A relação da humanidade com a natureza e por consequência a sua revolta pela intervenção em seu curso gerando algum tipo de desastre é um tema que de tempos em tempos se destaca no cinema, sempre com produções que trazem alguma reflexão a respeito das relações sociais e as questões morais perante um momento caótico. A mais recente produção com o tema é o filme que chega com o título em português “Sobreviventes – Depois do Terremoto” (Concrete Utopia), uma produção asiática escrita e dirigida por Um Tae-Hwa que também é responsável pela produção do roteiro que adapta a segunda parte da webtoon Pleasant Outcasts de Kim Soongnyung.
O elenco é formado por Lee Byung-Hun (Amor e outros dramas), Park Seo Joon (A criatura de Gyeongseong), Park Bo Young (Uma dose diária de sol) nos papéis principais além da participação de Kim Sun-Young e Park Ji-Hu.
O filme foi lançado inicialmente na Coreia do Sul em 9 de agosto de 2023, foi a seleção do país para concorrer a melhor filme internacional na mais recente edição do Oscar e chega aos cinemas nacionais em 18 de janeiro de 2024.
SINOPSE
Depois de um poderoso terremoto, Seul é devastada, restando apenas as ruínas da grande cidade e o apartamento Hwanggoong é o único lugar que ainda está de pé após a tragédia, se transformando em um ponto de abrigo para os sobreviventes.
Young-Tak (Lee Byung-Hun) conduz temporariamente os residentes do apartamento de Hwanggoong e à medida que a crise se desenrola, Young-Tak tenta proteger os residentes de estranhos que começam a chegar aos poucos.
Min-Sung (Park Seo-Joon) que era um funcionário público, é escolhido por Young-Tak e se torna seu ajudante e enquanto isso Myeong-Hwa (Park Bo-Young), esposa de Min-Sung é enfermeira a ajuda a cuidar dos feridos, mas com o passar do tempo o número de pessoas no prédio só aumenta, exigindo uma medida especial.
ANÁLISE
Sobreviventes me surpreendeu de forma bem impactante pelo fato de não ser apenas um filme voltado às questões do desastre em si trazendo um excelente desenrolar de outros fatos que acrescentam profundidade à narrativa.
O trabalho de direção me chamou atenção por conduzir de uma forma tão sútil o tom dos acontecimentos que inicialmente nos levam para os fatos do terremoto, as pessoas se abrigando e consequentemente as mesmas se reorganizando para o que posteriormente seria o desastre de fato.
O roteiro é bem sólido enfatizando as relações catastróficas que se constroem após a nomeação do delegado Young-Tak muito bem interpretado por Byung-Hun e como elas foram se estabelecendo ao longo do desenvolvimento do filme.
A forma como as pessoas daquele entorno social utilizam diversos critérios duvidosos para estabelecer as autoridades da comunidade do condomínio e como alguns tentam utilizar um status social que não é mais válido no momento são pontos que me surpreenderam pois geralmente neste tipo de filme se busca olhar para um lado mais empático da situação o que no caso foi para um lado mais realista.
Mesmo com esta perspectiva mais próxima da realidade, ainda existe um espaço para empatia simbolizado pela enfermeira Myeong-Hwa que se preocupa com as pessoas da comunidade e através dela nos é mostrado outras situações que ocorrem no prédio enquanto através de seu marido vemos as questões de fora e a visão que outros sobreviventes acabam tendo do condomínio.
As reviravoltas da história e as reações que ocorrem por estes acontecimentos chamam a atenção e acrescentam mais profundidade a narrativa que a cada ato vai nos conduzindo para um desfecho que é o ápice das tensões que foram surgindo pelos rumos tomados pelo delegado e seus apoiadores.
VEREDITO
Sobreviventes surpreende por nos levar para um conceito de desastre diferente do esperado através de uma excelente combinação de um roteiro bem produzido e um trabalho de direção competente do seu diretor.
4,0 / 5,0
Confira o trailer do longa:
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