TBT #267 | ‘Tróia’ diverte, engana, entretém e por fim, se afasta da obra de Homero

    Há quase 3000 anos, o trabalho de Homero cativa o ocidente encantando aqueles que leem suas histórias com paixão e tiram dela algumas das mais belas e antigas mensagens filosóficas. Mensagens de uma era em que os deuses ainda andavam entre os humanos e concediam a eles dádivas, uma era em que muitos acreditavam que estes mesmos deuses espalhavam sua prole pelo reino dos homens. Considerado por muitos o berço da civilização ocidental – que mais tarde se tornou uma visão completamente errônea e eurocentrista -, o longa conta a história de uma das mais duradouras e sangrentas guerras, que causou o fim de Tróia. Uma guerra tão séria e mesquinha, cuja culpa foi colocada em uma mulher, Helena, a mais bela mulher da Grécia.

    Enquanto deturpa a imagem de Aquiles, a coloca Pátroclo como primo do lendário guerreiro mirmidão e não como seu amante. Trabalhando agora sob a bandeira de Agamenon, Aquiles é mais um peão no exército do Rei Espartano que busca controle daqueles que não se dobram à sua vontade. A história conta que mais de triremes pelo mar Egeu até Tróia, onde um dos maiores cercos da história se deram.

    SINOPSE

    Durante uma visita ao rei de Esparta, Menelau, o príncipe troiano Paris se apaixona pela esposa do rei, Helena, e a leva de volta para Troia. O irmão de Menelau, o rei Agamenon, que já havia derrotado todos os exércitos na Grécia, encontra o pretexto que faltava para declarar guerra contra Troia, o único reino que o impede de controlar o Mar Egeu.

    ANÁLISE

    Tróia

    Com um elenco estelar, composto por Brad Pitt, Eric Bana, Diane Kruger, Orlando Bloom, Sean Bean e muitos outros, acompanhamos o desenrolar de uma história guiada pelo controle, avareza e total desprezo pela vida humana. Em eras antigas, Homero ousou contar esta e muitas outras histórias de uma humanidade não tão diferente da nossa em sua Ilíada. Em um mundo em que o controle Espartano fazia com que Tróia ainda fosse o único lugar próximo ao mar Egeu não conquistado fez com que a partida de Helena em busca do amor de Páris – no filme – fosse o estopim de uma aparente guerra fria. Em que mesmo que os ânimos e uma estranha paz estivesse tomando Tróia, uma guerra seria inevitável.

    Se distanciando em grandes acontecimentos da história, o filme obtém êxito ao retratar alguns personagens como Odisseu como o sábio estrategista que era, a morte de Pátroclo e o resultado dela com Heitor e sua sangrenta batalha contra Aquiles.

    Tróia

    Como uma história de vingança, o longa apresenta as mais diferentes facetas humanas. Algumas mais perversas e outras, as as mais bonitas e honrosas. Mesmo que a ambivalência de Aquiles quase sempre deixe os espectadores na beira do assento, suas relações com Pátroclo e Briseis – a sacerdotisa de Apolo -, fazem o herói ser um dos maiores papéis da carreira de Pitt.

    Mesmo que as divergências do material fonte quase não tenham uma disparidade narrativa tão grande do material fonte, as mudanças realizadas pelo diretor Wolfgang Petersen e pelo roteirista David Benioff nos faz entender este longa como uma tentativa da retomada dos grandes épicos de Hollywood.

    Filmes que como Ben-Hur (1959), Spartacus (1960), The 300 Spartans (1962), Cleopatra (1963) e Fúria dos Titãs (1981) pareceram moldar os vindouros anos de uma já longeva era de Hollywood. Era essa, que não necessariamente presava pelos melhores efeitos visuais, mas por um teor narrativo eficaz, que fizesse a diferença no cinema. A este ponto, compreender que uma narrativa concisa nem sempre tenha sido o ponto das produções atuais, é o que nos faz ver que Tróia e Alexandre (2004) talvez sejam o últimos dos grandes épicos Hollywoodianos, acertando onde outros que vieram após eles, erraram.

    VEREDITO

    Distante de contar uma história que coloca os mitos dos que eram vistos como semideuses nas nuvens, Tróia humaniza não apenas Aquiles, como Helena, Heitor e todos os protagonistas deste conflito. Tirando de Helena por vezes o papel pelo qual ficou conhecida: o estopim da Guerra de Tróia. Sendo narrativamente eficaz, o longa nos lança por um caminho sem volta, reduzindo para a tela em 2 horas e 43 minutos uma guerra e um cerco que durou pouco mais de 10 anos, de uma das guerras antigas mais violentas que se tem registro.

    Ao pesar sobre os rumos que a guerra toma, acompanhamos um dos maiores arcos narrativos de um dos personagens de Brad Pitt. A ascensão e estabelecimento como um grande guerreiro, suas descrença em relação aos deuses e contra Agamenon. Como uma história de guerra, honra, luto, amor e tudo que é ser humano, mergulhamos em um longa cujos aspectos fundamentalmente inerentes à humanidade vem à tona a todo o tempo. E Tróia, bem como todos os textos de Homero se fazem tão atuais como nunca.

    Nossa nota

    4,5 / 5,0

    Confira o trailer do filme:

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