EU CURTO JOGO VÉIO #33 | ‘Enduro’ é clássico atemporal

    Ser um jogo clássico não é apenas sobre marcar uma época por seu sucesso, uma inovação ou uma memória tão marcante, mas por ser um molde que perdura além do recorte de seu tempo e no gênero corrida ‘Enduro‘ é um destes exemplos. Criado para Atari 2600 e publicado pela Activision em maio de 1983, neste ano chegando a 42 anos de seu lançamento, um sucesso reconhecido em sua época e nos anos seguintes.

    A ideia que deu origem a Enduro surgiu enquanto o designer Larry Miller teve uma ideia enquanto assistia uma corrida de carros, capturar essa experiência emocionante e desafiadora das disputas automobilísticas para o universo digital.

    Ele não tem uma história, mas seu objetivo é ultrapassar seus carros adversários em uma corrida que não tem um posicionamento, a cada nível vencido a dificuldade aumenta assim como as condições que a fase irá apresentar indo o mais longe possível enquanto temos tempo para avançar.

    Enduro

    Com a companhia do programador Steve Cartwright e um grande desafio a frente foi iniciado o processo de desenvolvimento do jogo. Nesta etapa, trabalhar com uma tecnologia que não oferecia tantas ferramentas para criar elementos de jogabilidade como a sensação de velocidade ou as mudanças climáticas, afinal era um mundo que girava apenas em 8 bits e tudo tinha uma compreensão bem diferente da atualidade.

    Para crianças da década de 90 o acesso ao console Atari foi um dos primeiros contatos possíveis quando se tratava da diversão proporcionada pelo universo dos videogames e eu não fui uma exceção.

    Enduro surgiu para mim na mesma época que Ayrton Senna era um dos grandes pilotos em evidência na Fórmula 1, então naquela tão simples perspectiva realizar uma corrida que era necessário ultrapassar outros concorrentes, obstáculos e enfrentando as condições adversas como as mudanças de clima era o mais próximo do realismo que poderia se reproduzir no imaginário infantil.

    Enduro

    Agora muito mais velho é possível compreender de forma muito mais ampla as razões para este jogo ser incrivelmente divertido como, por exemplo, a progressão de dificuldade que acontece a cada fase que se avança sendo algo a se conectar diretamente com a imersão proporcionada porque exigia uma atenção de quem o jogasse.

    E como jogos como Enduro se tornaram um molde para tudo o que se relaciona ao gênero de corrida nos anos seguintes?

    Minha resposta seria apontar na direção do próprio conceito do jogo que oferece, dificuldade e entretenimento através das adversidades que são proporcionadas durante uma corrida. Após o seu lançamento cada geração seguinte vai aprimorando este elemento, adicionando mais elementos nas mecânicas de jogabilidade, aumentando o desafio, condições se tornando cada vez mais refinado e alcançando a cada novo título um desafio muito maior.

    Também podemos acrescentar a importância de ser um jogo atemporal, mesmo que joguemos ele agora na geração infinitamente superior em aspecto de tecnologia, ainda consegue gerar o entretenimento de sua proposta, não apenas sendo um recorte temporal mas a reflexão que uma ideia consegue se manter relevante mesmo que sua época já tenha passado.

    Jogos assim sempre trazem a reflexão sobre como estamos encarando o universo de games atualmente, onde existe apenas a grande preocupação em torno da questão tecnológica e desempenho, uma análise fria como se tudo que esse produto significasse fosse limitado a suas questões técnicas abandonando totalmente o aspecto lúdico e quanto isso pode ser divertido como experiência.

    Pensar sobre a simplicidade de Enduro acaba me levando a esse questionamento, algo que sempre acaba acontecendo quando revisito um jogo antigo e espero que outras pessoas compartilhem deste pensamento sobre colocar um olhar mais recreativo sobre tudo isso e daqui outras quatro décadas analisem essa geração como um outro grande momento de brilhantes ideias.

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