CRÍTICA – Paper Girls (1ª temporada, 2022, Prime Video)

    Paper Girls é a nova produção original da Prime Video. Baseada nos quadrinhos homônimos criados por Brian K. Vaughan e desenhados por Cliff Chiang, a série é produzida pela Amazon Studios e a Legendary Television.

    O seriado está disponível no Prime Video e você pode conferir abaixo a nossa crítica.

    SINOPSE DE PAPER GIRLS

    Nas primeiras horas da manhã após o Halloween de 1988, quatro entregadoras de jornal – Erin (Riley Lai Nelet), Mac (Sofia Rosinsky), Tiffany (Camryn Jones) e KJ (Fina Strazza) – estão em sua rota de entrega quando são pegas no fogo cruzado entre viajantes do tempo em guerra, mudando o curso de suas vidas para sempre.

    Transportadas para o futuro, essas garotas devem descobrir uma maneira de voltar para casa no passado, uma jornada que as colocará cara a cara com as versões adultas de si mesmas. Enquanto entendem que seus futuros são muito diferentes do que seus eus de 12 anos imaginavam, elas estão sendo caçadas por uma facção de viajantes do tempo conhecida como Old Watch, que proibiu as viagens no tempo para que possam se perpetuar no poder.

    Para sobreviver, as meninas precisarão superar suas diferenças e aprender a confiar umas nas outras e em si mesmas.

    ANÁLISE

    Os quadrinhos de Paper Girls, publicados no Brasil pela editora Devir, possuem uma trama instigante e muito divertida. Entretanto, é necessário ler, pelo menos, três volumes para entender satisfatoriamente todas as nuances da história, a importância dos gadgets apresentados, a interferência das instituições (que estão no poder) nas viagens no tempo e tantas outras coisas que você só descobre após algum tempo de leitura.

    A primeira temporada de Paper Girls, portanto, possui um desafio e tanto em mãos: explicar em 8 episódios todo o contexto das viagens no tempo, a guerra entre o Old Watch e qualquer pessoa que ouse sair da sua linha temporal, apresentar o background de cada personagem e ainda construir a trama de forma que faça sentido.

    É sabido que nem tudo o que é feito nos quadrinhos funciona quando adaptado para as telas. Da mesma forma que um conteúdo por escrito possui espaço para ousar e trazer detalhes das situações, os seriados e filmes acabam, por vezes, tendo que omitir informações dentro da quantidade de horas disponíveis para a adaptação.

    Portanto, a primeira temporada de Paper Girls utiliza alguns arcos específicos dos quadrinhos, mas toma liberdade para criar seu próprio desenvolvimento dos fatos. Mantendo acontecimentos e conceitos base da história original, Stephany Folsom diminui a quantidade de elementos de sci-fi da trama e aposta mais no relacionamento entre as personagens principais.

    As mudanças, que podem ter a ver com o orçamento da série, são bem significativas, principalmente da metade para o final da temporada. Entretanto, as personagens estão muito bem caracterizadas e extremamente fiéis aos quadrinhos.

    Riley Lai Nelet, Sofia Rosinsky, Camryn Jones e Fina Strazza são, visualmente, muito parecidas com os desenhos de Cliff Chiang, o que é algo muito legal de ver em tela. Apesar da personalidade das personagens sofrerem certas mudanças na versão do Prime Video, com diversos pequenos acontecimentos dos quadrinhos sendo redirecionados para membros diferentes do grupo, a conexão entre elas ainda funciona muito bem, principalmente quando explorado o quão diversa é a cultura de cada uma delas.

    Mesmo pesando em alguns momentos dramáticos, o seriado de Paper Girls é muito efetivo em retratar o relacionamento das meninas, e essa é a melhor parte da produção. Por se tratar de uma narrativa coming-of-age, é muito prazeroso acompanhar o desenvolvimento de todas elas e a forma como se unem em prol de um objetivo em comum.

    Entretanto, mesmo com a ótima caracterização das atrizes principais, falta para Paper Girls um apelo maior com o design de produção e direção de arte. Stranger Things é uma febre não só pelo ótimo elenco infantil e história, mas também pelo trabalho de recriar os anos 1980 nos mínimos detalhes, trazendo também elementos visuais interessantes nas ameaças vindas do Upside Down. É uma produção que realmente enche os olhos e surpreende pela qualidade não só de atuação, como também de produção.

    Talvez em uma segunda temporada, com mais garantia de sucesso, a série possa receber um budget maior e ousar nos elementos visuais. Tales From The Loop, uma ótima série original do Prime Video, tem um apelo visual belíssimo e grande sofisticação em seus episódios. Esse nível técnico é algo que eu gostaria de ver num possível próximo ano de Paper Girls.

    Sobre os personagens secundários, todos parecem necessitar de mais substância. As mudanças feitas nas versões adultas das personagens, além da adição de Larry (Nate Corddry), não fazem jus à história disponível nos quadrinhos e tornam a trama criada por Folsom bem arrastada. Jason Mantzoukas, que faz parte do elenco interpretando o Grande Pai, não complementa em nada o elenco principal, fazendo participações tão esquecíveis que eu quase esqueci dele nessa crítica aqui.

    VEREDITO

    Com um elenco excelente e um bom desenvolvimento de suas personagens principais, Paper Girls se destaca por seus talentos mais do que pelos acontecimentos da trama. Contudo, a primeira temporada traz um bom entretenimento e possui potencial para criar um segundo ano mais divertido e interessante.

    Nossa nota

    3,9/5,0

    Assista ao trailer:

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