CRÍTICA – Valkyrie Elysium (2022, Square Enix)

    Valkyrie Elysium é um game de RPG tático que conta a história da jovem e inexperiente Valquíria. O game é a continuação da franquia que nasceu a partir de um spin-off de Final Fantasy, com Valkyrie Profile lançado originalmente em 1999. A franquia atualmente conta com cinco games, sendo os três primeiros Valkyrie Profiles para consoles e o quarto game, para mobile, e o quinto para PlayStation 4, PlayStation 5 e PC.

    Anunciado no início de 2022, muitos o imaginaram como uma continuação da amada franquia, mas Valkyrie Elysium funciona muito bem como um game solo, com uma história não tão marcante, mas baseada fortemente na mitologia nórdica.

    SINOPSE

    Elysium acompanha a história de uma nova Valquíria, erguida por Odin para purificar um mundo desolado pelo começo do fim, com o iminente evento escatológico Ragnarok. Essa guerreira promete ter ao dispor diferentes armas, embora eu tenha usado apenas duas no meu teste limitado.

    ANÁLISE

    Valkyrie Elysium

    Após uma forte presença da Mitologia Nórdica em games das duas últimas gerações como God of War, Assassin’s Creed Valhalla e Valheim, a Square Enix parece ter visto na atual época a oportunidade de dar uma sobrevida à antiga franquia amada por muitos.

    Contando uma história independente dos games anteriores, acompanhamos o nascimento e a ascensão de uma nova Valquíria em um momento decisivo para a história dos deuses, ou pelo menos a história de Odin. Em uma medida desesperada, após quase ser morto por Fenrir durante o Ragnarok, o Pai de Todos usa suas últimas forças para criar novos deuses e impedir o fim dos dias.

    Valkyrie Elysium

    O papel de Valquíria no game, assim como na mitologia nórdica são bem parecidos, mas o game eventualmente a coloca distante de sua contraparte do material fonte enquanto desempenha o papel de uma mera lacaia de Odin. No game, além de ter a função de purificar as almas de uma Midgard destruída pela guerra e enviá-las para o Valhalla, Odin tenta reestabelecer seu poder como o Pai de Todos utilizando os poderes de Valquíria.

    MECÂNICAS, EINHERJAR E GAMEPLAY

    Valkyrie Elysium

    As mecânicas de Valkyrie Elysium são bem parecidas com as dos últimos Final Fantasy. Enquanto se distancia dos últimos games da franquia Valkyrie Profile – que a época eram RPGs de turno -, Elysium é um game tático em tempo real. Ao ter como premissa os elementos de seus personagens como sua principal mecânica para progressão, Elysium nos mostra que nem mesmo uma poderosa Valquíria pode salvar as almas de Midgard e restaurar o poder de Odin sozinha.

    Neste ponto, é onde encontramos os Einherjar pela primeira vez. Também conhecidos como os Guerreiros de Odin, os Einherjar garantem os aspecto elemental do game e concedem à Valquíria poderes elementais quando invocados para bater de frente com nossos inimigos que quase sempre se colocam como empecilho para nossas empreitadas.

    Noções de combate são importantes ao combater os mortos-vivos que são nossos principais inimigos, mas compreender e gravar as fraquezas e dominações elementais podem mudar completamente a sua maneira de jogar. Cada inimigo no game tem uma fraqueza elemental, ou seja, cada vez que o atacamos com o elemento que representa sua fraqueza, sua barra de postura é diminuída. Ao chegar a 0, o inimigo entra em um estado de Dominação Elemental, não representando qualquer tipo de ameaça por um curto período de tempo.

    Como citado anteriormente, os poderes elementais da Valquíria aparecem quando a personagem invoca para seu lado um de seus quatro Einherjar, Eygon (elemental elétrico), Cypher (elemental cryo), Kristoffer (elemental luz) e Taika (elemental de fogo), mas não apenas com auxílio deles. Muito antes de ter a nosso lado um dos quatro, podemos encontrar pelo mapa e pelas missões, habilidades de conjuração, que nos permitem conjurar tempestades de fogo, lanças de gelo e até mesmo nos curar.

    A gameplay de Valkyrie Elysium vai muito além de compreender essas mecânicas elementais e sua história, e é onde o game brilha, se aproveitando imensamente dos elementos exploratórios, nos garantindo recompensas e itens de cura, mas ao mesmo tempo parece pecar com um mapa quase que inteiramente vazio em determinadas áreas.

