CRÍTICA – Uzumaki (2020, Devir)

    As histórias de Junji Ito têm um histórico de causar além de surpresa, uma certa ojeriza por ir tão longe no gore e nos aspectos escatológicos de sua trama, que causam incômodo. Mas muito mais do que gore, a história que Ito entrega em Uzumaki é o horror psicológico em sua forma mais pura, mexendo não só com os muitos habitantes da cidade japonesa de Kurôzu, mas também com seus leitores.

    A edição de Uzumaki da Editora Devir, contém todos os capítulos do que hoje é considerada a opus magnum de Junji Ito, além de um capítulo especial em uma edição de luxo.

    O mangá que foi lançado originalmente entre 1998 e 1999, e rapidamente ganhou fãs pelo mundo todo. Tendo sido lançada no Brasil anteriormente em tomos separados pela editora Conrad, o esmero da Devir vai muito além, fazendo jus ao trabalho do grande mangaká.

    SINOPSE

    Uzumaki

    A vida de um casal de namorados é mudada para sempre quando acontecimentos grotescos começam a surgir em Kurôzu, a pequena localidade em que Kirie Goshima e Shuichi Saito nasceram e cresceram.

    ANÁLISE

    Alguns consideram uma sorte muito grande se deparar com a obra de Junji Ito pela primeira vez, dada a surpresa e o estranhamento causado pelo trabalho do mangaká. Mas o que eu tive ao ler, além de curiosidade, foi o fascínio pelas bizarras ilustrações e os caminhos que a narrativa tomava a cada capítulo.

    A história mostra os mais diversos aspectos da mente humana. Mesmo quando tomados pela loucura de uma Espiral, uma maldição que afeta não apenas os habitantes da cidade, mas também qualquer um que esteja de passagem pelo lugar.

    A forma como Ito lança seus protagonistas nesse abismo hipnótico de olhar para essa Espiral que logo toma a cidade também é algo único. Os capítulos de Uzumaki, compõem uma narrativa excepcional, indo desde Cicatriz – uma história que  possui como protagonista uma jovem com uma pequena cicatriz em formato de lua na testa que esconde um segredo horrível -, até Caracol – que aborda de um jeito peculiar o hermafroditismo das relações e da sexualidade humana.

    Junji Ito muito longe de pegar na nossa mão e nos encaminhar para o fim da história, mantém a si, e a narrativa os mais distantes do leitor quanto possível, e quando a história se encerra é de forma tão grandiosa como quando ela teve início.

    VEREDITO

    Uzumaki

    A versão de Uzumaki, do Selo Tsuru, da Devir, vem com uma sobrecapa incrível e com uma capa cartão com uma bela ilustração da trama. O horror de Ito é comparado por muitos com o horror cósmico de H. P. Lovecraft, e a única semelhança que vejo, é o desconhecido e as disrupções da vida dos personagens presentes na trama assim que a espiral, ou a loucura tem início.

    O horror de Junji Ito vem do psicológico e dos padrões que estão diante dos nossos olhos o tempo todo, padrões presentes na natureza, no mundo, e que apenas ao ler o mangá podemos notar.

    O esmero da edição da Devir conta não apenas com um prefácio e um posfácio, como também com um capítulo especial.

    A incredulidade da obra de Ito deve ser lida com um quê de desapego pela vida dos personagens presentes na trama, pois a cada curva, qualquer um deles pode ser possuído pela maldição da espiral.

    Uzumaki será reimpresso pela Devir e sua terceira edição será lançada no dia 30 de abril de 2021. Conta pra gente, você já leu Uzumaki?

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