CRÍTICA – O Silo (1ª temporada, 2023, Apple TV+)

    O Silo, série da Apple TV+ é baseado em uma série de livros de ficção científica de Hugh Howey. Lançada em 2023, a série é estrelada por Rebecca Ferguson, Rashida Jones, Tim Robbins, David Oyelowo e grande elenco, somos encaminhados por um mundo futurista tóxico, que conta a história de indivíduos que habitam um silo subterrâneo. Em uma sociedade repleta de regulamentos e normas, um grupo questiona o status quo e está destinado a pagar um preço por isso.

    SINOPSE

    A série Silo foi lançada em maio de 2023 no serviço Apple TV+ e é baseada na trilogia de livros do autor norte-americano Hugh Howey. Ambientada em um mundo pós apocalíptico, a série acompanha a vida de 10 mil pessoas sobreviventes da Terra, após um evento catastrófico que poluiu o ar e o solo. Presos nesse local, jamais poderão sair. Os únicos que saem do Silo são os criminosos ou aquele que pedem. Mas, isso não acontece com tanta frequência, até Allison, esposa do Xerife Holston pedir para sair. A partir daí, a vida pacata do Silo muda drasticamente. Mortes repentinas acontecem e segredos muito bem enterrados ameaçam vir à tona. Cabe ao Xerife aprender a lidar com o luto enquanto investiga os últimos acontecimentos do Silo, principalmente os segredos guardados por Juliette.

    ANÁLISE

    O Silo

    Com uma segunda temporada já confirmada, Silo acaba sendo uma adaptação acima da obra original. A série conserta questões problemáticas do livro como dinamismo, lentidão de desenvolvimento e até os personagens. Graham Yost, criador do show, entendeu claramente o que deveria fazer para tornar Silo especial. Para começar, ele pega as páginas e mais páginas do livro que descrevem o local e o transforma num personagem. Mais do que um cenário atraente e com visual atual, o Silo precisa contar sua própria história sem a necessidade de muitas explicações. Com esse primeiro obstáculos fora do caminho, fica simples a missão de consertar os outros problemas do livro e focar o olhar do espectador naquilo que realmente importa: a trama.

    Por se tratar de uma trama complexa, com muitas conexões, nomes e reviravoltas, o ideal aqui é manter uma linha de narrativa bem objetiva e saber quando e como começar e encerrar arcos a fim de manter a atenção da audiência. Algo que os roteiristas da série souberam trabalhar de forma eficaz.

    No primeiro episódio acompanhamos o Xerife Holston (David Oyelowo) e sua esposa Allison (Rashida Jones) que estão tentando engravidar. É através desses dois personagens que o espectador começa a se ambientar à série e também as regras da vida no Silo. Por ter limite populacional, apenas pessoas sorteadas têm o privilégio de se tornarem pais e precisam realizar o feito em 1 ano. Sem sucesso e perto do final do prazo, Allison começa a se perguntar se existe outro motivo para não conseguir engravidar e o que ela descobre é responsável por desencadear os eventos restantes de Silo, culminando na Juliette se tornando Xerife no lugar de Holston.

    O Silo

    São escolhas como essa e outras que vemos no decorrer dessa temporada que mostra a diferença que uma construção inteligente e objetiva contribui para a narrativa que no livro é falha e aqui na série funciona bem melhor. Hora por ser um meio diferente de desenvolver a história, hora porque o próprio autor não soube identificar o que realmente seria essencial ou não. Agora, o último obstáculo enfrentado por Graham Yost é sem dúvidas o mais preocupante na obra original: os personagens.

    Howey soube criar um mundo pós-apocalíptico instigante, porém, em contrapartida, não é tão bom na hora de desenvolver seus personagens, em especial os femininos. O autor mantém apenas uma única mulher relevante no primeiro volume da trilogia, a Jules. Os demais personagens são todos homens. Jules só tem homens como amigos, confidentes, superiores, adversários ou para relações amorosas. Todas as mulheres têm pouco espaço no livro e quando surgem, são estereotipadas e descartadas rapidamente. A própria Jules é estereotipada.

    O autor deve ter achado mais fácil colocá-la na função de mecânica, pois assim, conseguiria descrevê-la de um jeito masculinizado dada a sua profissão. Pelo menos para a série, Graham Yost não apenas corrigiu esse erro como criou um elenco mais diversificado e plural, o que torna a série mais interessante. Outro ponto é que alguns personagens que no livro eram superficiais, na série ganharam peso e importância que deixou a trama ainda melhor e coesa.

    No todo, essa foi a mudança mais acertada em Silo, pois os traumas dos personagens, as suas questões, experiências e escolhas tem importância para a história por quem eles são e com quem eles se relacionam. Limitar as ações devido ao sexo biológico é tornar a própria história limitada. Ao optar por criar uma população mais diversa, fica mais fácil para o público criar identificação com os personagens e deixar a questão pós apocalíptica com aspecto de casual como deve ser. Afinal, não é possível afirmar que apenas um grupo específico de pessoas vai sobreviver a eventos climáticos dessa magnitude.

    Aliás, o elenco de Silo está repleto de nomes de peso como a própria Rebecca Ferguson, produtora do show, além de Tim Robbins, Rashida Jones, Common, Harriet Walter e Iain Glen, para citar alguns.

    VEREDITO

    Por fim, Silo é uma ótima pedida para aqueles que curtem séries sci-fi como The 100 ou The Invasion e um bom mistério. A série encerra sua primeira temporada com 10 episódios e um gancho vital para atiçar ainda mais a curiosidade do público. Ainda não tem data de estreia para a segunda temporada.

    Nossa nota

    4,0 / 5,0

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