    Um elemento exaustivo do game, é o fato dele nos obrigar a atravessar inúmeras vezes enormes fases já percorridas, principalmente em suas sub-histórias, que estão diretamente ligadas à missão de Valquíria em Midgard, resgatar almas deixadas para trás com assuntos pendentes.

    TRILHA SONORA E NARRATIVA

    A trilha sonora de Valkyrie Elysium é tão primorosa, que garante aos jogadores diferentes trilhas para cada um dos Einherjar e seus arcos – vale apontar que em meio ao combate e todos os sons, de nossos personagens, parte de suas trilhas são tocadas, evocando aspectos em cada uma dessas trilhas.

    Embora a narrativa do game seja quase que inteiramente baseada na mitologia nórdica, um aspecto no qual o game aborda a todo o momento, é a natureza humana presente no arco de cada um dos nossos personagens. Ainda que Valquíria tenha habilidades divinas e Odin a chame de “deusa”, o elemento mais marcante é a experiência humana de existir em uma época em que uma guerra divina é travada e não há nada a fazer a não ser rezar para os deuses e torcer para o melhor.

    Alguns dos sinais que evidenciam a destruição causada por essa guerra que chegou perto de ocasionar o fim do mundo, além das cidades pelas quais passamos estarem quase que completamente destruídas, são as chamadas “flores ocas”, que são memórias daqueles que habitaram Midgard e alguns de seus pensamentos pouco antes de suas mortes.

    O temor de uma narrativa que vai além dos gráficos do game, causaram a esse que vos escreve uma experiência única e cativante.

    VEREDITO

    Valkyrie Elysium

    Mesmo que o game tenha sido anunciado para o PlayStation 4 o jogo não parece ter sido otimizado o suficiente para rodar sem gargalos no console, ocasionando quedas de frames que podem nos tirar ligeiramente da experiência – mas o visual é tão bonito quanto é de se esperar. O mundo ao que somos lançados – pelo menos quando visitamos Midgard – é quase que completamente destruído, o que dá ao game um tom pessimista que se estende durante quase toda sua duração.

    Os dilemas causados pelas tramas contidas na história, nos fazem entender a relação que Valquíria após nascer naquele mundo passa a desenvolver, bem como a sua relação próxima com a humanidade e os espíritos que ela tem como trabalho salvar.

    O cuidado da trama ao nos colocar como a principal arma de Odin e nos fazer saber pouco ou quase nada das suas intenções fazem alguns alertas se acenderem. Ao final dele, nada mais será o mesmo para Valquíria, para Odin, para Hilde e também para Fenrir.

    Valkyrie Elysium é uma história sobre divindades que descobrem que o divino é ser humano.

    Nossa nota

    4,3 / 5,0

    Confira o trailer do game:

    Valkyrie Elysium está disponível para PlayStation 4, PlayStation 5 e PC.

    Acompanhe as lives do Feededigno na Twitch

    Estamos na Twitch transmitindo gameplays semanais de jogos para os principais consoles e PC. Por lá, você confere conteúdos sobre lançamentos, jogos populares e games clássicos todas as semanas.

    Curte os conteúdos e lives do Feededigno? Então considere ser um sub na nossa Twitch sem pagar nada por isso. Clique aqui e saiba como.

    Artigos relacionados

    CRÍTICA: ‘Stellar Blade’ é muitos passos a frente um passo para trás

    Stellar Blade é o primeiro game para consoles da Shift Up. O estúdio coreano nos apresenta a aventura de ação de Eve. Confira o que achamos!

    EU CURTO JOGO VÉIO #9 | ‘Paper Mario’ é o início incrível de uma franquia cheia de personalidade

    Paper Mario 64 é um mergulho em um dos melhores jogos de RPG do Nintendo 64. O game 2D nos lança em um mundo conhecido, ligeiramente diferente.

    CRÍTICA: ‘Sker Ritual’ combina terror com muita ação

    Sker Ritual é um fps de terror repleto de ação. O game é o sucessor espiritual do game do mesmo estúdio Maid of Sker.

    EU CURTO JOGO VÉIO #8 | ‘The Darkness’ era uma escapada da rotina dos FPS

    The Darkness é um jogo FPS desenvolvido pela Starbreeze e publicado pela 2K, lançado em 2007 para PlayStation 3 e Xbox 360.