CRÍTICA – Nossa Bandeira é a Morte (1ª temporada, 2022, HBO Max)

    Nossa Bandeira é a Morte (Our Flag Means Death) é uma série de comédia e aventura da HBO Max criada e roteirizada por David Jenkins. Na produção da série está Taika Waititi, que também dirige alguns episódios e faz parte do elenco junto com Rhys Darby, Ewen Bremner, Joel Fry, Samson Kayo, Vico Ortiz e muitos outros.  

    SINOPSE

    Stede Bonnet (Rhys Darby), conhecido como o “pirata cavalheiro” nasceu em uma rica família inglesa na ilha de Barbados durante a colonização britânica. Depois de herdar a fortuna dos pais, ele decide que quer se aventurar pelo mundo do crime e juntar uma tripulação de piratas para explorar o oceano e roubar quem encontrassem pela frente. Porém, sem nenhuma experiência em navegação, Bonnet percebe que sua tarefa como capitão não será nada fácil, especialmente quando ele fica cara a cara com um dos maiores piratas de todos os tempos: o Barba Negra (Taika Waititi).

    ANÁLISE

    Histórias sobre piratas sanguinolentos e destemidos sempre encheram nossas imaginações, por isso, quando uma série se compromete em subverter o gênero e criar uma sátira sobre pirataria é preciso prestar atenção. É o caso de Nossa Bandeira é a Morte, essa comédia com piratas excêntricos vivendo aventuras em alto mar, carrega um humor escrachado. Mas, também sabe ser dramático quando precisa. 

    Sendo uma figura lembrada na história da pirataria é inusitado que não tenha existido antes uma produção com o Pirata Cavalheiro como protagonista. Stede Bonnet realmente existiu, em 1717, o aristocrata de 28 anos abandonou a esposa e os filhos para se tornar (com nenhuma noção) um pirata. Assim, como é apresentado nos primeiros episódios da série, sua tripulação não o respeitava e não o via como um Capitão. Para uma maior surpresa, o Pirata Cavalheiro realmente encontrou o Barba Negra e os dois navegaram juntos. 

    É uma história e tanto, que através do roteiro de David Jenkins e a produção reverberante de Taika Waititi ganha vida. Em um primeiro momento, assistir Rhys Darby como Stede Bonnet parece uma daquelas piadas idiotas já prontas. Bonnet quer ser um pirata, mas não abre mão de seu closet cheio de roupas, de seus livros e sua lareira. Logo, ele traz sua vida chique a bordo de seu navio Revenge.

    Para mais, ele também paga seus funcionários, lê histórias para eles dormirem e tem uma grande intolerância a violência. É tudo estranho demais para ser verdade e sua própria tribulação parece, por vezes, não acreditar. Mas, Nossa Bandeira é a Morte é especialmente sobre a jornada de Bonnet em um auto conhecimento. Quem ele foi, quem ele gostaria de ser e quem de fato ele é. Por isso é tão fácil se apegar a esse personagem com ares bobo e ingênuo, que deseja encontrar sua felicidade e para isso percorre um caminho surpreendente. Ajuda muito que Rhys Darby seja um excelente ator de comédia, também sabendo trazer dramaticidade a seu personagem na medida certa. 

    Mas, de fato, é a partir do quarto episódio quando o espectador já se acostuma com o jeito paspalhão de Stede Bonnet e com as situações comicamente idiotas que Nossa Bandeira é a Morte cresce em narrativa. A tripulação se junta ao famoso e imperdoável Barba Negra, que está a beira de uma crise em relação a sua profissão. 

    Barba Negra ou Edward “Ed” Teach quer se aposentar da vida de pirata e viver na alta sociedade, enquanto Bonnet deseja se tornar um pirata de verdade. Taika Waititi acrescenta aqui uma atuação imponente ao seu personagem, mas que sabe ser comedida nos momentos de fragilidade e dúvida de Teach. Assim, os dois pretendem aprender um com o outro. Mas, logo uma relação mais íntima começa a surgir e disso nasce um romance fofo e meigo. 

    Nesse sentido, é a relação entre Bonnet e Teach que alavanca a série, a dinâmica entre Darby e Waititi é espantosa e cria os melhores momentos da produção. É evidente também que o humor de Taika Waititi traga para Nossa Bandeira é a Morte um charme a parte, não chega a ser tão nonsense quanto sua produção de comédia What We Do In The Shadows, mas é igualmente divertida. 

    Elenco e produção

    Além dos personagens principais é importante destacar também a tripulação do Revenge. Com um ótimo elenco de comédia, cada personagem consegue se destacar muito bem em suas excentricidades e enredos, embora alguns tenham mais destaques. É o caso de Oluwande (Samson Kayo), um pirata mais centrado e Jim (Vico Ortiz), um tripulante com um grande segredo, que tem seu romance explorado ao longo dos episódios. 

    Também sobra espaço para Lúcio (Nathan Foad), o escrivão de Bonnet, um dos melhores personagens que sem dúvida rouba a cena em muitos momentos, e outras participações incríveis, como Leslie Jones vivendo Spanish Jackie, uma temida pirata com 19 maridos. 

    Já em questões técnicas, a produção apresenta uma figuração impressionante que através das cores e tons busca mostrar como aqueles personagens estão se sentindo no momento. A ambientação foca mais nas cenas no navio ou quando em terra, em florestas e casas para não precisar criar grandes cenários que reflitam o século XVIII. 

    Chama atenção que a série tenha uma diversidade de personagens LGBTQIA+ criando base para debater temas como homofobia e masculinidade tóxica. Além disso, temas como racismo e machismo também aparecem entre as pautas dessa surpreendente série. Ter produções que se dão conta da comunidade LGBTQIA+ em diferentes narrativas, como em uma série de piratas, é importante para criar identificação e de certa forma criam também um “quentinho” no coração. 

    VEREDITO

    Nossa Bandeira é a Morte surpreende por trazer novas roupagens ao gênero de pirata. Com um elenco diverso e extremamente divertido consegue ser emocionante e cômica. Uma série para relaxar e curtir, mas também para ter grandes insights sobre temas importantes.

    Nossa nota

    5,0 / 5,0

    Assista ao trailer:

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