CRÍTICA – ‘A Inspeção’ de ‘O Gabinete de Curiosidades’: das belas cores berrantes do anos 70 ao horror corporal

    Na data do dia 25 de outubro de 2022 foi lançada pela Netflix O Gabinete de Curiosidades‘, série focada no suspense, terror e no fantástico, com episódios antológicos e capitaneados pelo cineasta Mexicano Guilhermo Del Toro. A série sangra as referências do diretor latinoamericano colocando em tela ideias que ornam com as criações e inspirações de Del Toro. Podemos dizer que o seriado se trata de uma coletânea de contos audiovisuais dirigida por diretoras e diretores já atuantes em obras de horror. O conto que falarei neste momento é ‘A Inspeção’, dirigido por Panos Cosmatos (Além do Arco-Íris Negro 2013. Mandy 2018) e escrito por Aaron Stewart-Ahn.

    Aaron Stewart-Ahn, ator e roteirista norte americano vem ganhando destaque nos trabalhos que fez em conjunto com Panos Cosmatos, onde escreveu o roteiro de Mandy, mas também tem atuado atrás das câmeras como produtor.

    SINOPSE

    Um milionário recluso recebe quatro convidados em sua mansão para uma experiência inesquecível, que acaba virando uma noite de terror.

    ANÁLISE

    A Inspeção

    Panos Cosmatos um cientista e roteirista Italiano radicado no Canadá vem ganhando notoriedade nos últimos anos com seus dois últimos longas, Mandy e Além do Arco-íris Negro, ambos bebendo da ficção e do visual dos filmes das décadas de 60, 70 e 80. Como Barbarella (Roger Vadim, 1968), 2001: Uma Odisseia no Espaço (Stanley Kubrick 1968), Alien: O Oitavo Passageiro (Ridley Scott, 1979) e Mad Max (George Miller, 1979). Cosmatos vem trazendo uma mescla de ficção científica e horror em sua filmografia, brincando também com o inconsciente de seus personagens. E com o episódio A Inspeção não seria diferente.

    A Inspeção, sétimo episódio de O Gabinete de Curiosidades de Guillermo del Toro nós trás um mistério logo de cara, um grupo de pessoas que não se conhecem pessoalmente, mas se encontram para comporem algo megalomaníaco. Um aclamado escritor de ficção (Steve Agee), um grande produtor musical (Eric André), um mentalista (Michael Therriault) e uma renomada cientista (Charlyne Yi), ambos tidos como os melhores em suas áreas.

    Eles se encontram em um estacionamento pela noite e aparentemente vazio, isto até segundo plano quando são levados para a residência de um rico e estranho homem excêntrico, interpretado pelo clássico Peter Weller, que outrora já foi o Robocop.

    A Inspeção

    Logo somos tomados por efeitos visuais lindíssimos e uma trilha sonora composta por sintetizadores que nos remete à musicalidade da década 70. Ao chegar ao local e entrarem pela porta principal os convidados são levados para uma sala estranha, oval com um sofá circular no centro, neste momento cada um se encaixa em cada ponto onde sobre suas frentes está disposto as coisas que cada um adora, um chá na temperatura exata, a específica cerveja, o drink com as combinações perfeitas, o cigarro favorito, tudo na medida certa.

    Tudo naquela sala era extremamente pensado e calculado, da distorção sonora até as paredes até os itens que para lá foram colocados.

    Logo o anfitrião aparece. Um homem com aproximadamente 70 anos com cabelos brancos acompanhado por sua médica, indagando o que cada um mais desejava, prometendo uma experiência única e sensorial, neste momento uma cor gritante e alaranjada percorre o ambiente e logo todos estão entorpecidos por substâncias raras que dão a cada um uma experiência única.

    Talvez a longa condução da história desagrade o público geral, mas ela é extremamente importante para a criação da riqueza dos personagens criados por seus diálogos. Após tal momento ébrio os convidados são levado para um bunker dentro da mansão e no local eles podem ver o maior tesouro do ricaço, um meteorito de formato estranho, algo vindo de outros mundos, algo que poderia remeter ao conto A Cor que Caiu do Espaço de HP Lovecraft. Logo tudo começa a enlouquecer, com pitadas de filmes trash e insanidade, o episódio muda de uma viagem “lisérgica” para uma violência repentina, algo que me fez lembrar o filme Scanners de David Cronenberg.

    O que mais me surpreender neste episódio é a direção de Panos Cosmatos, que trabalha o horror cósmico (aquele causado pela percepção de que somos pequenos perto do cosmos e das coisas que de lá vêem e do desconhecido, e podemos ser reduzidos a nada perante algo talvez mais antigo que a própria humanidade) utilizando recurso de drogas, aumento ou diminuição da percepção, recursos sonoros e da linda iluminação que grita e nossos olhos.

    VEREDITO

    Por ter um final aberto, pode decepcionar aqueles que estão acostumados com o terror tradicional, mas o episódio não é perfeito, por vozes os diálogos parecem perdidos e vagos, mas compreendo que isso ajuda a compor o ar de mistérios, mas talvez coubesse um retrabalho, mas de qualquer forma é um prato cheio para quem curte um terror que beba dos clássicos de décadas passadas, e que de certa forma me remeteu ao Monstro do Pântano de Alan Moore, “uma criatura que é parte humana, ou um humano que agora é uma criatura.

    A Inspeção consegue focar em algo mais psicológico e no horror corporal onde o medo é causado por aquilo que você não consegue compreender.

    Nossa nota

    4,0 / 5,0

    Confira o trailer da série:

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