CRÍTICA – Utopia (1ª temporada, 2020, Amazon Prime Video)

    Utopia é uma produção da Amazon Prime Video e chega ao catálogo no dia 30 de outubro. A série é uma criação de Gillian Flynn (Objetos Cortantes) sendo derivada da série original britânica de Dennis Kelly (The Third Day), de 2013. No elenco temos John Cusack, Sasha Lane, Rainn Wilson, Ashleigh LaThrop, Dan Byrd, Desmin Borges e outros.

    SINOPSE

    O grupo de amigos online composto por Ian (Dan Byrd), Becky (Ashleigh LaThrop), Samantha (Jessica Rothe), Wilson (Desmin Borges) e Grant (Javon “Wanna” Walton) se encontram pela primeira vez após a notícia do surgimento da última edição da graphic novel de Utopia.

    Determinados a descobrir os mistérios que rondam Utopia para salvar o mundo de perigosas doenças. Porém, a situação se agrava quando o grupo descobre que a personagem principal de Utopia, Jessica Hyde (Sasha Lane) é real e precisa da ajuda deles.

    ANÁLISE

    Stay alive, Jessica Hyde. A mais nova série da Amazon Prime Video é uma grande sacada para os tempos atuais, porém falta carisma. Utopia é um remake de uma série britânica de mesmo nome criada por Dennis Kelly que durou somente duas temporadas. Apesar de ser amplamente elogiada, a série de Kelly não teve o devido conhecimento.

    Contudo, uma trama cheia de conspirações com sensação de fim do mundo não é de se jogar fora. A série então ganhou um novo começo nas mãos da escritora Gillian Flynn que detém no currículo os livros Objetos Cortantes (adaptada para uma série da HBO em 2019) e Garota Exemplar (adaptada para filme em 2014). Logo, os direitos de produção ganharam um embate entre HBO e a Amazon Prime Video, que levou a melhor.

    Sendo assim, é justo perguntar: o que fez Utopia ganhar um remake quando há muitas outras histórias a serem contadas?

    O fato é que Utopia é uma ótima história original para ser assistida durante uma pandemia. Sendo a maior de todas as conspirações, já que a trama se baseia em uma saga de HQ que em suas entrelinhas conta como o mundo ira acabar.

    Em Utopia, Ian, Becky, Wilson, Sam e Grant são amigos online que tentam decifrar os mistérios das HQs. Em todas as edições pistas de novos vírus globais são encontrados mesmo antes do surgimento da doença, é como se o autor estivesse prevendo a situação. Porém, para o grupo de amigos, a HQ é um alerta a população que deve ser seguido.

    A história segue com o grupo descobrindo que a personagem principal de Utopia, Jessica Hyde é real e está sendo caçada pela mesma organização ficcional, a Colheita comandada por Sr. Coelho. De uma hora para outra, tudo nas páginas de Utopia está realmente acontecendo.

    A série então embarca em uma grande teoria da conspiração. Na HQ de Utopia, o pai de Jessica era um grande cientista que foi sequestrado pelo Sr. Coelho para criar vários vírus que poderiam controlar ou exterminar o mundo e afim de salvar o pai, Jessica trilha uma jornada atrás do vilão.

    No mundo real da série Jessica tem o mesmo objetivo, porém, a personagem é praticamente um contraponto ao ingênuo grupo de amigos. Jessica é uma espécie de anti-herói matando qualquer um que for um empecilho a ela e por isso, é uma personagem forte e que não pede para ser admirada. Ao contrário de Ian, Becky e Wilson que após suas apresentações na trama são extremamente esquecíveis sendo somente uma ligação fraca do público para com a trama.

    Em desenvolvimento com o arco de Jessica, a série mostra uma epidemia surgindo nos Estados Unidos. Após ser acusado de adoecer crianças com os seus produtos farmacêuticos, o Dr. Kevin Christie (John Cusake) vai em busca do virologista Michael Stearns (Rainn Wilson) para achar a cura.

    A série segue essas duas narrativas que parecem ter pouco em comum, mas que ao longo dos episódios se revela um grande plot twist.

    CUIDADO SPOILERS:

    Nesse sentido, Christie é um personagem extremamente impactante na série que ao ser revelado como Sr. Coelho tem um comportamento típico do vilão frio e calculista. Seu desenvolvimento ao longo de Utopia vai de homem altruísta a um fanático que acredita que a única maneira de salvar a humanidade do colapso populacional é esterilizando todos sem consentimento.

    Apesar de a premissa de salvar o mundo evitando a natalidade seja algo já batido, Utopia soube como introduzir aos poucos o plot twist deixando o espectador reflexivo se realmente não é a melhor opção.

    FIM DOS SPOILERS.

    Até aqui, o cientista Michael se consagrada como o personagem mais carismático de toda a série sendo talvez o único pelo qual de fato há uma torcida por parte do público.

    O que você fez hoje para ganhar o seu lugar nesse mundo lotado de pessoas?

    Utopia escolheu um ano bastante interessante para ser lançada. Em plena pandemia poderia ser até proposital uma série que fala sobre a destruição do mundo através de um vírus iminente, se não fosse pelo aviso de ficção sem comprometimento com a realidade no início de cada episódio.

    Dessa forma, Utopia está em seu ambiente natural com toques de ficção tem em mente fazer o público se questionar sobre o ramo farmacêutico e as instituições governamentais. Claro que tudo de uma forma extremamente conspiracionista, mas que nos deixa com “a pulga atrás da orelha”.

    Além disso, a trama também trata sobre a massificação dos veículos de imprensa que em muitos casos são manipulados para alastrarem mais ainda o caos. Nessa medida, algumas cenas de Utopia são vistas através de gravações de celulares dando a sensação de que o mundo inteiro está vendo também. Logo, mesmo que a globalização não se faça presente em Utopia, ela é evidente no arco da epidemia.

    Sendo assim, o plot twist sobre os vírus serem reais e estarem em Utopia ultrapassa a própria descoberta da HQ e se torna ainda mais interessante. Já que atualmente existe uma discussão sobre a superpopulação humana e como iremos enfrentar esse colapso ecológico/social quando não houver mais recursos na Terra.

    É por isso que a pergunta que Christie faz desde o primeiro episódio, reverterá ao longo da série inteira:

    “O que você fez hoje para ganhar o seu lugar nesse mundo lotado de pessoas?”

    Não se trata em como controlar a população mundial, mas o que é feito no dia a dia para se merecer um lugar no mundo. Dessa forma, em sua primeira temporada Utopia opta por deixar em aberto se o fim realmente justifica os meios.

    VEREDITO

    Utopia não é a melhor criação de Gillian Flynn, mas a autora sabe como ninguém criar um bom suspense. Já que o final de temporada deixou vários mistérios e os paradeiros dos personagens sem explicação.

    A trama tem um espírito original e juvenil, porém se há uma série que pode dar certo sem personagens muito carismáticos é Utopia.

    A produção adota uma direção segura com liberdade criativa para fazer a própria HQ de Utopia se tornar uma bela animação em um episódio permitindo outro estilo de narrativa, o que é sempre bem vindo. Sendo assim, é uma série bem construída que aposta na sua própria dinâmica.

    Nossa nota

    3,5 / 5,0

    Assista ao trailer legendado da mais nova série da Amazon Prime Video:

    Lembre-se, a série estreia no catálogo da Amazon Prime Video no dia 30 de Outubro. Lembre-se de voltar aqui na crítica para deixar seus comentários sobre Utopia!



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