas, Matt Shakman tem uma tela em branco para contar sua própria história. Uma história tão profunda e emotiva, como a primeira família da Marvel merece.
Como o primeiro filme da Fase 6, Quarteto Fantástico – Primeiros Passos ignora em partes o que foi feito em Thunderbolts, ou pelo menos em relação à cena pós-crédito. Estabelecendo novos paradigmas, talvez daqui até Vingadores: Doomsday, vejamos novas Terras em futuras produções e novas ameaças sendo tratadas como perigos reais, como Galactus foi aqui.
Veredito

Quarteto Fantástico – Primeiros Passos mostra como a Marvel pode voltar a ser o que era. Se afastando do universo conhecido que vem sendo construído desde 2008, Shakman se aproveita e ousa em tudo que se propõe. Apresenta um Galactus imponente e amedrontador, uma nova Surfista Prateada, um Johnny Storm não tão infantil, um Coisa bondoso – e reflexo de Jack Kirby -, uma Sue e um Reed com peso dramático real, mas que entendem a jornada que precisam percorrer até chegar ao fim. Ou melhor, evitar que o fim do lar que eles conhecem, chegue.
Extraindo o máximo de personalidade de seus personagens, Matt Shakman sabe como dar a eles diferentes profundidades, tornando-os multifacetados, o que afasta esta adaptação de todas as outras do Quarteto até aqui. Ao fazer com que todos tenham o mesmo espaço na tela e a mesma importância, o filme brilha até nos pequenos detalhes, que vão desde os easter eggs de filmes passados, até por como ele nos faz sentir do início ao fim.
Algo que o Universo Cinematográfico da Marvel parece ter esquecido ao longo dos anos, é exatamente o ponto em que Quarteto Fantástico – Primeiros Passos acerta. O longa entende que o que realmente importa são as relações, as escolhas e como essas histórias podem nos tocar. Com personagens que fogem da bidimensionalidade das telas, tramas que se desenvolvem com emoção, o filme é capaz de mostrar que ainda há espaço para contar narrativas mais íntimas mesmo que diante de um universo tão grande.
O tom desta história foge do que estamos acostumados a ver ao longo desses 17 anos de filmes, séries e animações. E isso funciona tão bem. Ao invés de repetir e reutilizar as formas que o cinema de heróis já parece ter se cansado, Primeiros Passos conta a história a partir de uma abordagem própria, mais contida e centrada na história dos personagens. Provando de uma vez por todas que mesmo contando uma história que já conhecemos, emoção e profundidade podem caminhar juntas, principalmente quando abordamos o legado da primeira família da Marvel.
4,5 / 5,0
Confira o trailer do filme:

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