CRÍTICA – Vozes e Vultos (2021, Robert Pulcini e Shari Springer Berman)

    Vozes e Vultos é um filme de suspense/terror estrelado por Amanda Seyfried (Mank) e estará disponível na Netflix a partir de amanhã (29/04).

    SINOPSE

    Depois de se mudar para uma pequena cidade com seu marido George (James Norton), Catherine (Amanda Seyfried) sente que não está sozinha na nova casa, uma vez que coisas estranhas começam a acontecer…

    ANÁLISE

    Em um primeiro momento lendo a sinopse, Vozes e Vultos parece ser mais um daqueles filmes de haunting house, pois já sabemos que ela será assombrada por fantasmas. Entretanto, o longa mostra que na verdade o buraco é muito mais embaixo, pois seu relacionamento é o fio-condutor da trama.

    O personagem de James Norton é fundamental para que a trama de Vozes e Vultos saia do marasmo completo. A ótima atuação do ator, que começa simpático e com sorrisos expressivos e vai mudando completamente sua forma de agir e pensar faz com que a obra seja mais poderosa em sua mensagem: o comportamento bélico dos homens. 

    O patriarcado é o principal ponto, uma vez que o machismo é o principal vilão do filme. De cara, Vozes e Vultos mostra que os fantasmas na verdade influenciam os moradores da casa, mas as ações dos personagens são completamente individuais. A discussão de como relacionamentos abusivos funcionam e de como as mulheres podem sofrer muito nesse processo, por conta de uma estrutura social que as desfavorece é muito bem elaborado aqui.

    Amanda Seyfried também vai muito bem na proposta de sua protagonista. Catherine não é uma mocinha indefesa, tampouco é masculinizada ou durona. Todavia, sua submissão ocorre mais por causa do ambiente do que sua própria vontade.

    PROBLEMAS DE VOZES E VULTOS

    Se por um lado os protagonistas são interessantes e possuem boas camadas, por outro, o roteiro prejudica e muito os arcos dos coadjuvantes.

    Natalia Dyer e Alex Neustaedter são apenas duas escadas para que Seyfried e Norton subam e cresçam. Se os dois não estivessem na trama, não fariam nenhuma diferença na história, por exemplo.

    Em alguns momentos também há algumas “barrigas” no filme, pois há um desperdício de tempo na trama paralela do descobrimento do mistério da casa. Tudo poderia ter sido resolvido mais brevemente para ter um enfoque maior na protagonista que merecia um pouquinho mais de tempo em tela por sua boa história.

    VEREDITO

    Com bons assuntos e atuações, mas com algumas escorregadas do roteiro, Vozes e Vultos é um filme que tem boas ideais e uma execução mediana.

    Por mais que o longa seja muito claro em sua proposta desde o início, visto que mostra como os homens se impõem perante às mulheres, é inegável também que suas tramas paralelas fossem mais precisas e menos desnecessárias em alguns momentos.

    Contudo, vale muito a assistida para uma boa reflexão sobre os privilégios masculinos e relacionamentos tóxicos.

    Nossa nota

    3,0 / 5,0

    Confira o trailer do filme:

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