I May Destroy You é uma série autobiográfica escrita, dirigida e estrelada por Michaela Coel (Chewing Gum). A série é uma co-produção entre a BBC e HBO.
SINOPSE
ANÁLISE
Histórias autobiográficas tendem a serem mais intensas e complexas que algumas obras ficcionais. Isso porque, na medida que nos colocamos na pele dos personagens percebemos o quanto algumas situações só conseguem ser frustrantes. I May Destroy You é esse tipo de história, um total de acontecimentos mostram que a vida tenta por muitas vezes nos quebrar.
Nesse sentido, Michaela Coel é a alma por trás de I May Destroy You. A série se baseia em uma experiência pessoal de Coel na época que protagonizava a sitcom Chewing Gum na Netflix entre 2015 e 2017. No Festival de TV de Edimburgo em 2018, a atriz revelou que após virar a noite escrevendo um episódio de sua sitcom, ela decidiu fazer uma pausa para beber com alguns amigos.
No dia seguinte, Coel contou que se viu finalizando o roteiro do episódio com lapsos de memória da madrugada, ela havia sido drogada e violentada. O primeiro episódio de I May Destroy You segue essa linha; por trás da personagem Arabella, Michaela Coel viu a chance de contar sua história com total liberdade criativa.
Logo, ao mesmo tempo que I May Destroy You consegue uma narrativa totalmente autoral e única, a série também tem seus tons de ficção misturado com um humor ácido. Sendo assim, Coel cria um roteiro dinâmico, inteligente e extremamente profundo à medida que conhecemos mais sobre Arabella e seus amigos.
E aqui, é preciso ressaltar o trio: Michaela Coel, Weruche Opia que interpreta Terry e Paapa Essiedu que atua como Kwame. Os dois melhores amigos de Bella estão tentando ajudá-la a passar pelo trauma, porém, eles próprios acabam se questionando sobre os abusos que sofreram ao longo de suas vidas. É através dessas subtramas que os atores crescem em cena.
São nos olhares meio tímido de Kwame; no jeito extrovertido, mas inseguro de Terry; e no choro escondido de Bella seguido do uso excessivo das redes sociais que o espectador percebe o quanto a série é crua. No sentido de: não existe tamanhas alegorias para expressar os sentimentos reais das pessoas. Cada personagem foi de certa forma destruído, mas ao invés da profunda tristeza, há um “que” de conformismo e superação.
Acima de tudo, I May Destroy You fala sobre um processo de cura. Sem grandes plots ou finais mirabolantes, é sobre como sobreviver em um mundo que continua a te ferir de todas as formas e como fazer comédia sobre isso. Coel como sendo uma das artistas mais completas da nossa geração teve o tato para tratar de assuntos considerados tabu de forma crítica e sem filtros.
VEREDITO
Em 12 episódios, I May Destroy You se consagra como uma das melhores séries de 2020 e certamente é uma forte concorrente para as premiações de 2021.
Assista ao trailer legendado:
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