CRÍTICA | Euphoria – S2E8 All My Life, My Heart Has Yearned for a Thing I Cannot Name

    O oitavo e último episódio da segunda temporada de Euphoria na HBO, chamado de All My Life, My Heart Has Yearned for a Thing I Cannot Name é dirigido e escrito pelo criador da série Sam Levinson.

    SINOPSE

    Conforme o espetáculo continua, fragmentos de memórias colidem com o presente e o futuro.

    ANÁLISE DE EUPHORIA S2E8

    Sam Levinson realmente levou Euphoria para um caminho mais sombrio e profundo. Diferente da primeira temporada, onde os arranjos finais mostram uma série orquestrada, a segunda temporada termina em total caos. Ainda que alguns personagens tenham tido um rumo menos agoniante, o resultado final é uma temporada que andou em desacordo na maior parte do tempo. O que necessariamente não é ruim. 

    Mas, vamos ao episodio All My Life, My Heart Has Yearned for a Thing I Cannot Name.  Os acontecimentos na casa de Fezco (Angus Cloud) eram esperados, mas nada havia nos preparado para a sequência assustadora que se desenrola quando Ash (Javon Walson) mata Mouse (Meeko) e a SWAT invade a residência. É verdade que poucas vezes nos atentamos à figura de Fezco, mas conhecemos um pouco mais de sua história no início da temporada, confiamos nele e sabemos de seu amor pela família. Por isso, Fezco não hesita em se acusar pelo irmão adotivo, tentando de todas as maneiras salvá-lo. 

    Mas, não existe muito a ser feito por Fezco, visto que Ash já havia decidido o seu próprio fim. A sequência é extremamente caótica e agoniante, sendo o que exatamente dá o tom desse episódio. Na peça de Lexi (Maude Apatow), temos Cassie (Sydney Sweeney) invadindo o palco e ameaçando a irmã. Cassie chama Lexi de espectadora, alguém que nunca fez nada e apenas julgou os outros. Ela não está errada, mas assistir Lexi dizendo o óbvio para essas personagens tão aquém da própria realidade é realizador. 

    Algumas entendem o aviso, outras não. Maddy (Alexa Demie) entra em cena para confrontar Cassie. A violência de Maddy a Cassie é contida, mas está ali seja no sangue que escorre do nariz da ex-melhor amiga ou nas palavras. Cassie diz que Nate (Jacob Elordi) terminou com ela, ao passo que Maddy profetiza: “não se preocupe, é apenas o começo“. São palavras perturbadoras que mostram que a relação de Cassie e Nate está longe de acabar. 

    Por falar em Nate, após sair da peça no penúltimo episódio, o rapaz procura o pai. Cal (Eric Dane) que agora busca viver a sua própria verdade tem uma conversa franca com o filho; para Nate ele estava protegendo o pai desde dos 11 anos de idade, já Cal assume que errou com o filho. Porém, não tem mais volta, em uma espécie de redenção, Nate entrega o pai para a polícia, provavelmente por pornografia.

    Sendo um dos personagens mais complexos da série, o rumo de Nate é totalmente incerto. 

    O último episódio de Euphoria evidencia o drama dos personagens e mostra o quanto todos estão de certa forma magoados e abalados. Enquanto a temporada inteira correu em diferentes direções, percebemos como esses personagens mesmo juntos estavam afastados uns dos outros. Foi um caminho solitário e trilhado a custos, logo, o arco de Rue (Zendaya) se mostra o mais proveitoso. Depois da longa corrida no quinto episódio, a sua reabilitação parece vir por vontade própria. Em sua visita a Elliot (Dominic Fike), ela fala sobre ter muitos perdões a pedir, mas pouco a dar. Sua sobriedade reflete no vício do amigo, os dois se compreendem, mas entendem que precisam seguir caminhos diferentes. 

    O mesmo acontece entre Rue e Jules (Hunter Schafer). Após a peça, Jules diz que ainda ama Rue, porém, Rue escolhe a si mesma dessa vez. Sua sobriedade não será por Jules, nem sua mãe ou irmã, partirá dela para com ela. É um ato de amor próprio que traz à tona a discussão que tivemos ao longo da série, afinal, até uma pessoa com os problemas de Rue é digna de empatia. No off, quando vai embora, Rue fala sobre ter ficado sóbria aquele ano e como Jules foi seu primeiro amor. A narração de Rue deixa nítido que a personagem está contando do futuro, por isso, várias teorias são possíveis. 

    Já para a peça de Lexi sobram algumas considerações. É fato que Sam Levinson recicla um pouco do seu próprio roteiro da primeira temporada, são cenas que já vimos antes, mas o esforço é válido, pois alguns personagens conseguem realmente se enxergarem, especialmente Rue que percebe que não é uma pessoa ruim. Como dito na análise anterior, a relação de Rue e Lexi é muito importante para ambas e temos um momento genuíno onde elas realmente se apoiam pela perda dos pais  (ainda que possa ser imaginação de Lexi, visto que a cena muda para o fim da peça). 

    Contudo, ainda é incômodo como Euphoria por vezes destoa da realidade, ao manter a estética e o estilo de produção a qualquer custo, algumas coisas apenas não fazem sentido. Como uma peça digna de Broadway em um colégio do ensino médio. Além disso, Levinson é por vezes presunçoso em seu texto, quando Lexi pergunta sobre sua peça a uma assistente, a mesma diz que pelo menos não era chata. Querendo ou não, o diretor e roteirista fez um recap de sua série na própria série e todos aplaudem.

    VEREDITO

    Nesta temporada, alguns personagens ficam pelo caminho, é o caso de Kat (Barbie Ferreira) e Jules, que nessa temporada tiveram menos aprofundamento do que mereciam. Assim como, algumas tramas foram deixadas de lado, a dívida de Rue com Laurie (Martha Kelly) não foi paga e é impossível a traficante não ir atrás de Rue. Pelo visto, serão assuntos para o futuro da série.  

    Mas o saldo total de Euphoria é positivo, visualmente é digna de cinema com uma estética única. Em termos de narrativa, digamos que alguns conflitos são melhores que outros. Ao menos temos uma nova fase para Rue, que pode não durar para sempre, mas é uma esperança para a personagem e uma chama para a terceira temporada da série da HBO.

    Nossa nota

    5,0 / 5,0

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