CRÍTICA – Wavetale (2022, Thunderful)

    Em um mundo inundado por um cataclisma, a atual sociedade não tem outra opção para sobreviver a não ser habitar em pequenas ilhas espalhadas pelo que agora é um oceano sem fim. Como se a inundação não fosse suficiente, os “patas sujas” – criaturas compostas primariamente de escuridão – chegam para assolar o mundo com suas trevas características e trazem consigo uma névoa maligna que atinge a todos e os corrompe quando toca.

    Neste mundo, a névoa só pode ser rompida com os faróis iluminados pela fagulha, uma energia que parece ser o completo oposto das criaturas malignas que habitam este lugar. Os faróis deste mundo são cuidados e vigiados por faroleiros que habitam em cada uma das ilhas, e em Wavetale, acompanhamos a história da Vovó e de sua neta, Sigrid.

    SINOPSE

    Surfe nas águas de uma cidade submersa! Desvende o passado, salve o ilhéus de um misterioso mar de monstros e descubra segredos mantidos sob a superfície.

    ANÁLISE

    Wavetale

    O que mais me encantou quando assisti o trailer de anúncio de Wavetale, não foi apenas seu visual, mas também o quão rápida e dinâmica era a movimentação da nossa personagem.

    Quando somos lançados ao mundo do game, logo em seus primeiros minutos somos atingidos pela onda de névoa sombria – que assola o mundo de Wavetale há anos -, e nesse processo somos lançados ao meio do mar, como Sigrid não sabe nadar ela se vê surpresa quando uma estranha companhia a salva e a permite andar por sobre as águas.

    Wavetale

    A dinamicidade do game, que nos lança em sua história sem pestanejar, mostrando o quão intuitivo ele é. Desde seus primeiros minutos, quando explorava a ilha inicial do game, ele me incentivava a testar os comandos e ações, demandando que fagulhas fossem capturadas nos mais distintos locais desta primeira área – antes mesmo de que qualquer tutorial fosse exibido em tela.

    Assim, o game fez com que eu me apaixonasse por sua história e sua simples premissa. Ouso dizer que suas inspirações vem de games como The Legend of Zelda, Sonic e Spiritfarer, mas ele não se limita a esses games. Com seu estilo de animação e ilustração incrível, o que testemunhamos em tela merece destaque.

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    GAMEPLAY, VISUAL E HISTÓRIA

    Tão tranquilo é o game, que quando somos lançados ao mundo de Wavetale, um relaxamento parece aplacar seus jogadores. Não sei se pela paleta azul do game, ou pelas ondas que parecem nos relaxar a cada vez que ela nos atinge. Mas não atinge no sentido literal, de nos derrubar ou algo do tipo. A relação de Sigrid com o mar no qual “navegamos” é quase intrínseca com a missão que nossa personagem precisa desempenhar.

    Algo que parece ter sido refinado e demandado mais tempo no desenvolvimento do game, é o sistema de “surfar” utilizando a sombra que nos salva ao início do game. Junto da sombra, podemos realizar atividades como surfar e andar sobre a água – que são a nossa principal forma de locomoção pelo grande mapa. Quase sempre, a simples atividade de se deslocar entre uma ilha e outra, é um deleite visual. E a Thunderful sabe disso, pois nos força a deslocar nossa personagem sobre a água durante o game quase todo.

    Wavetale

    Um ponto que me incomodou em um primeiro momento, foi crer que era possível pegar carona nas embarcações dos personagens no game, o que não é possível – e seria uma maneira de deslocamento muito mais rápida. Mas quando tentamos subir em um dos barcos, Sigrid se move erraticamente, sendo derrubada quase que em 80% dos casos.

    O que mostra que a Thunderful trabalhou tanto no deslocamento sobre a água por este motivo.

    O visual de Wavetale me remete ao incrível The Legend of Zelda: The Wind Waker – que também tem um grande fator de “navegação” na exploração -, com os personagens bem coloridos e com seus visuais únicos, o game os usa para funcionar como um contraste em relação aquele mundo agora sombrio. As caras de bocas dos personagens do game dão um tom único, cartunesco e oferecem à trama um tom muito mais leve do que ela teria se não fosse assim.

    Ao longo das quase 12 horas de gameplay – até fechar o game -, Wavetale se mostra como uma experiência única, cuja riqueza reside não apenas na história que conta, mas também na beleza de seus personagens e em suas histórias. Com uma gameplay quase sempre baseada na coleta de sparkles e no fato de trazer “luz” a um mundo agora quase que completamente tomado pelas sombras, nosso ponto de vista em relação à história muda com plot twists descobertos perto do endgame.

    Com uma espécie de compêndio a ser completado, descobrimos mais detalhes do que assolou aquele mundo não só quando encaramos a história, mas também ao encontra no mapa pequenos livretos, com segredos que ajudam a enriquecer e compor o diário de Sigrid.

    VEREDITO

    Wavetale é uma narrativa que aborda os mais variados temas, desde o luto, até mesmo sobre resistência e a vontade humana de vencer qualquer adversidade que se ponha em seu caminho. O trajeto da nossa personagem e a curva de aprendizagem do game garante uma experiência acessível à quase todos os públicos e o game se mostra como receptivo a quem ainda quer aprender.

    Com caminhos limitados e sabendo a história que quer contar, o game da Thunderful nos faz questionar o nosso papel em uma sociedade que não parece pensar em cuidar do planeta. O cataclisma, a destruição e tudo que a procede adiciona à narrativa um tom ecológico, que agrega ainda mais à história de Sigrid, dos “patas sujas”, “brilhos” e o mundo que um dia não teve apenas água.

    Nossa nota

    4,6 / 5,0

    Confira o trailer do game:

    Wavetale está disponível para Nintendo Switch, PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series X | S e PC.

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