TBT #220 | Tempos Modernos (1936, Charlie Chaplin)

    Na década de 30 a o cinema engatinhava se comparado ao quão longe se pode voar em uma produção cinematográfica atualmente. As câmeras cada vez mais inovadoras, efeitos tridimensionais, interpretações em tela verde são a evolução da memória longínqua da maior pérola que a Sétima Arte nos trouxe: Tempos Modernos.

    O filme lançado em 25 de fevereiro de 1936, foi dirigido, roteirizado e estrelado pelo excepcional, altamente talentoso Charlie Chaplin; o artista influenciado por Max Linder, Georges Méliès, D.W. Griffith, Luis Mumière e Auguste Lumière usava a pantomima para atuar em seus filmes.

    Pantomima é uma forma de teatro gestual que ao invés de palavras se usa o maior número de gestos. O corpo do ator se torna a mensagem utilizando-se de mímica que remete do mesmo período da dramaturgia na Grécia Antiga.

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    A inspiração de Chaplin para Tempos Modernos surge de seu descontentamento sobre impactos da Grande Depressão, aumentando o índice de desemprego, além da repressão em torno dos movimentos sociais em 1933.

    As próprias reflexões diante do cenário, o seu encontro com Mahatma Gandhi contribuíram para o conceito do filme. Pois Charles Chaplin acreditava que as máquinas utilizadas direcionadas apenas para o lucro trariam a miséria ao mundo.

    O elenco é formado por Paulette Goddard, Henry Bergman, Tiny Sanford e Chester Conklin e sua trilha sonora composta por Chaplin e Alfred Newman. Tempos Modernos arrecadou impressionantes US$ 1,4 milhões, um valor muito alto considerando a época.

    SINOPSE

    O personagem icônico de Chaplin, Carlitos trabalha em uma fábrica nas piores condições possíveis. As máquinas o dominam ao longo de uma linha de montagem, levando-o a prisão. Mas ao lado de uma órfã, tenta lidar com as atribulações da vida moderna.

    ANÁLISE

    A filmagem em 18 quadros por segundo é mantida para que a sua conversão aos métodos modernos de 24 quadros criasse o aspecto de aceleração, enfatizando este aspecto mais frenético das cenas, principalmente nas mais engraçadas.

    É impressionante como este filme ainda é tão moderno mesmo 87 anos depois de seu lançamento. E ainda hoje somos engolidos pelas engrenagens da modernidade assim como o Vagabundo enquanto trabalha na fábrica. Em contrapartida, há um subtexto tão intenso e atual que não se deixa de lado mesmo com o aspecto divertido do filme.

    A respeito do lado humorístico é fantástico como cenas tão simples se tornam engraçadas comparado ao humor mais moderno que se abriga no duplo sentido, na conotação sexual ou infelizmente se faz presente em ofender algum gênero fora do espectro heteronormativo para se fazer engraçado sob uma forma nonsense de comédia.

    Carlitos é genial neste filme por tornar as coisas cotidianas daquele recorte histórico engraçadas. Utilizando do seu corpo como instrumento da mensagem em ambos os aspectos: tanto no entretenimento, quanto na reflexão, torna Tempos Modernos na maior excelência de produção artística.

    A crítica as questões do mundo através da arte

    Tempos Modernos é um filme histórico tão importante, mas que ainda possui simplicidade em seu roteiro; não pelo fato da ausência dos seus diálogos, mas utilizando o elemento mais simples que se pode imaginar em uma narrativa: o cotidiano.

    Carlitos arrumar um trabalho na fábrica é um elemento do cotidiano. Assim como ele, temos as nossas dificuldades, que no filme ganham maior proporção por se tratar de uma comédia.

    Na cena icônica do filme o personagem “engolido” pelas engrenagens se torna a metáfora mais moderna que existe no longa, pelo fato da expansão do sistema capitalista que permeia até hoje. Além da inconsciente cobrança existente de estarmos sempre produzindo cada vez mais, como se existisse uma enorme linha de produção social que necessita de alimentação.

    Esta produção não seria apenas no aspecto financeiro, mas também social; como se tudo o que sobrou ao ser humano moderno é ser uma ferramenta de produção, seja para um ofício, seja para alimentar um eu virtual que tem uma imagem a zelar ou nas relações que se estabelecem, pois daquele vínculo se deve surgir um “produto” que tenha algum benefício.

    O mais valioso sobre Tempos Moderno é que o filme é genial e polêmico, dadas as restrições do período e se mantendo ao seu estilo em um cinema que já procurava outros caminhos; se tornando a obra que atravessa décadas e continuará seguindo mesmo que o cinema evolua ainda mais.

    Nossa nota

    5,0 / 5,0

    Assista ao trailer:

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