CRÍTICA – Soul (2020, Pete Docter)

    Soul é o mais novo filme do estúdio Pixar que está disponível no Disney+. O longa é dirigido por Pete Docter que tem no currículo animações como Monstros S.A. (2001) e Divertida Mente (2015). No elenco estão Jamie Foxx, Tina Fey e Graham Norton.

    SINOPSE

    Soul acompanha Joe (Jamie Foxx), um pianista que está prestes a realizar o seu sonho. Contudo, um incidente faz com que Joe fique entre a vida e a morte, levando sua alma para os reinos cósmicos. No Antes Da Vida ele conhece 22 (Tina Fey), uma alma que tem medo de ir para a Terra.

    ANÁLISE

    A cada novo filme da Pixar, o estúdio deixa para trás o estigma de que as animações são somente para crianças. Assim como os outros filmes do estúdio, Soul tem uma abordagem sentimental que busca dialogar com os adultos e divertir as crianças. Com relação a temática é o filme mais ambicioso, já que o longa faz uma análise extremamente profunda sobre o sentido da vida.

    Na história, Joe (Jamie Foxx) é um pianista de jazz que se sente fracassado, visto que sua carreira musical parece nunca acontecer. Mas, é quando Joe ganha a oportunidade da sua vida que um acidente leva sua alma para o além. Logo, Joe planeja voltar para o seu corpo, já que está entre a vida e a morte. Em sua jornada, ele conhece 22 (Tina Fey), uma alma que não encarnou por não ver um propósito na Terra.

    CRÍTICA – Soul (2020, Pete Docter)

    Ao longo do filme, Joe e 22 embarcam em uma aventura para que o pianista consiga realizar seu sonho e de certa forma, 22 acaba criando uma empatia pela Terra. Desse modo, Soul apresenta dois personagens opostos que se complementam e crescem de forma sútil. Boa parte dessa construção é graças ao dinamismo entre a dupla Foxx e Fey. Ambos são conhecidos como atores de comédia e conseguem dar ritmo aos seus personagens com o humor certo.

    Consequentemente, o filme ganha com sua incrível ambientação. Enquanto no Pós-vida, a esteira que leva as almas carrega um ar enigmático. No Antes Da Vida, as cores pastéis com personagens abstratos em 2D se assemelha a um sonho lúdico.

    Sendo assim, nada mais poético do que o salto de fé que as almas precisam dar para encarnar na Terra. Afinal de contas, cada atitude que tomamos em nossas vidas é um momento de incerteza, mas nem por isso, deixamos de agir.

    Da mesma maneira, Nova Iorque se revela encantadora em Soul. Os aspectos de iluminação do filme (que foram feitos já na pandemia com os animadores em casa) relevam as cores quentes do outono na cidade. Tal efeito casa com o roteiro de Kemp Powers, chamado pelo diretor Pete Docter a fim de retratar da melhor maneira possível a comunidade negra.

    CRÍTICA – Soul (2020, Pete Docter)

    Sendo assim, Powers fala sobre racismo estrutural e institucional nos pequenos detalhes como a conversa na barbearia. Na qual, Dez comenta que queria ser veterinário, mas para ser barbeiro não precisava de um diploma.

    Dessa forma, Soul faz uma relação muito intimista com assuntos atuais que rondam a sociedade. Além disso, apresentar o primeiro protagonista negro da Pixar como um homem de meia idade é dar uma certa visibilidade atrasada para uma geração inteira que nunca foi representada nas animações.

    Soul é belo de uma forma silenciosa que pode não arrancar lágrimas, mas cativa e transborda. Acima de tudo é sincero quanto às expectativas sobre a vida: propósito não é algo que se busca, mas que se encontra quando estamos preparados, no tempo certo. Essa combinação se estiliza com uma incrível trilha sonora que coloca o jazz como um terceiro protagonista.

    VEREDITO

    Pete Docter cria com Soul uma experiência sensorial transformadora. O filme é apresentado de forma despretensiosa, mas passa a crescer ainda mais quando refletido. Dessa maneira, Soul não só é divertido, como também é intenso.

    Nossa nota

    4,0 / 5,0

    Assista ao trailer:

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