CRÍTICA | Dexter: New Blood – S1E10 Sins of the Father

    O último episódio de Dexter: New Blood, intitulado Sins of the Father, já está disponível na Paramount+. A season finale é roteirizada por Clyde Phillips e dirigida por Marcos Siega.

    O texto a seguir terá spoilers do episódio.

    SINOPSE

    Dexter (Michael C. Hall) e Harrison (Jack Alcott) tentam levar uma vida normal em um lugar que descobriram não ser tão normal quanto pensavam. Eles viverão felizes para sempre, apesar de todas as ameaças que vêm em sua direção?

    ANÁLISE

    Em 2013, Dexter chegava à sua caótica season finale, deixando um gosto amargo para os fãs que acompanharam as desventuras do serial killer durante tanto tempo. O final, que de nenhuma forma fez jus à trajetória de Dexter e Debra (Jennifer Carpenter) ao longo dos anos, foi debatido inúmeras vezes por críticos e fãs, chegando a ser considerado um dos piores finais da história da televisão.

    Quase 10 anos depois, cá estamos nós assistindo a um novo desfecho na história de Dexter. Com Clyde Phillips de volta ao comando da atração, criamos esperanças de que, finalmente, o personagem teria seu grande encerramento de forma louvável. De certa forma, as expectativas foram alcançadas.

    Mais do que escrever sobre Sins of the Father, me permito neste texto abordar o desenrolar de alguns pontos da temporada como um todo. Dexter: New Blood se tornou uma possibilidade de Michael C. Hall revisitar o personagem que foi seu companheiro por anos. Mais sábio e com mais experiência na bagagem, Michael retoma seu papel como se os quase dez anos de pausa não tivessem acontecido.

    Sempre certeiro em trabalhar as emoções de Dexter, Michael está muito bem em todos os episódios, mesmo que (inúmeras vezes) tenha que encarar um roteiro com diálogos insossos e desdobramentos pouco criativos. Fazendo do limão uma limonada, Michael se consagra como o melhor elemento de Dexter: New Blood e deixa claro que, uma continuação sem ele é, basicamente, impossível.

    Em Sins of the Father, muitos dos arcos que realmente funcionam são frutos dos ótimos ganchos deixados em The Family Business. Entretanto, as conveniências de roteiro precisam ser enormes para que as situações realmente funcionem.

    As manobras são tão grandes que, inclusive, fazem a expressão “encontrar uma agulha num palheiro” se tornar real. Angela (Julia Jones) encontra um dos pinos de titânio de Matt Caldwell (Steve M. Robertson) no meio dos escombros da cabana de Dexter, após Kurt (Clancy Brown) ter ateado fogo no local.

    Todas as decisões criativas de Sins of The Father, que foram um tanto previsíveis, vinham se desenhando há algumas semanas. Eu já até falei sobre várias delas em minhas análises semanais aqui no site e no YouTube. Entretanto, sempre houve uma pontinha de esperança de que tivéssemos uma reviravolta estrondosa, que realmente “quebrasse a internet”, como foi prometido.

    A finale de Dexter: New Blood atende, em alguns sentidos, aos resultados que eu gostaria de ter visto em 2013. Dexter precisava encontrar um fim real e que realmente fizesse o personagem entender o mal que causou a diversas pessoas inocentes. Nesse ponto, Clyde Phillips foi extremamente coerente, colocando em prática o que Scott Reynolds e o restante dos produtores não tiveram coragem de executar naquela época.

    Até o último minuto, eu não acreditei que eles conseguiriam matar o personagem. Afinal, vimos o Dexter se safar de tantas situações estapafúrdias que é totalmente aceitável que ele conseguisse se livrar de mais essa. Entretanto, Dexter perde sua vida pelas mãos do próprio filho, em um ato de “libertação” do personagem.

    Neste ponto especificamente é necessário apontar a insegura condução de Marcos Siega na cena do embate. Mesmo tendo extraído um grande resultado de Jack Alcott em The Family Business, aqui vemos uma atuação mediana, onde o ator não demonstra nenhuma emoção relevante ao cometer o seu primeiro homicídio – tirando a vida do próprio pai.

    Ao não extrair uma atuação sólida de Alcott, Siega permite que o personagem se mostre indiferente ao ato hediondo que está prestes a acontecer, deixando Michael basicamente sozinho em cena. Para agravar o anticlímax, a trilha sonora de Pat Irwin, que não causou impacto ao longo do seriado todo, também não faz diferença alguma nesse episódio. Dessa forma, se perde a oportunidade de construir uma ambientação com peso e importância para o grande desfecho.

    Talvez o problema da finale de Dexter: New Blood, e no seriado como um todo, seja o excesso de ideias e acúmulo de situações desnecessárias que desembocaram em finalizações simplistas. Ao precisar criar conveniências em tempo integral, os roteiristas tornaram o resultado final bem menos interessante do que poderia ser.

    Particularmente eu gosto da escolha de Dexter encontrar seu fim e de Harrison não ser um psicopata. Essa subversão na história de Harrison se mostra mais inteligente e menos previsível, o que, a meu ver, funcionou bem e se justifica pelo histórico do personagem.

    Entretanto, todo o desenrolar das descobertas de Angela são, sinceramente, muito ruins e difíceis de ignorar. Dentre as inúmeras possibilidades apresentadas ao longo da série, é muito triste pensar que esse foi o caminho escolhido para obrigatoriamente atrelar a trama aos crimes do Bay Harbor Butcher em Miami.

    VEREDITO

    Dexter: New Blood possui um final satisfatório e traz um bom desfecho para Dexter e Harrison. Entretanto, os diversos furos de roteiro ao longo da temporada, as escolhas criativas simplistas e a falta de um clímax melhor conduzido acabam impactando no resultado final da obra, tornando a finale aquém do esperado.

    Nossa nota

    3,7/5,0

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