O ano era 1976 quando Rocky: Um Lutador estreou nos Estados Unidos e apresentou a história de um boxeador fracassado do subúrbio violento da Filadélfia que só precisava de uma oportunidade para mostrar o seu valor.
Com a direção do norte-americano John G. Avildsen (Karatê Kid – A Hora da Verdade) a produção revelou para o mundo o astro Sylvester Stallone. Além disso, o filme também foi a realização do desejo do ator em contar uma história inspiradora.
Na trama, Rocky Balboa (Sylvester Stallone), um pugilista medíocre que trabalha como “cobrador” de um agiota, é arbitrariamente escolhido para lutar contra o campeão mundial dos pesos-pesados, Apollo Creed (Carl Weathers), que teve a ideia de dar oportunidade a um desconhecido como um golpe publicitário. Mas Rocky decide treinar de modo intensivo, sonhando apenas em terminar a luta sem ter sido nocauteado pelo campeão.
Além de conquistar US $ 225 milhões nas bilheterias, o longa recebeu dez indicações no Oscar de 1977, vencendo na categoria de Melhor Diretor, Melhor Montagem e Melhor Filme (desbancando Taxi Driver, de Martin Scorsese).
Após o sucesso do primeiro longa, a saga do “Garanhão Italiano” ganhou cinco sequências, porém nenhuma delas conseguiu atingir o mesmo nível de excelência presente em Rocky I. Recentemente, a série ganhou um spin-off, Creed, ajudando a expandir ainda mais a franquia.
ANTES DE ROCKY I
Quem vê o astro de Hollywood que Sylvester Stallone se tornou não imagina as dificuldades pelas quais ele passou quando decidiu ser ator.
Rejeitado por todas as agências de Nova Iorque por causa de um problema no queixo, o qual faz com que fale estranho, Stallone percebeu que ninguém iria lhe oferecer papéis importantes em nenhuma produção, então ele resolveu começar escrever roteiros para conseguir empregos.
No início, seus textos eram bem ruins, mas após praticar muito, a sua escrita foi melhorando. Nessa época, seu único e melhor amigo era o Butkus, um cão da raça bullmastiff, com quem dividia um quartinho perto do metrô.
Porém, em um dos momentos mais complicados, no qual não conseguia nem alimentar o próprio cachorro, com medo de fazê-lo passar fome, ele decidiu vender o animal por 40 dólares.
Após ter feito isso, na pior fase da sua vida, Stallone assistiu a uma luta que mudaria tudo.
INSPIRAÇÃO PARA ESCREVER O ROTEIRO
Chuck Wepner vs Muhammad Ali em 24 de março de 1975, no coliseu de Richfield, Ohio. Essa foi a luta que inspirou Sylvester Stallone e em três dias o primeiro roteiro de Rocky I ficou pronto.
Wepner era considerado um talento moderado, mas ninguém pensava que ele tivesse alguma chance contra Ali. Quanto mais a luta avançava, mais chocadas as pessoas ficavam. Chuck Wepner perdeu, mas somente no décimo quinto e último round, faltando 19 segundos para o fim.
Stallone ficou impressionado com a resistência e a determinação do boxeador, o qual lhe serviu de inspiração.
Com o roteiro pronto, era hora de procurar pessoas interessadas.
COMEÇO DA EPOPEIA
Foi durante um teste que Stallone estava fazendo para atuar em um filme que ele finalmente encontrou a oportunidade de mostrar o roteiro para alguns produtores.
No entanto, essa fase também não foi fácil. Os produtores gostaram da história, fizeram algumas ofertas a Sylvester Stallone, até de US $ 350.000 mas ele não aceitou – mesmo tendo apenas US $ 160 no banco –, pois queria ser o protagonista do longa e os produtores não aceitavam por o ator ser desconhecido. Engravatados de Hollywood enxergavam nomes mais famosos como Robert Redford, Ryan O’Neal, Burt Reynolds e James Caan para o trabalho.
