CRÍTICA – A Vida e a História de Madam C.J. Walker (2020, Netflix)

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CRÍTICA - A Vida e a História de Madam C.J. Walker (2020, Netflix)

Madam C.J. Walker é uma das figuras mais impressionantes da história dos Estados Unidos. Filha de pais recém libertos da escravidão, Sarah Breedlove teve que lutar muito e se superar todos os dias para se tornar a primeira milionária negra dos Estados Unidos. A sua trajetória é retratada na nova minissérie da Netflix que chega ao serviços de streaming no dia 20 de Março.

Com o título original de Self Made (algo como Feito Por Si Mesmo, em português), a nova minissérie da Netflix já mostra de cara a que veio: contar a história da primeira mulher negra que se tornou milionária dependendo única e exclusivamente de sua própria motivação.

Sarah Breedlove pode ser um nome pouco conhecido para a maioria das pessoas, mas o legado da Madam C.J. Walker é difícil de ignorar.

CRÍTICA - A Vida e a História de Madam C.J. Walker (2020, Netflix)
Sarah Breedlove e a logo de sua empresa.

Estando até hoje no livro dos recordes como a primeira mulher negra a chegar ao primeiro milhão por conta própria, Madam C.J. Walker foi uma mente à frente de seu tempo, trazendo os conceitos do empoderamento e empreendedorismo feminino à uma época em que mulheres não podiam nem ao menos dividir o mesmo espaço que os homens.

Criada por Elle Johnson e Janine Sherman Barrois, A Vida e a História de Madam C.J. Walker é composta por quatro episódios e traz a oscarizada Octavia Spencer no papel de Sarah e Tiffany Haddish interpretando sua filha, Lelia.

Os acontecimentos do seriado tem como base a biografia escrita pela bisneta de Sarah Breedlove e retratam os altos e baixos da vida da empreendedora em um recorte histórico que vai da emancipação negra nos Estados Unidos (1863) até a sua morte (1919).

Por se tratar de uma minissérie de quatro episódios (com média de 48 minutos cada), não há espaço para contar toda a história da empreendedora nos mínimos detalhes, o que acarreta em saltos temporais expressivos entre um episódio e outro.

Com um tom otimista – mesmo com todas as dificuldades – A Vida e a História de Madam C.J. Walker traz uma mensagem positiva e de empoderamento, mostrando a trajetória de Sarah em uma época onde as mulheres não tinham voz.

O primeiro episódio, que deveria ser o mais sólido, é um dos mais problemáticos em relação a montagem e narrativa. A história de Sarah Breedlove como lavadeira e os problemas com seu primeiro marido são apresentados rapidamente, tratando de logo colocar Sarah no caminho de Addie Munroe (Carmen Ejogo), sua arqui-inimiga, por assim dizer. É a partir da relação das duas que Sarah desenvolve seu primeiro produto capilar e passa a investir em sua própria empresa de produtos capilares.

CRÍTICA - A Vida e a História de Madam C.J. Walker (2020, Netflix)

Os dois episódios seguintes, mesmo com os saltos temporais, conseguem colocar em um ritmo interessante os acontecimentos da vida de Sarah, nos deixando cada vez mais interessados no que ainda está por vir. É quando estamos no ápice de nosso interesse que a minissérie, infelizmente, termina, nos deixando com um sentimento agridoce de interesse e insatisfação.

Devido ao tempo reduzido da minissérie, fica um pouco complicado nos conectarmos com os personagens secundários. Mesmo a personagem de Tiffany Haddish tendo um dramatização interessante – e que poderia ser melhor explorada – falta um aprofundamento maior para que possamos, de fato, criarmos uma empatia maior com a personagem. O mesmo pode ser aplicado ao marido de Sarah, o senhor C.J. Walker (Blair Underwood). Com tão pouco tempo de seriado e tantos personagens inseridos, fica complicado desenvolver satisfatoriamente todos eles.

Sarah (Octavia Spencer), Lelia (Tiffany Haddish) e C.J. Walker (Blair Underwood).

Octavia Spencer faz uma atuação esplêndida – como sempre. Além de ter a oportunidade de interpretar um ícone admirável, a atriz cresce nos momentos em que o roteiro lhe permite ousar. Como já citado, os poucos episódios e a curta duração impedem que a atriz entregue ainda mais – algo que ela pode e já fez inúmeras outras vezes.

Seria extremamente interessante ver como uma mulher que ficou órfã aos 7 anos conseguiu se manter até os 14, sair de uma plantação de algodão e ganhar o mundo com seus produtos de beleza. Essa parte da história de Sarah nos é negada em A Vida e a História de Madam C.J. Walker e faz uma grande diferença para entendermos tudo o que a primeira mulher negra milionária nos Estados Unidos teve que enfrentar para chegar onde chegou.

Apesar dos embates travados por Sarah com alguns homens poderosos ao longo da minissérie, seria interessante vermos, também, o quão presente ela foi na luta pela emancipação das mulheres negras. O quanto ela mudou a vida de outras pessoas investindo em universidades para pessoas negras, incentivando a cultura e oportunidades para a comunidade.

A Vida e a História de Madam C.J. Walker é uma dose limitada de uma história interessante, emocionante e que poderia nos render muito, muito mais. Fica a vontade de conhecer mais sobre a história de Sarah, sua filha e o legado da marca nos Estados Unidos ao longo das décadas.

Nossa nota

Assista ao trailer legendado:

A Vida e a História de Madam C.J. Walker estará disponível amanhã (20) no catálogo da Netflix. Após assistir, lembre-se de deixar sua avaliação e seus comentários!

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