CRÍTICA – Drácula (2020, Steven Moffat e Mark Gatiss)

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CRÍTICA - Drácula (2020, Steven Moffat e Mark Gatiss)

Hoje irei falar da minissérie Drácula, da BBC e que está disponível na Netflix. Desenvolvida pelos criadores da série Sherlock – Steven Moffat e Mark Gatiss – , ela conta com um elenco menos famoso; tendo Claes Bang como o icônico protagonista.

Se você curte o centenário conde chupador de sangue, e quiser saber desde a origem, as principais adaptações, curiosidades e referências, veja nosso especial de 122 anos do Drácula no texto abaixo:

PUBLICAÇÃO RELACIONADA | Drácula: Dissecando a criatura mais popular da cultura pop 

A minissérie Drácula estreou na Netflix no último sábado (4 de Janeiro) e conta com 3 episódios de pouco mais de uma hora cada um. E por isso esse texto terá uma analogia dividida em 3 partes; uma para cada episódio.

ALERTA DE SPOILER: Se você ainda não assistiu a minissérie, recomendo que leia mesmo assim. Eu provavelmente irei salvar umas 3 horas da sua vida. Sim, a série é ruim e é como um salto de paraquedas mal sucedido.

Episódio 1: O salto

DráculaAssim como um salto de paraquedas, Drácula é uma criatura que inspira medo e ao mesmo tempo curiosidade; a obra de Bram Stoker – que esse ano completa 123 anos – é uma das mais adaptadas para o cinema e TV e para os fãs ávidos por uma nova adaptação, a ansiedade é sempre grande.

O primeiro episódio, A Regra das Trevas (1h29min), começa como a adrenalina inicial do salto de paraquedas. Ao ver as referências ao romance de Bram fiquei extasiado. Temos ali a chegada de Jhonatan Harker (Thomas Hutter) aos Cárpatos e o medo quase palpável do povo local, temos também o cocheiro, a transação imobiliária dos imóveis em Londres, incluindo a Abadia de Carfax, um castelo sombrio e soturno e um Conde Drácula (Claes Bang) que é nitidamente uma homenagem ao Drácula de Christopher Lee; com direito à icônica frase:

Eu não bebo… vinho.

Mas… aos 30min do episódio você descobre que seu paraquedas não abriu.

Temos zumbis, com direito a um bebê zumbi que deixariam a equipe de efeitos especiais de The Walking Dead com vergonha, o professor Abraham Van Helsing aqui é uma freira chamada Agatha Van Helsing (ok, até temos uma série na Netflix de uma Van Helsing e a gente precisa realmente de mais representatividade feminina), mas termos Johnatan Harker como um zumbi-vampiro (WTF!?) e Mina Harker como “A” esnobada, foi triste.

O bom é que podemos pensar: Temos o paraquedas reserva (o segundo episódio).



Episódio 2: A queda

Sangue a Bordo (1h28min) é interessante por nos apresentar um novo olhar da viagem de Drácula para Londres a bordo do navio Deméter, e o assassinato da tripulação.

Com personagens inéditos, o episódio traz uma versão totalmente diferente do romance, porém com um desenvolvimento arrastado. Posso dizer que aqui é “o momento em que aproveitamos a queda-livre para admirar um ângulo que não costumamos ver”, porém ao final do episódio, os diretores nos apresentam o plot twist: você descobre que o seu paraquedas reserva também não abriu.

Assista ao trailer legendado:



Episódio 3: O impacto

Todos os trailers mostrados foram do primeiro episódio, fazendo com que os fãs acreditassem que Drácula desembarcaria numa Londres vitoriana, no século XIX. Mas, a minissérie da parceria formada entre a BBC e Netflix nos apresenta Drácula acordando depois de um sono de 123 anos em uma Londres do século XXI. Ok, a sacada de dar um salto temporal de 123 anos foi inteligente pelo fato de ser exatamente a idade da obra de Bram Stoker, mas infelizmente, nesse momento eu pensei: “MEU DEUS!” E me veio um flashback do esquecível filme Drácula 2000.

Em Bússula Sombria (1h31min) temos uma “tataraneta” da freira Agatha Van Helsing também vivida pela atriz Dolly Wells; descobrimos também que personagens clássicos foram repaginados, com direito a Lucy Westenra (Lydia West) como uma “instagramer” com um amigo gay (lembre-se que Mina foi esnobada pela série) e Drácula no Tinder! Me desculpe Claes Bang, mas para seu “cosplay de Lucifer” ficar bom, tem que chupar muito sangue pra ter o charme do Estrela da Manhã de Tom Elis.

Como descobrimos que o paraquedas reserva não vai mesmo abrir, agora é só curtir a queda… e torcer pra que seja rápida e indolor. Mas nada é como queremos, e temos aí o velório de Lucy ao som de Robbie Williams com a canção “Angel“. SENHOR! Forçaram no quesito ressuscitar os mortos!

Nesse último episódio tudo é corrido, confuso e personagens que deveriam ser importantes são apresentados sem nenhum aprofundamento. É como se a produção tivesse se dado conta de que perderam muito tempo no segundo episódio e que ainda tinham uma história pra contar. Bom, pelo menos a queda está sendo rápida… mas, aí vem o impacto.

No fim, além das diversas bizarrices que transformam a minissérie em um verdadeiro freak show, Drácula não queima ao Sol. Pensei: “Bram, perdoe-os eles não sabem o que fazem“. Temos mais um Blade! Sério, eu rezei com muita força pra ele não brilhar ao Sol.

Resumindo: Steven Moffat e Mark Gatiss fizeram uma reunião com a equipe de produção, e após ler até a 5ª página do romance de Bram Stoker, perguntaram:

Gente, o que está em alta?
E provavelmente a equipe foi respondendo, aleatoriamente, sem entender:

  • The Walking Dead?
  • Lúcifer?
  • Tecnologia?
  • Diversidade?
  • Representatividade?

E então, jogaram o livro no lixo e disseram:

Blz, vamos fazer essa p#%@ do nosso jeito.

Nossa nota



Existem diversas adaptações de livros que são sucesso seja no cinema ou na TV, temos: Jurassic Park, Harry Potter, O Senhor dos Anéis, Game of Thrones e por mais que não sejam adaptações perfeitas e possuam suas liberdades criativas, ainda assim seguem próximas de sua fonte. Mas Drácula da BBC/Netflix é o oposto disso. É como um salto para a morte. E espero que não tenha uma pós-vida. E você, assistiu a minissérie ou não irá assistir?

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