Após muita insistência, o estúdio aceitou, mas sob algumas condições: ele receberia US $ 35.000 pelo roteiro e pela atuação, e o filme teria que custar menos de 1 milhão de dólares – o que é muito pouco para qualquer produção em Hollywood – mesmo assim o ator topou.
Mas, antes de começar filmar, ele pagou US $ 15.000 para ter Butkus de volta.
PRODUÇÃO COMPLICADA
Grandes clássicos do cinema tiveram problemas durante as filmagens, (Apocalypse Now que o diga). Rocky I também não teve uma produção fácil, principalmente por causa do curto orçamento.
Isso exigiu total compreensão tanto da equipe como do elenco. Por exemplo, as roupas que a gente vê no filme são dos próprios atores.
A maioria das cenas do protagonista correndo pela Filadélfia foi filmada em um “esquema de guerrilha”, sem autorizações e sem equipamento.
A cena em que Rocky corre com um barco ancorado como pano de fundo surgiu quando o diretor viu a embarcação e pediu para que o ator saísse da van na qual estavam e corresse ao longo do cais enquanto ele filmava da porta lateral.
Takes como esse surgiram a partir da necessidade de mostrar o treinamento do personagem, já que a academia que servia como cenário não tinha os equipamentos necessários para mostrar o personagem fazendo boas sequências de exercícios.
Rocky: Um Lutador também foi responsável pela popularização da steadicam (câmera que dá uma sensação de flutuação). Foi essa técnica revolucionária que usaram para fazer a clássica cena da escadaria.
A LUTA
A luta entre Rocky Balboa e Apollo Creed é o grande ápice da película, porém fazê-la também deu muito trabalho.
Avildsen queria que a luta fosse o mais realista possível. No primeiro dia as coisas não deram muito certo, o embate estava muito encenado e pouco energético. Com isso, o diretor pediu para o próprio Stallone roteirizar a luta. No dia seguinte ele voltou com 30 páginas de socos, esquivas e quedas. Com o texto pronto, os atores ensaiaram por mais de 35 horas.
E valeu muito a pena, pois a luta ficou marcada como uma das melhores já vistas na sétima arte.
A TRILHA SONORA
Um dos principais motivos pelos quais as pessoas são apaixonadas pela franquia é, sem sombra de dúvidas, a excepcional trilha sonora. Bill Conti foi o responsável pelo tema musical mais famoso quando se fala em Rocky Balboa.
Gonna Fly Now é uma composição que carrega consigo o poder de motivar qualquer ser humano não importa a situação. É um dos maiores clássicos da série ao lado de Eye of Tiger.
Rocky: Um Lutador marcou gerações e continua inspirando muitas pessoas atualmente, seja pela mensagem que o texto passa sobre como nem sempre perder significa que não atingimos um objetivo ou pelas diversas lições de vida e reflexões presentes no roteiro.
Além disso, o fato de a história ser sobre um cara qualquer e de não ser uma série sobre vitórias – para Balboa tentar é mais importante do que vencer –, aumenta ainda mais a identificação do público com o personagem.
O próprio ator já chegou a dizer que Rocky: Um Lutador é uma biografia do Sylvester Stallone, e quem conhece a trajetória desse artista sabe como a vida de ambos foi repleta de barreiras e dificuldades, então não é difícil pensar dessa forma.
O que torna a trama ainda mais interessante é o amor de Rocky e Adrian (Talia Shire), duas pessoas deslocadas do mundo que se completam e decidem ficar juntos.
O filme ainda levanta discussões sobre comportamento abusivo e machismo ao explorar a relação da namorada do protagonista com o irmão Paulie (Burt Young).
Confira o trailer legendado:
E aí, curtiu a recomendação? Gostou de saber mais sobre a produção de Rocky: Um Lutador? Então corre para assistir e prestigiar esse clássico. Não se esqueça de deixar a sua avaliação e dar dicas de filmes que você gostaria de ver a gente abordando em nossas quintas-feiras.
Confira também as indicações anteriores da campanha TBT do Feededigno!