CRÍTICA | Alice in Borderland – Volume 1 (2023, Editora JBC)

    Alice in Borderland foi adaptada para a Netflix em 2020 e ganhou sua primeira temporada. O mangá chegou ao Brasil em 2023 pela Editora JBC. A série foi um sucesso instantâneo na plataforma, mas o que poucas pessoas sabiam é que a série adaptava o mangá de Haro Aso. O mangá conta a história de Ryohei Arisu, um entediado jovem que vive na esperança que um cataclismo mude o mundo a seu favor, mas quando seu mundo muda para sempre, ele não parece tão pronto para ser o protagonista da sua própria história.

    Acompanhado de seus amigos Karube e Chouta, os três são transportados para um mundo parecido com o deles, mas em que jogos perigosos colocam a vida de seus participantes em risco a todo o tempo. Ainda que o mangá seja relativamente diferente da história apresentada na série, acredito que o mangá tenha mais gás para seguir em frente do que a série que em sua segunda temporada já parece possuir uma história cansada e arrastada.

    SINOPSE

    O mundo que Ryohei Arisu conhece está prestes a mudar. Entediado com a vida que leva, ele só pensa em curtir com os amigos Karube e Chouta. De repente, Arisu se encontra em uma Tóquio deserta e se vê obrigado a participar ao lado de seus companheiros de jogos mortais para seguirem vivos. Seria tudo um sonho ou uma alucinação? Para descobrir o segredo desse “País das Maravilhas”, o trio terá que vencer cada prova até chegar ao fim do jogo… isso se sobreviverem até lá…

    ANÁLISE

    A edição que a Editora JBC trouxe Alice in Borderland ao Brasil é linda. Com sua capa cartão, o mangá nos é apresentado como merece: de maneira grandiosa. A história do volume 1 da série nos apresenta os 9 primeiros capítulos da série, e apresenta os dois primeiros jogos de Arisu em Borderland. Com o primeiro jogo sendo relativamente diferente, o mangá nos apresenta diferentes aspectos dos personagens quando eles enfrentam problemas para sobreviver.

    Quando adaptada, a série da Netflix deu diferentes histórias aos personagens, de certa forma atualizando seus personagens para os dias atuais, dando a eles histórias não tão palatáveis, mas que criasse nos espectadores uma relação como a qual os leitores tem com os mesmos personagens no material fonte. Com o lançamento original do mangá tendo sido no fim de 2010, vemos a história ser contada com tecnologias de 2010, e ver a falta que algumas tecnologias cotidianas faz no mangá não ferem a história. Muito pelo contrário, dão uma maior urgência.

    A ilustração de Aso nos causa tanto uma perturbação como um imediatismo necessário para a história, nos apresentando as agruras que nosso grupo de heróis perpassam. Enquanto somos transportados por um mundo cruel e impiedoso, somos lançados nos perigos que essa recém-descoberta realidade apresenta.

    Ainda que possua alguns pequenos problemas de impressão e de corte, a edição definitiva do mangá aqui no Brasil é da JBC. Com grandes acertos de virada, a edição entrega uma experiência única no que diz respeito à trama que antes era conhecida por mim apenas pela série da Netflix. A história de Arisu, Chouta, Karube e de todos os outros sobreviventes de Borderland nos apresentam uma viagem única a um mundo bem parecido com o nosso, mas ligeiramente diferente, mais brutal, mais destrutivo e muito mais punitivo.

    VEREDITO

    O volume 1 e seus 9 capítulos serviram para adaptar os dois primeiros episódios da série live-action de Alice in Borderland. Com perigos crescentes e novos arcos narrativos, o volume 2 precisa corresponder a altura do primeiro, desenrolando os arcos recém iniciados e contando as histórias que ainda quer contar. Longe de haver filler, ou coisa do tipo, o mangá vai direto ao assunto, mas ao longo de suas 336 não há tanto espaço para desenvolver a história como na série. Assim como na série, nossa leitura e a parte visual do mangá chocam, divertem e nos deixam tão ansiosos quanto os personagens que precisam perseverar e sobreviver os perigos que enfrentam.

    A arte de Aso e sua história nos causam incômodos constantes, por contar histórias que possuem um pé na realidade e é onde elas mais doem. A crueldade humana e o simples instinto de sobrevivência faz florescer não apenas o melhor, como o pior nos nossos personagens.

    Agradeço aqui o envio do mangá por parte da Editora JBC e espero ansiosamente os próximos volumes.

    Nossa nota

    5,0 / 5,0

    Editora: Editora JBC

    Autor: Haro Aso

    Páginas: 336

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