TBT #37 | O Castelo Animado (2004, Hayao Miyazaki)

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TBT #37 - O Castelo Animado (2004, Hayao Miyazaki)

Howl no Ugoku Shiro (2004) ou O Castelo Animado (título nacional), é um anime longa-metragem, produzida pelo Studio Ghibli, que dispensa apresentação, e dirigida por Hayao Miyazaki, que entre inúmeros trabalhos é o responsável pela direção de Princesa Mononoque, Meu Amigo Totoro e vencedor do Oscar de melhor animação pelo filme A Viagem de Chihiro em 2003.

Conhecido pelas personagens femininas jovens, fortes e marcantes, Miyazaki monta uma história que assim como suas outras obras, é uma crítica bem construída e sofisticada, neste caso sobre os confrontos bélicos infundados, a indústria da guerra e a razão de se participar de massacres sangrentos, de guerras que não são suas, sobre estar lutando na guerra dos outros.

A crítica é realizada com o habitual humor inteligente do diretor, que aqui, traz uma produção mais soturna, mantendo o humor apesar do clima sombrio da produção, seja através de um cãozinho asmático ou de uma criança que se faz passar por ancião Markl, tudo isso desenhado a mão.

Sendo feito em uma época em que a computação gráfica já estava em alta, o filme é quase todo feito da forma tradicional, ou seja, desenhado a mão, maior parte pelo próprio Hayao Miyazaki, deixando a computação apenas para as cenas mais dinâmicas.

Esta obra de arte conta a história de um feiticeiro, Howl, e sua relutante negação de se deixar arrastar para uma guerra que não é sua. No centro da história além de Howl, temos uma jovem obstinada, Sophie, vítima de um poderoso e enigmático feitiço do envelhecimento, a rivalidade entre duas bruxas e o destino de um diminuto, porém poderoso demônio do fogo, além do espantalho enfeitiçado, Cabeça de Nabo. Cada um destes personagens é desenvolvido com maestria e mostram todas as suas facetas, seus sentimentos, suas almas.

Ainda não entendeu o porquê do título? Todas essas histórias são brilhantemente entrelaçadas e se passam sob a residência de Howl, um castelo que anda com pés de galinha gigantes.

A obra detém no Rotten Tomatoes, uma pontuação de 87% baseada em 172 críticas, com uma classificação média de 7.5/10. O filme também possui uma pontuação 80/100 no Metacritic, indicando “geralmente favorável”. O filme ainda venceu o Festival de Veneza de 2004 na categoria Realização Técnica, foi indicado ao Oscar na categoria Melhor Animação em 2005 e venceu o New York Film Critics Circle na categoria Animação.

No Japão a bilheteria do filme faturou mais de US $ 15,5 milhões na sua primeira semana de exibição, não temos números no Brasil e nos Estados Unidos tivemos informações de que faturou menos que o mais diminuto e bobo dos filmes de animação costuma faturar, provando que a animação japonesa nem sempre é alcançada intelectualmente por parte do grande público.



Por ser necessário um esforço intelectual além do que o público médio está disposto a dispensar a uma obra ficcional e sem uma distinta e caricata diferença entre o bem e o mal, o filme talvez não tenha arrebatado todo o público suficiente em função do que este está acostumado a consumir, a mesma receita repleta de fantasia com um problema, um dilema, uma reviravolta mirabolante e uma conclusão feliz e doce que chega a atacar o fígado.

Miyazaki se mostra brilhantemente capaz de construir algo que foge totalmente dos moldes das animações ocidentais (sem generalizar), que o grande público adora e enaltece, ele constrói um drama com histórias complexas, com reflexões importantes e inteligentes e acima de tudo, mostra mais uma vez que por ser desenho e por ser animação, não precisa ser bobo e “fácil de engolir”, é possível encantar contando uma história crítica.

Nossa nota

Não deixem de assistir a esta obra prima do Studio Ghibli, certamente irão se apaixonar por Sophie, viver a angústia com Howl e se divertir com Markl.

Assista ao trailer (sem legenda):

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